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Setor de hospitais está na mira de Carlyle, KKR e Advent

Empresas estão revirando o Brasil em busca de investimentos em hospitais, um setor que ainda não foi prejudicado pela queda do mercado e por corrupção

Médicos: muitos investidores consideram a oportunidade no setor de hospitais atrativa demais para ser perdida (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de fevereiro de 2015 às 17h20.

Empresas de private equity como a KKR Co. e a Apax Partners LLP estão revirando o Brasil em busca de investimentos em hospitais , um setor que até o momento não foi prejudicado pela queda do mercado e pelo maior escândalo de corrupção do país.

A KKR, a Carlyle Group LP e a Advent International Corp. estão à procura de hospitais para investir depois que uma nova legislação passou a permitir que estrangeiros sejam proprietários de hospitais na maior economia da América Latina, disseram quatro fontes familiarizadas com as estratégias das firmas, que pediram anonimato porque os planos são privados.

A Apax também está interessada em hospitais, disse Walter Piacsek, sócio da empresa, em entrevista por telefone.

Muitos investidores consideram a oportunidade no setor de hospitais atrativa demais para ser perdida, disse Piacsek, em um momento em que as acusações de corrupção na Petrobras, companhia de petróleo controlada pelo Estado, está levando alguns estrangeiros a deixarem o Brasil.

O país possui dezenas de milhões de candidatos a pacientes que chegaram à classe média quando a economia do Brasil estava em forte expansão por causa da alta das commodities.

O sistema de saúde pública enfrenta dificuldades para acompanhar o ritmo do crescimento populacional, o que estimula investimentos em empresas de saúde privadas, segundo a consultora Tracy Francis, da McKinsey Co. Inc.

“Existe uma demanda reprimida por serviços de saúde no Brasil”, disse Piacsek, em entrevista por telefone, de São Paulo. “Trata-se de um setor que exige muitos investimentos no Brasil e há muitas pessoas -- não apenas investidores, mas grupos estratégicos, grupos hospitalares -- que gostariam de entrar no mercado brasileiro”.

Rede D’Or

O grupo hospitalar Rede D’Or São Luiz SA, que tem sede no Rio de Janeiro, pode estar entre os primeiros alvos, segundo duas pessoas familiarizadas com a situação.

A operadora de hospitais está avaliando um aumento de capital para financiar o crescimento, o que poderia atrair investidores para a fatia minoritária, inclusive a Carlyle, disse uma das fontes.

A Rede D’Or disse, em comentários enviados por e-mail, que mantém os planos de expansão e investimentos em seus hospitais no país e que acredita que “a medida é positiva porque deverá atrair novos investimentos” para o país. Disse também que a legislação “não traz qualquer mudança para a operação da Rede D’Or São Luiz”.

Advent, KKR e Carlyle não quiseram comentar.

Embora a Rede D’Or, de capital fechado, não revele seus resultados, seu site oficial diz que a empresa é a maior operadora de hospitais independentes do Brasil, com 25 hospitais e 4.000 leitos.

Os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização haviam mais que dobrado até 2011, para R$ 328 milhões (US$ 118 milhões), contra R$ 130 milhões três anos antes, segundo o prospecto para uma venda de bonds de 2013.

A Lei nº 13.097, sancionada pela presidente Dilma Rousseff e publicada no Diário Oficial da União no dia 20 de janeiro, permite a participação de empresas de capital estrangeiro em serviços de saúde no Brasil, como hospitais, clínicas e laboratórios, por meio de participações diretas, indiretas e até mesmo controladoras.

Sem entusiasmo

Nos demais setores do mercado brasileiro, os investidores não estão nada entusiasmados. Uma consulta a economistas do país divulgada ontem pelo Banco Central sinalizou que a estagflação persistirá em 2015, com a projeção de um crescimento baixo acompanhado de inflação de 7,15 por cento.

O Ibovespa, índice de referência da Bolsa de Valores de São Paulo, caiu 20 por cento em relação ao pico de setembro, liderado pela Petrobras.

A Petrobras perdeu dois terços de seu valor de mercado no período. A empresa -- antes um símbolo da crescente importância do Brasil na economia global -- enfrenta acusações de promotores de que seus executivos exigiam subornos em troca da aprovação de contratos de construção inflados.

A Moody’s Investors Service Inc. e a Fitch Ratings Ltd. reduziram o rating de crédito da empresa para a beira do grau especulativo neste ano.

Francis, da McKinsey, disse que os dados demográficos favoráveis indicam que o setor hospitalar brasileiro tem perspectivas de longo prazo melhores que as de muitos outros mercados. Isso inclui o envelhecimento populacional, que impulsionará a demanda por cuidados de saúde.

A projeção é que o grupo etário de pessoas com 60 anos ou mais responderá por 24 por cento da população total até 2040, contra 10 por cento em 2010, segundo uma apresentação da McKinsey, que usou dados do IBGE.

“Se você considerar o crescimento da classe média, as aspirações das pessoas cresceram mais rapidamente do que o sistema conseguiu comportar”, disse Francis, por telefone, de São Paulo.

