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Quem é o bilionário iraniano que quer competir com Apple e Garmin no mercado de smartwatches

Executivo cresceu no mercado de oxímetros de pulso e prevê que os dispositivos médicos se fundirão cada vez mais com os eletrônicos de consumo

Joe Kiani é dono de uma fortuna estimada em 1,1 bilhão de dólares (Divulgação/Divulgação)

Joe Kiani é dono de uma fortuna estimada em 1,1 bilhão de dólares (Divulgação/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 4 de outubro de 2022 às 16h14.

Última atualização em 27 de dezembro de 2023 às 09h32.

O iraniano Joe Kiani, radicado nos Estados Unidos desde os 9 anos, criou a Masimo Corp quando tinha apenas 24 anos e hoje é dono de uma fortuna estimada em US$ 1,1 bilhão, de acordo com a Forbes. Como outros executivos que se tornaram bilionários nos últimos tempos, Kiani teve os seus recursos financeiros impulsionados ao longo da pandemia.

Engenheiro elétrico de formação, ele atua no mercado de oxímetros de pulso, sensores na ponta dos dedos que os hospitais utilizam para medir a saturação de oxigênio no sangue dos pacientes.

A tecnologia ganhou bastante visibilidade nos últimos anos com a pandemia de covid-19 e fez o caixa da empresa engordar. Uma das líderes no mercado americano no segmento, a Masimo viu as ações subirem 85% do início de 2020 até o final de 2021, gerando uma capitalização de mais de US$ 16 bilhões.

Para onde vai a empresa

Em 15 de fevereiro deste ano, a Masimo resolveu movimentar o setor. Após o fechamento do mercado, anunciou a aquisição da Sound United, uma empresa de áudio, alto-falante e fones de ouvido focada no consumidor final, por pouco mais de US$ 1 bilhão.

No dia seguinte, as ações da companhia caíram 37%, uma perda US$ 5 bilhões em valor de mercado.

A entrada em um novo mercado assustou os investidores. Kiani, no entanto, trabalha com outras perspectivas. O CEO e presidente do conselho da empresa acredita que os dispositivos médicos se fundirão cada vez mais com os eletrônicos de consumo.

Com a compra, planeja levar o Sound United para além dos fones de ouvido, investindo em aparelhos auditivos e também na medição de sinais vitais.

Com isso, terá de bater de frente com companhias que há anos estão em contato direto com os consumidores, construindo marcas e com todo um arsenal de comunicação, como Apple, Garmin e Sony.

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Qual é o tamanho do mercado de smartwatches

Em agosto, a Masimo apresentou o seu primeiro smartwatch, um relógio no valor de US$ 499 que mede a saturação de oxigênio, frequência cardíaca e hidratação, entre outros recursos.

O produto está em testes em uma rede de hospitais na Arábia Saudita. “Se tudo correr bem, passará de algumas centenas de pacientes para 80 mil pacientes”, diz Kiani à Forbes.

“No mundo do consumidor, acredito que a melhor tecnologia vence. Acredito que quanto mais comprometida a entidade estiver, ela ganha. E estou comprometido com isso.”

Atualmente, o mercado de smartwatches é de US$ 25 bilhões e bastante fragmentado. A Garmin, por exemplo, atingiu US$ 1 bilhão em vendas, com apelo para o público fitness.

Uma possível entrada para a Masimo é com atletas de triatlo e maratonas, que precisam de estatísticas cada vez mais apuradas, estima Mike Matson, analista da Needham & Co.

Como a empresa surgiu 

A batalha para ganhar espaço no novo mercado e ampliar presença junto aos consumidores finais será apenas mais uma na trajetória de Kiani, que criou a Masimo em 1989, usando o dinheiro de sua segunda hipoteca no valor de US$ 40 mil.

Antes, em um trabalho paralelo para projetar oxímetros de baixo custo para uma startup, descobriu que os dispositivos geralmente emitiam alarmes falsos quando os pacientes moviam o dedo e disse à empresa que poderia reduzir esses incidentes.

A empresa não se interessou, e assim começou a jornada do hoje bilionário no empreendedorismo. Ao mesmo tempo, mantinha o seu emprego diurno na Anthem Electronics, uma distribuidora de semicondutores.

Ao longo de dois anos, trabalhou noites e fins de semana em sua garagem no sul da Califórnia para desenvolver um protótipo que mantivesse o oxímetro funcionando mesmo com os movimentos dos pacientes e que atendesse também a unidades de terapia neonatal, uma das complexidades no setor médico.

Patenteada a solução, não teve êxito com empresas americanas. Os negócios vieram com companhias no Japão e Europa.

Como enfrentou concentração de mercado e violações de patente

O motivo da recusa nos Estados Unidos era a concentração de mercado. “O fato de que nosso principal concorrente [Nellcor], que detém mais de 90% do mercado de oximetria de pulso, pode pagar às organizações de compras coletivas para excluir a Masimo está totalmente errado”, testemunhou Kiani no subcomitê antitruste do Comitê Judiciário do Senado em 2002.

Em 1999, já tinha processado a Nellcor (então propriedade da Tyco) por violação de patente. Tempos depois, registrou queixa semelhante contra a Royal Philips.

Os processos levaram a indenizações e royalties que totalizaram quase US$ 800 milhões por parte da Nellcor e US$ 300 milhões pela Royal Philips. A companhia também recebeu US$ 45 milhões como fruto de um processo antitruste contra a Nellcor.

No momento, corre um processo contra a Apple, com acusações de violação de patente e roubo de segredo comercial.

Em 2013, após lançar o primeiro oxímetro de pulso que se integrava a smartphones, a companhia da maçã o convidou para uma reunião em sua sede. O movimento foi seguido por total silêncio pela big tech.

No mesmo ano, o diretor médico da Masimo migrou para a Apple, assim como o diretor de tecnologia de uma divisão da Masimo. Na sequência, a Apple registrou patentes, que a Masimo alega serem baseadas em suas tecnologias. O caso deve ir a julgamento em 2023.

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