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Reservas da OGX caem a um terço do estimado

Em 2012, a empresa anunciou reservas de 285 milhões de barris, mas hoje só há reservas prováveis de 87,9 milhões de barris


	Plataforma da OGX: os retornos econômicos da exploração das reservas podem chegar a US$ 2,979 bilhões, descontados os custos operacionai
 (Divulgação/OGX)

Plataforma da OGX: os retornos econômicos da exploração das reservas podem chegar a US$ 2,979 bilhões, descontados os custos operacionai (Divulgação/OGX)

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Da Redação

Publicado em 4 de outubro de 2013 às 10h35.

Rio de Janeiro - Considerada a única esperança da OGX, as reservas de petróleo no Campo de Tubarão Martelo, o único da empresa ainda em atividade, foram revisadas a menos de um terço do estimado em abril de 2012. Na época, a empresa anunciou reservas de 285 milhões de barris de óleo equivalente. Ontem, a consultoria DeGolyer & MacNaughton informou que não há nenhuma reserva “provada”, mas reservas “prováveis” de 87,9 milhões de barris.

Os níveis de certeza sobre a viabilidade dos poços variam entre reservas provadas (1P), prováveis (2P) ou possíveis (3P), com garantias que variam entre 10% e 60%, segundo especialistas. Somadas as três categorias, as reservas da petrolífera de Eike Batista nos blocos BM-C-39 e BM-C-40, na Bacia de Campos, somam 108,5 milhões de barris.

O relatório afirma ainda que os retornos econômicos da exploração das reservas podem chegar a US$ 2,979 bilhões, descontados os custos operacionais, de royalties e outras taxas. O valor considera o montante total gerado pelas reservas caso estejam corretas as estimativas e somente após a exploração por 25 anos.

“Este fato tem um lado positivo que confirma que a OGX tem reservas. Mas o ruim é que são reservas muito abaixo do anunciado e não há certeza absoluta se são viáveis”, avalia o geólogo e consultor Pedro Zalán, da Zag Consultoria em Exploração de Petróleo. Atualmente, há seis poços perfurados nos blocos, que deveriam começar a produzir até o fim do ano.

A nova certificação, feita em junho, será usada por Eike Batista para convencer credores internacionais. Na última terça-feira, a empresa deixou de pagar uma dívida de US$ 45 milhões no exterior. Os resultados, entretanto, colocam em risco as negociações.


A malaia Petronas estaria interessada em adquirir os blocos. “Podemos imaginar que eles querem vender a Petronas, mas não está certo. Hoje, não há como saber o quanto a crise atrapalhou a exploração ou em que pé estão as perfurações”, avalia Zalán.

Na avaliação do professor de Geologia da Universidade de Brasília, Carlos Jorge Abreu, “é preciso saber se ele (Eike) não está blefando novamente”. “Eles fizeram projeções otimistas, mas as análises geológicas precisam ser vistas com muito cuidado. A OGX foi afoita em seus comunicados, o que é prejudicial para o País”, afirmou.

Exageros

As estimativas exageradas eram usadas para atrair investidores. No site da empresa, a projeção de 285 milhões de barris não era atribuída a nenhuma certificadora. Em fevereiro de 2012, a própria DeGolyer & MacNaughton havia revisado as reservas para 212 milhões de barris. “Não sabemos se exageraram propositalmente, mas as estimativas eram baseadas em poucos dados”, diz Zalán.

Os adjetivos superlativos sobre a OGX foram suprimidos após a avalanche de prejuízos na companhia. Em junho de 2012, a empresa informou ao mercado que o volume no campo de Tubarão Azul era inferior ao projetado. Em julho deste ano, comunicou a inviabilidade comercial de quatro blocos.

Após a crise se intensificar e forçar o empresário a se desfazer de ativos, Eike Batista culpou executivos da OGX pelas falhas nas estimativas, em entrevista ao The Wall Street Journal, em agosto. Segundo Eike, eles eram bons em “encontrar petróleo mas não em produzir” e “entregavam relatórios brilhantes para convencê-lo a pagar gordos bônus.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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