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Opep está quase fora do radar do mercado de petróleo

Operadores de petróleo não devem perder muito o sono se preocupando sobre o que a Opep, muitas vezes imprevisível, vai decidir na reunião do final desta semana

"A demanda pelo petróleo da Opep está recuando, enquanto uma demanda maior está sendo atendida por outros, não pelo grupo", disse o ex- ministro do petróleo da Argélia, Chakib Khelil  (AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 27 de maio de 2013 às 17h38.

Londres - Os operadores de petróleo não devem perder muito o sono se preocupando sobre o que a Opep, muitas vezes imprevisível, vai decidir na reunião do final desta semana.

O grupo de produtores, disseram delegados que participam das reuniões, deve manter sua atual política de produção na reunião agendada para 31 de maio, em Viena. O encontro mal aparece no radar dos traders como um fator de risco para os mercados de petróleo, diferentemente do que ocorria no passado.

Um motivo seria o fato dos preços do petróleo Brent estarem próximos a 100 dólares por barril, preço ideal para a Arábia Saudita. Apesar desse nível ser considerado elevado para os padrões históricos, é bem abaixo do preço de 125 dólares que causou alarde dentre os principais países consumidores no ano passado.

Na verdade, a revolução do xisto nos EUA, ainda o maior consumidor mundial de petróleo, à frente da China por uma grande margem, aumentou as esperanças dos importadores de que os implacáveis aumentos dos preços dos combustíveis ao longo da última década podem estar chegando ao fim.

Os preços nominais anuais do petróleo no mundo subiram mais de quatro vezes na década desde 2002, indo de 25 dólares em média para uma máxima de 111 dólares por barril em 2012. Neste ano, na média até a data, eles estão em baixa, mesmo que somente um pouco, com o Brent sendo negociado ligeiramente acima de 102 dólares por barril nesta segunda-feira.

Um relatório divulgado pela Agência Internacional de Energia no início deste mês estima que a produção norte-americana de óleo de xisto ajudará a atender a maior parte da nova demanda mundial pelos próximos cinco anos, deixando pouco espaço para a Opep elevar a produção sem arriscar uma queda nos preços.

"A Opep está em uma situação difícil", disse o ministro do petróleo da Argélia entre 1999 e 2010, Chakib Khelil. "A demanda pelo petróleo da Opep está recuando, enquanto uma demanda maior está sendo atendida por outros, não pelo grupo."


O aumento da oferta dos EUA deve causar uma queda na demanda pelo petróleo da Opep até o final da década, e criar uma capacidade ociosa, disse o economista-chefe da BP, Christof Ruhl.

"A Opep já teve parte de seu trabalho reduzido", disse Ruhl.

Só no ano passado, o boom do xisto foi descartado pela Opep como sendo de pouca importância. O ministro do petróleo do Kuwait, Hani Hussein, disse que os produtores iriam "esperar para ver mais pesquisas para ter uma ideia melhor sobre o impacto do gás de xisto" e seu homólogo venezuelano, Rafael Ramirez, disse: "Eu não estou nem um pouco preocupado, elas são apenas projeções."

Até o final do ano, os EUA haviam registrado o maior aumento anual na produção de petróleo desde que se tornou um produtor de óleo no início da década de 1860. O aumento de 850 mil barris por dia foi mais do que cada um dos dois menores produtores da Opep, Catar e Equador, produzem no total.

Parte do óleo de xisto está entre os mais caros no mundo para ser produzido, mas a Arábia Saudita --detentora da maior capacidade ociosa da Opep-- não mostra sinais de que abrirá suas torneiras para reduzir os preços do petróleo e limitar a produção de óleo de xisto ao torná-lo economicamente inviável.

Longe disso, o ministro do Petróleo saudita, Ali al-Naimi, em um discurso no mês passado em Washington, saudou a nova fonte de energia dos EUA como "boa notícia".

O impacto do xisto se faz sentir principalmente por aqueles na Opep que dependem fortemente de exportações para os Estados Unidos.

Delegados da Opep dizem que a reunião do grupo de 12 membros deve manter uma meta de produção de 30 milhões de barris por dia.

"O preço ainda está razoável, e não abaixo de 100 dólares", disse um delegado de um dos membros do grupo no Golfo.

"Portanto, parece muito simples. Continuar com o teto oficial de produção e fazer ajustes informais, se necessário." O gerenciamento do mercado a curto-prazo deve continuar a ser guiado pela Arábia Saudita.


A Arábia Saudita reduziu sua produção desde a máxima de 30 anos atingida em 2012 de 10 milhões de barris por dia, bombeando 9,3 milhões de bpd em abril. Isso coloca a produção da Opep em 30,46 milhões de bpd, bem em linha com seus cálculos para a demanda média por seu petróleo na segunda metade do ano.

A Opep costumava ser um motivo maior de preocupação para os operadores. No início dos anos 2000 o grupo se reunia até sete vezes por ano, em comparação com duas reuniões anuais atualmente, muitas vezes tomando decisões de surpresa ao tentar micro-gerenciar os mercados de petróleo.

Mas o grupo pode não ficar fora das manchetes por muito tempo.

O próximo ano pode marcar uma queda na demanda mundial pelo petróleo da Opep, que segundo delegados pode argumentar a favor de cortes da oferta.

"Estamos caminhando para um problema em 2014 e nós provavelmente teremos que fazer um corte no fornecimento", disse uma fonte sênior da Opep.

"E se a Opep fosse pró-ativa, nós começaríamos a olhar seriamente para as alocações individuais de produção." O grupo tem sido incapaz há vários anos de concordar com cotas de produção individuais, mas pode precisar delas, caso seja necessário cortar fortemente e partilhar as reduções.

