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Lojas Renner anuncia novos compromissos ESG e CEO comemora: “Metas boas e que dão frio na barriga”

Metas ambientais e sociais irão basear atuação de todas as marcas do grupo até 2030; em entrevista à EXAME, executivos detalham estratégias

Fabio Faccio, CEO da Renner: grupo tem novas metas ambientais e sociais até 2030 (Lojas Renner/Divulgação)
MC

Maria Clara Dias

Publicado em 25 de agosto de 2022 às 14h00.

Última atualização em 26 de agosto de 2022 às 11h36.

A Lojas Renner S.A está divulgando nesta quinta-feira (25), uma nova leva de metas e compromissos ambientais e sociais. O anúncio público dos novos compromissos faz parte de uma nova ofensiva da varejista para incorporar critérios ambientais mais parrudos em toda a cadeia até 2030.

Por lá, o imperativo é de que cada novo compromisso não seja, de fato, novo. A crença é de que as metas anunciadas publicamente nesta quinta sigam replicando os bons resultados do último ciclo, encerrado em 2021.

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O principal destaque está na extensão das ações para outras marcas do grupo: além da Renner, as ambições sustentáveis agora também incluem YouCom, Ashua, Camicado, Realize e Repassa.

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São, ao todo, 12 objetivos compilados em três pilares fundamentais:

Sustentabilidade

A meta mais audaciosa é, talvez, a de reduzir 75% das emissões de CO2 da produção total de roupas de marcas próprias do grupo. Trata-se de um salto comparado aos resultados vistos no último ciclo sustentável da Renner. Em 2021, a companhia reduziu em 35,4% as emissões corporativas absolutas (a meta era de 20%). O inventário comparativo é o de 2017.

“Sabemos que meta boa é aquela que dá um frio na barriga”, disse Fabio Faccio, CEO da Lojas Renner S.A, em entrevista à EXAME.

O executivo avalia que não será uma escalada fácil, considerando principalmente a extensa rede de fornecedores do grupo. “O nosso foco central é a descarbonização. Seremos neutros em carbono até 2050, mas olhar para metas que já projetam um 2030 sustentável é um desafio imenso”.

Ainda sob a ótica sustentável, a empresa quer avançar na economia circular com ações que consideram o ciclo de consumo de ponta a ponta. Na prática, isso significa que a reutilização de roupas e acessórios não será o bastante do ponto de vista do reaproveitamento e impacto. Agora, o esforço será em repensar todo o ciclo produtivo ainda nos processos de concepção e fabricação das peças.

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Para isso, algumas das metas incluem um grande brainstorming produtivo com fornecedores, em busca de um consenso na escolha das matérias-primas têxteis que realmente consigam otimizar recursos ambientais na produção — o consumo excessivo de água entra nesta conta —, e também serem recicladas com mais facilidade. “Estamos adotando o princípio da circularidade como parte da trajetória rumo ao carbono zero”, diz Eduardo Ferlauto, gerente geral de sustentabilidade da Lojas Renner.

Nos próximos oito anos, a meta é ter 100% das roupas mais sustentáveis sob essa ótica.

A preocupação com a circularidade deve invadir também o modelo de negócios como um todo. De fora das fábricas, algumas diretrizes construtivas aprendidas em parceria com fornecedores administrativos também serão colocadas em prática, no longo prazo, em novas lojas, construções e reformas da Renner.

Um exemplo está nas lojas “verdes”. Em junho de 2021, a Renner lançou a sua primeira loja circular, um ambiente desenhado para reduzir excessos e consumir recursos naturais de forma inteligente. Nas duas unidades hoje em aberto, o abastecimento é feito por energia limpa, o mobiliário é essencialmente circular e até os manequins são reciclados.

A mesma atenção aos processos bem-sucedidos com revendedores será aplicado ao relacionamento com os fornecedores diretos e indiretos do grupo. Até 2030, a intenção é certificar todos eles, além de estreitar laços apenas com players com bom desempenho socioambiental — até o momento, apenas os fornecedores da marca Renner eram certificados.

“Temos uma universidade robusta para formar e treinar nossa cadeia de fornecedores. É uma maneira com a qual incentivamos o cumprimento de metas e ações ambientalmente corretas e usamos isso como critério para mensurar nosso relacionamento com cada um”, diz Ferlauto.

Em outra frente, a empresa pretende rastrear 100% dos produtos de vestuário feitos com algodão.

Diversidade e inclusão

Na Lojas Renner, a nova era ESG (sigla para ambiental, social e governança) também está pautada em políticas mais sensíveis a questões de gênero e raça. Para o ciclo que começa em 2022 e se encerra em 2030, a meta é ter 50% dos cargos de liderança ocupados por pessoas negras, o que corresponde a um crescimento de 18 pontos percentuais em relação à participação atual.

Já do lado de gênero, o compromisso é de ter 55% da alta liderança (cargos que partem da gerência sênior) formada por mulheres. Hoje, o percentual é de 49%. “As mulheres sempre foram uma tônica para a Renner, então isso é apenas uma extensão do nosso olhar para a possbilidade de explorar isso em todas as áreas e nos cargos de maior relevância”, diz Regina Durante, diretora de gente e sustentabilidade da Lojas Renner. Atualmente, 60% dos cargos totais de liderança são ocupados por mulheres.

Juntas, as ações têm uma finalidade em comum: aproveitar a liderança da empresa no varejo de moda do país para criar uma onda inspiracional para toda a indústria. "Temos um ecossistema completo capaz de impactar outras empresa além das nossas. Por isso, o frio na barriga ao estabelecer metas tão ousadas e que nos forcem a avançar. A responsabilidade é imensa", diz Faccio.

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