Exame Logo

Santista cria gigante espanhola com receita acima de US$ 500 mi

Capital das duas empresas será fundido para criar a líder de produção do denim, com sede na Espanha

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.

Foram aproximadamente sete anos de flerte até que a brasileira Santista e a espanhola Tavex consolidassem o casamento entre o maior fabricante das Américas e o maior da Europa de denim, a matéria-prima do jeans. O resultado, explicitado a jornalistas nesta terça-feira (7/2), será uma empresa líder na produção do tecido, com sede na Espanha, 10% a 15% de participação do mercado global, e previsão de receita superior a 500 milhões de dólares por ano.

As raízes do negócio remontam a 1999, quando a brasileira comprou a fábrica de jeans chilena Machasa. A aquisição, segundo o presidente da Santista, Herbert Schmid, foi uma investida em direção à consolidação de mercado da indústria, uma tendência também sentida pela Tavex. As conversas informais sobre uma possível união passaram a um plano de fusão de fato e, agora, projetam uma gigante que dominará 23% dos mercados de Brasil, Argentina e Chile e outros 23% do mercado europeu, além de pretender expandir os braços para América Central e Ásia. Para isso, serão unidas as forças da Santista, com Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) de 99,9 milhões de reais e lucro líquido de 17,2 milhões em 2005, e da Tavex, que registrou no ano passado Ebitda de 22,6 milhões de dólares e lucro de 7,4 milhões de dólares.

Veja também

A nova companhia já nascerá com doze fábricas, sete delas da Santista (cinco no Brasil, uma na Argentina, uma no Chile) e cinco da Tavex (três na Espanha, uma no Marrocos, uma no México). Batizada com o nome da controladora, Tavex, ela terá como principais acionistas, além da espanhola, os grupos Camargo Côrrea e Alpargatas, controladores da Santista. O primeiro passo para que se constitua a gigante será tomado pelos brasileiros, que aportarão suas ações em uma subsidiária que constituirão na Espanha. Essa empresa se unirá à Tavex e funcionará apenas como uma etapa para que a fusão possa ser concretizada, já que as regras do país exigem que a operação seja realizada entre empresas espanholas. Todo o processo ainda precisa ser avalizado pelos acionistas da Tavex, que se reunirão em assembléia entre maio e julho. A previsão é de que os passos sejam completados dentro de três meses.

Estrutura da nova companhia

Após a fusão, a Santista - atualmente com 81,6% do capital nas mãos dos grupos Camargo Corrêa e Alpargatas e 18,4% disperso entre minoritários - terá a marca preservada. As ações da nova Tavex estarão divididas em 41,1% para a antiga Tavex, 36,7% para o Camargo Corrêa e 22,2% para a Alpargatas. Todos terão direito a voto e representação no conselho de administração, formado por dez membros: 3 da Camargo Corrêa, 1 da Alpargatas, 3 da Tavex e 3 independentes.

Haverá um obstáculo para que a nova líder mundial do denim comece as operações: a adequação à legislação espanhola, que impede que Camargo Corrêa e Alpargatas detenham mais de 50% do capital da nova empresa. Na configuração prevista hoje, os brasileiros deteriam 59,8%, porcentagem que deve ser reduzida, provavelmente, por um aumento de capital em bolsas da Espanha. No caso de uma abertura em cerca de 200 milhões de dólares, por exemplo, a participação das empresas do Brasil cairia para algo próximo de 40%. A reestruturação deve terminar até julho de 2007, quando termina o prazo concedido pelas autoridades espanholas.

Minoritários

Aos minoritários, serão oferecidas as opções de trocar as ações da Santista pelos papéis da Tavex atual (com a seguinte relação: 1 ação da Santista em troca de 1,76 da Tavex) ou da futura Tavex (1 ação da Santista por 2,95 da nova multinacional). No caso de adesão completa desses acionistas, a empresa brasileira terá o capital fechado ao mercado.

Consolidação e expansão

Para o presidente da Santista e futuro CEO da nova Tavex, a fusão trará mais mercado à Santista e é uma resposta à tendência de concentração do setor. "A consolidação da indústria têxtil é irreversível. A reação do mercado vai ser a de enxergar a consolidação do mercado no futuro", diz Schmid.

Enrique Garrán, presidente da Tavex, entende que a nova companhia trará maiores vendas nos mercados externos tanto para a espanhola quanto para os grupos brasileiros, e diz que não haverá fechamentos de fábricas, demissões ou alterações na atual condução de negócios da Santista. "Não muda nada em termos de investimento", afirma.

Tanto que a nova companhia assumirá o desejo antigo, de cerca de três anos, da Santista de se instalar na América Central. Um investimento de cerca de 80 milhões de dólares deve colocar uma plataforma de produção de denim na região, para buscar maior proximidade com mercados como os Estados Unidos. A fábrica deverá produzir, a partir de 2007, 25 milhões de metros do tecido e apresentar faturamento líquido de 75 milhões de dólares por ano. O próximo sonho é a Ásia, onde uma unidade deve começar a funcionar em 2009.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Negócios

Mais na Exame