A Opep também não consegue concordar sobre quem deve ser o próximo secretário geral. Arábia Saudita, Irã e Iraque apresentaram candidatos para suceder o líbio Abdullah al-Badri.

Nenhum obteve o necessário consenso.

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Londres - Os operadores de petróleo não devem perder muito o sono se preocupando sobre o que a Opep, muitas vezes imprevisível, vai decidir na reunião do final desta semana.

O grupo de produtores, disseram delegados que participam das reuniões, deve manter sua atual política de produção na reunião agendada para 31 de maio, em Viena. O encontro mal aparece no radar dos traders como um fator de risco para os mercados de petróleo, diferentemente do que ocorria no passado.

Um motivo seria o fato dos preços do petróleo Brent estarem próximos a 100 dólares por barril, preço ideal para a Arábia Saudita. Apesar desse nível ser considerado elevado para os padrões históricos, é bem abaixo do preço de 125 dólares que causou alarde dentre os principais países consumidores no ano passado.

Na verdade, a revolução do xisto nos EUA, ainda o maior consumidor mundial de petróleo, à frente da China por uma grande margem, aumentou as esperanças dos importadores de que os implacáveis aumentos dos preços dos combustíveis ao longo da última década podem estar chegando ao fim.

Os preços nominais anuais do petróleo no mundo subiram mais de quatro vezes na década desde 2002, indo de 25 dólares em média para uma máxima de 111 dólares por barril em 2012. Neste ano, na média até a data, eles estão em baixa, mesmo que somente um pouco, com o Brent sendo negociado ligeiramente acima de 102 dólares por barril nesta segunda-feira.

Um relatório divulgado pela Agência Internacional de Energia no início deste mês estima que a produção norte-americana de óleo de xisto ajudará a atender a maior parte da nova demanda mundial pelos próximos cinco anos, deixando pouco espaço para a Opep elevar a produção sem arriscar uma queda nos preços.

"A Opep está em uma situação difícil", disse o ministro do petróleo da Argélia entre 1999 e 2010, Chakib Khelil. "A demanda pelo petróleo da Opep está recuando, enquanto uma demanda maior está sendo atendida por outros, não pelo grupo."


O aumento da oferta dos EUA deve causar uma queda na demanda pelo petróleo da Opep até o final da década, e criar uma capacidade ociosa, disse o economista-chefe da BP, Christof Ruhl.

"A Opep já teve parte de seu trabalho reduzido", disse Ruhl.

Só no ano passado, o boom do xisto foi descartado pela Opep como sendo de pouca importância. O ministro do petróleo do Kuwait, Hani Hussein, disse que os produtores iriam "esperar para ver mais pesquisas para ter uma ideia melhor sobre o impacto do gás de xisto" e seu homólogo venezuelano, Rafael Ramirez, disse: "Eu não estou nem um pouco preocupado, elas são apenas projeções."

Até o final do ano, os EUA haviam registrado o maior aumento anual na produção de petróleo desde que se tornou um produtor de óleo no início da década de 1860. O aumento de 850 mil barris por dia foi mais do que cada um dos dois menores produtores da Opep, Catar e Equador, produzem no total.

Parte do óleo de xisto está entre os mais caros no mundo para ser produzido, mas a Arábia Saudita --detentora da maior capacidade ociosa da Opep-- não mostra sinais de que abrirá suas torneiras para reduzir os preços do petróleo e limitar a produção de óleo de xisto ao torná-lo economicamente inviável.

Longe disso, o ministro do Petróleo saudita, Ali al-Naimi, em um discurso no mês passado em Washington, saudou a nova fonte de energia dos EUA como "boa notícia".

O impacto do xisto se faz sentir principalmente por aqueles na Opep que dependem fortemente de exportações para os Estados Unidos.

Delegados da Opep dizem que a reunião do grupo de 12 membros deve manter uma meta de produção de 30 milhões de barris por dia.

"O preço ainda está razoável, e não abaixo de 100 dólares", disse um delegado de um dos membros do grupo no Golfo.

"Portanto, parece muito simples. Continuar com o teto oficial de produção e fazer ajustes informais, se necessário." O gerenciamento do mercado a curto-prazo deve continuar a ser guiado pela Arábia Saudita.


A Arábia Saudita reduziu sua produção desde a máxima de 30 anos atingida em 2012 de 10 milhões de barris por dia, bombeando 9,3 milhões de bpd em abril. Isso coloca a produção da Opep em 30,46 milhões de bpd, bem em linha com seus cálculos para a demanda média por seu petróleo na segunda metade do ano.

A Opep costumava ser um motivo maior de preocupação para os operadores. No início dos anos 2000 o grupo se reunia até sete vezes por ano, em comparação com duas reuniões anuais atualmente, muitas vezes tomando decisões de surpresa ao tentar micro-gerenciar os mercados de petróleo.

Mas o grupo pode não ficar fora das manchetes por muito tempo.

O próximo ano pode marcar uma queda na demanda mundial pelo petróleo da Opep, que segundo delegados pode argumentar a favor de cortes da oferta.

"Estamos caminhando para um problema em 2014 e nós provavelmente teremos que fazer um corte no fornecimento", disse uma fonte sênior da Opep.

"E se a Opep fosse pró-ativa, nós começaríamos a olhar seriamente para as alocações individuais de produção." O grupo tem sido incapaz há vários anos de concordar com cotas de produção individuais, mas pode precisar delas, caso seja necessário cortar fortemente e partilhar as reduções.

A Opep também não consegue concordar sobre quem deve ser o próximo secretário geral. Arábia Saudita, Irã e Iraque apresentaram candidatos para suceder o líbio Abdullah al-Badri.

Nenhum obteve o necessário consenso.

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