Quem é o novo presidente do Instagram e o que isso significa para o app
A mudança pode significar que o aplicativo de imagens terá menos independência frente ao Facebook daqui para frente
Karin Salomão
Publicado em 3 de outubro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 3 de outubro de 2018 às 10h26.
São Paulo - Poucos dias depois da saída dos cofundadores, Kevin Systron e Mike Krieger da direção do Instagram , a rede social já tem um novo presidente. A empresa anunciou que o cargo ficará com Adam Mosseri, atual vice-presidente de produtos do Facebook, empresa mãe do Instagram.
Adam começou sua carreira como designer, gerenciou sua própria consultoria em design e depois juntou-se à equipe de design do Facebook em 2008. Então, passou do design para o gerenciamento de produtos e passou um tempo trabalhando no aplicativo Mobile e no News Feed e foi recrutado pelo Instagram.
Em seu novo papel, ele supervisionará todas as funções do negócio e recrutará uma nova equipe executiva, incluindo um chefe de engenharia, chefe de produto e chefe de operações.
"Estamos entusiasmados em entregar as rédeas a um líder de produto com um forte histórico de design e um foco em criação e simplicidade - bem como um profundo entendimento da importância da comunidade", disseram os dois fundadores em um comunicado.
Ainda que Mosseri entre na companhia para substituir os fundadores que deixaram o cargo, há uma diferença importante entre as funções que ele irá desempenhar. Enquanto Systrom era CEO da companhia, ou presidente, Mosseri será "Head of Instagram", o diretor da rede social. Isso pode significar que o aplicativo de imagens pode ter menos independência frente à companhia mãe daqui para frente.
O Facebook, que comprou o Instagram em 2012 por 1 bilhão de dólares, já estava ampliando sua influência na subsidiária. Em março de 2018, por exemplo, tornou Chris Cox, antes diretor do aplicativo do Facebook, o novo diretor de produtos do Instagram. Foi justamente essa interferência que fez os fundadores deixarem o barco.
Saída dos criadores
A saída dos cofundadores, Kevin Systrom e Mike Krieger, pegou o mercado de surpresa. Os dois não deram motivos para sua saída, mas afirmaram que devem tirar um tempo para criar algo novo.
Em anúncio, Systrom disse que ele e Krieger estão "planejando tirar um tempo para explorar nossa curiosidade e criatividade de novo. Construir algo novo exige darmos um passo para trás, entender o que nos inspira e combina com o que o mundo precisa. É isso que planejamos fazer."
O motivo pode estar na interferência - e dependência - da companhia mãe sobre o aplicativo. Nos últimos anos, o Facebook enfrenta críticas intensas sobre a segurança de seus dados e divulgação de notícias falsas. A rede social também divulgou uma queda no número de usuários.
O Instagram, no entanto, estava relativamente a salvo desses escândalos e mantinha a predileção dos usuários. No final do ano, deve responder por mais de 18% do faturamento total do grupo. Com um público mais jovem, também tem mais chances de continuar crescendo no longo prazo. Por isso, a companhia ficou mais dependente do aplicativo e acompanhava seu dia a dia mais de perto.
No entanto, essa intromissão começou a incomodar os fundadores. Fontes acreditam que os dois saíram da rede por conta do direcionamento que o Facebook estava dando para o aplicativo e por tensões crescentes com o seu presidente, Mark Zukerberg.
Um dos pontos de discórdia era o cuidado com a própria comunidade. De acordo com a Bloomberg, os líderes do Instagram valorizam os usuários e sua experiência. Por outro lado, o Facebook tem uma obsessão com crescimento, muitas vezes passando por cima de concorrentes e aperfeiçoamento dos produtos.
Uma das pressões, de acordo com a Bloomberg, foi competir mais diretamente com o Snapchat depois que a rede social começou a atrair mais adolescentes. Os fundadores se recusaram copiar a função de "histórias" e máscaras do Snapchat até que Zuckerberg pediu pessoalmente que eles desenvolvessem esses produtos, diz a publicação.
Eles não são os únicos diretores a sair do Facebook. No Whatsapp , empresa comprada pelo Facebook em 2014 por 19 bilhões de dólares, tensões entre a controladora e os fundadores do aplicativo de mensagens também levaram à saída dos executivos.
No início do ano, Jam Koum, um dos cofundadores do aplicativo e em março, o outro fundador, Brian Acton, incitou seus seguidores a deletarem o Facebook.
Os fundadores queriam monetizar o app ao cobrar uma pequena taxa de usuários que enviam muitas mensagens, oferecendo um alto número de mensagens, enquanto o Facebook buscava formas de analisar dados de mensagens sem quebrar a criptografia do aplicativo para oferecer publicidade personalizada, como faz no Facebook.Acton preferiu não comprar a briga e saiu do Facebook, decisão que lhe custou 850 milhões de dólares.
O Instagram, que na época da aquisição pelo Facebook tinha 30 milhões de usuários, chegará a um bilhão até o fim do ano. Agora, o desafio é manter esse crescimento, sem sacrificar a experiência dos usuários.