“Mesmo no contexto de uma desaceleração macroeconômica, a percepção de que você pode entrar em um mercado pouco atendido -- que ainda tem alguma tendência de crescimento e que consolida isso -- é uma lógica muito atrativa”.

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Empresas de private equity como a KKR Co. e a Apax Partners LLP estão revirando o Brasil em busca de investimentos em hospitais , um setor que até o momento não foi prejudicado pela queda do mercado e pelo maior escândalo de corrupção do país.

A KKR, a Carlyle Group LP e a Advent International Corp. estão à procura de hospitais para investir depois que uma nova legislação passou a permitir que estrangeiros sejam proprietários de hospitais na maior economia da América Latina, disseram quatro fontes familiarizadas com as estratégias das firmas, que pediram anonimato porque os planos são privados.

A Apax também está interessada em hospitais, disse Walter Piacsek, sócio da empresa, em entrevista por telefone.

Muitos investidores consideram a oportunidade no setor de hospitais atrativa demais para ser perdida, disse Piacsek, em um momento em que as acusações de corrupção na Petrobras, companhia de petróleo controlada pelo Estado, está levando alguns estrangeiros a deixarem o Brasil.

O país possui dezenas de milhões de candidatos a pacientes que chegaram à classe média quando a economia do Brasil estava em forte expansão por causa da alta das commodities.

O sistema de saúde pública enfrenta dificuldades para acompanhar o ritmo do crescimento populacional, o que estimula investimentos em empresas de saúde privadas, segundo a consultora Tracy Francis, da McKinsey Co. Inc.

“Existe uma demanda reprimida por serviços de saúde no Brasil”, disse Piacsek, em entrevista por telefone, de São Paulo. “Trata-se de um setor que exige muitos investimentos no Brasil e há muitas pessoas -- não apenas investidores, mas grupos estratégicos, grupos hospitalares -- que gostariam de entrar no mercado brasileiro”.

Rede D’Or

O grupo hospitalar Rede D’Or São Luiz SA, que tem sede no Rio de Janeiro, pode estar entre os primeiros alvos, segundo duas pessoas familiarizadas com a situação.

A operadora de hospitais está avaliando um aumento de capital para financiar o crescimento, o que poderia atrair investidores para a fatia minoritária, inclusive a Carlyle, disse uma das fontes.

A Rede D’Or disse, em comentários enviados por e-mail, que mantém os planos de expansão e investimentos em seus hospitais no país e que acredita que “a medida é positiva porque deverá atrair novos investimentos” para o país. Disse também que a legislação “não traz qualquer mudança para a operação da Rede D’Or São Luiz”.

Advent, KKR e Carlyle não quiseram comentar.

Embora a Rede D’Or, de capital fechado, não revele seus resultados, seu site oficial diz que a empresa é a maior operadora de hospitais independentes do Brasil, com 25 hospitais e 4.000 leitos.

Os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização haviam mais que dobrado até 2011, para R$ 328 milhões (US$ 118 milhões), contra R$ 130 milhões três anos antes, segundo o prospecto para uma venda de bonds de 2013.

A Lei nº 13.097, sancionada pela presidente Dilma Rousseff e publicada no Diário Oficial da União no dia 20 de janeiro, permite a participação de empresas de capital estrangeiro em serviços de saúde no Brasil, como hospitais, clínicas e laboratórios, por meio de participações diretas, indiretas e até mesmo controladoras.

Sem entusiasmo

Nos demais setores do mercado brasileiro, os investidores não estão nada entusiasmados. Uma consulta a economistas do país divulgada ontem pelo Banco Central sinalizou que a estagflação persistirá em 2015, com a projeção de um crescimento baixo acompanhado de inflação de 7,15 por cento.

O Ibovespa, índice de referência da Bolsa de Valores de São Paulo, caiu 20 por cento em relação ao pico de setembro, liderado pela Petrobras.

A Petrobras perdeu dois terços de seu valor de mercado no período. A empresa -- antes um símbolo da crescente importância do Brasil na economia global -- enfrenta acusações de promotores de que seus executivos exigiam subornos em troca da aprovação de contratos de construção inflados.

A Moody’s Investors Service Inc. e a Fitch Ratings Ltd. reduziram o rating de crédito da empresa para a beira do grau especulativo neste ano.

Francis, da McKinsey, disse que os dados demográficos favoráveis indicam que o setor hospitalar brasileiro tem perspectivas de longo prazo melhores que as de muitos outros mercados. Isso inclui o envelhecimento populacional, que impulsionará a demanda por cuidados de saúde.

A projeção é que o grupo etário de pessoas com 60 anos ou mais responderá por 24 por cento da população total até 2040, contra 10 por cento em 2010, segundo uma apresentação da McKinsey, que usou dados do IBGE.

“Se você considerar o crescimento da classe média, as aspirações das pessoas cresceram mais rapidamente do que o sistema conseguiu comportar”, disse Francis, por telefone, de São Paulo.

“Mesmo no contexto de uma desaceleração macroeconômica, a percepção de que você pode entrar em um mercado pouco atendido -- que ainda tem alguma tendência de crescimento e que consolida isso -- é uma lógica muito atrativa”.

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