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Por que o Vale do Silício injeta milhões em roupas usadas?

Está eclodindo uma guerra pelas roupas que as pessoas não querem mais e empresas injetaram centenas de milhões de dólares na revenda de roupas em 2015

Roupas: essas empresas estão chamando muita atenção dos investidores porque cada uma delas tenta preencher uma lacuna deixada pelas grandes titulares do comércio virtual (Thinkstock)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de outubro de 2015 às 18h39.

James Reinhart passou meses tentando encontrar alguém, qualquer um, que investisse em sua ideia: trocar roupas para mulheres e crianças pela internet .

As empresas de capital de risco o desprezaram 27 vezes, algumas riram na cara dele.

Em uma reunião, um dos sócios da empresa perguntou se a ideia era que as mulheres trocassem suas calcinhas entre si. Reinhart, na época com 30 anos e recém-formado na Faculdade de Administração de Harvard, não desistiu.

Isso foi há seis anos. No mês passado, o mercado de roupas usadas de Reinhart, ThredUp, captou US$ 81 milhões em uma rodada de financiamento encabeçada pelo Goldman Sachs que levou sua captação total a mais de US$ 131 milhões.

A ThredUp não é um caso isolado. Está eclodindo uma guerra pelas roupas que as pessoas não querem mais, pois os investidores estão canalizando dinheiro para o setor de revenda de roupas pela internet e financiando mais de uma dezena de companhias, e cada uma delas visa capitalizar com o que consideram que é um ponto fraco da Amazon e até da líder de revendas eBay.

As empresas de capital de risco injetaram centenas de milhões de dólares na revenda de roupas em 2015; o financiamento total durante os últimos cinco anos ultrapassou a marca dos US$ 400 milhões.

Em janeiro, a loja virtual de consignação Tradesy captou US$ 30 milhões. Por volta do final de abril, a revendedora de itens antigos de luxo RealReal tinha captado US$ 40 milhões e o site de comércio social Poshmark tinha recebido US$ 25 milhões.

A loja europeia de revenda Vestiaire Collective conseguiu uma rodada de US$ 37 milhões em setembro. Depois, veio a rodada gigantesca do Goldman para a ThredUp, talvez a mais famosa do grupo.

“Esta é uma categoria em que o vencedor praticamente leva tudo”, disse Reinhart. “As empresas de capital de risco sabem que, se escolherem um vencedor, terão uma vantagem sustentável no longo prazo”.

Investidores interessados

Essas empresas estão chamando muita atenção dos investidores porque cada uma delas tenta preencher uma lacuna deixada pelas grandes titulares do comércio virtual.

Embora a Amazon esteja profundamente enraizada em quase todas as categorias de produtos no comércio eletrônico, e a eBay domine o setor de revendas, muitos consideram que o segmento de roupas e acessórios, novos ou usados, seja o ponto mais vulnerável dessas empresas. Amazon e eBay prosperam como máquinas de venda automática quase ilimitadas, onde os consumidores buscam tudo e qualquer coisa. Mas a moda se baseia em uma curadoria meticulosa.


“Talvez a moda seja a única categoria em que a Amazon fracassou estrondosamente”, disse Josh Goldman, sócio-geral da Norwest Venture Partners e investidor da Threadflip, acrescentando que foi por esses mesmos motivos que a eBay não conseguiu acabar com os novos concorrentes no setor de revenda.

Um site simples de busca que fornece uma lista de resultados “sem dúvida não é o lugar certo para procurar e comprar itens de moda”, disse ele.

Se as startups conseguirem se diferenciar o bastante da experiência tradicional das compras pela internet, elas poderiam sair ganhando no final.

Cada uma das concorrentes neste movimentado setor está contando com a tendência que se inclina para o compartilhamento do guarda-roupa, pois as pessoas estão tendo mais disposição e capacidade de renovar o armário ao trocar peças usadas, através de serviços por assinatura, ou alugar itens da moda para atualizar o visual.

É provável que tudo se resuma ao sucesso de cada companhia na implementação de sua estratégia, pois os combatentes não estão experimentando nenhum modelo de negócios completamente novo, mas adaptando métodos comprovados, como as lojas de consignação e os mercados entre pares.

E embora alguns se separem pelos preços, a maioria vende primordialmente o mesmo tipo de marcas, seja de ateliês de luxo como Alexander McQueen ou de etiquetas na moda, mas mais baratas, como J.Crew. Como resultado, nenhuma delas conseguiu se destacar do montão.

“Eu nem sei se vai existir um vencedor”, disse Sucharita Mulpuru, analista da Forrester Research. “Este modelo nunca vai dominar o mundo”.

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James Reinhart passou meses tentando encontrar alguém, qualquer um, que investisse em sua ideia: trocar roupas para mulheres e crianças pela internet .

As empresas de capital de risco o desprezaram 27 vezes, algumas riram na cara dele.

Em uma reunião, um dos sócios da empresa perguntou se a ideia era que as mulheres trocassem suas calcinhas entre si. Reinhart, na época com 30 anos e recém-formado na Faculdade de Administração de Harvard, não desistiu.

Isso foi há seis anos. No mês passado, o mercado de roupas usadas de Reinhart, ThredUp, captou US$ 81 milhões em uma rodada de financiamento encabeçada pelo Goldman Sachs que levou sua captação total a mais de US$ 131 milhões.

A ThredUp não é um caso isolado. Está eclodindo uma guerra pelas roupas que as pessoas não querem mais, pois os investidores estão canalizando dinheiro para o setor de revenda de roupas pela internet e financiando mais de uma dezena de companhias, e cada uma delas visa capitalizar com o que consideram que é um ponto fraco da Amazon e até da líder de revendas eBay.

As empresas de capital de risco injetaram centenas de milhões de dólares na revenda de roupas em 2015; o financiamento total durante os últimos cinco anos ultrapassou a marca dos US$ 400 milhões.

Em janeiro, a loja virtual de consignação Tradesy captou US$ 30 milhões. Por volta do final de abril, a revendedora de itens antigos de luxo RealReal tinha captado US$ 40 milhões e o site de comércio social Poshmark tinha recebido US$ 25 milhões.

A loja europeia de revenda Vestiaire Collective conseguiu uma rodada de US$ 37 milhões em setembro. Depois, veio a rodada gigantesca do Goldman para a ThredUp, talvez a mais famosa do grupo.

“Esta é uma categoria em que o vencedor praticamente leva tudo”, disse Reinhart. “As empresas de capital de risco sabem que, se escolherem um vencedor, terão uma vantagem sustentável no longo prazo”.

Investidores interessados

Essas empresas estão chamando muita atenção dos investidores porque cada uma delas tenta preencher uma lacuna deixada pelas grandes titulares do comércio virtual.

Embora a Amazon esteja profundamente enraizada em quase todas as categorias de produtos no comércio eletrônico, e a eBay domine o setor de revendas, muitos consideram que o segmento de roupas e acessórios, novos ou usados, seja o ponto mais vulnerável dessas empresas. Amazon e eBay prosperam como máquinas de venda automática quase ilimitadas, onde os consumidores buscam tudo e qualquer coisa. Mas a moda se baseia em uma curadoria meticulosa.


“Talvez a moda seja a única categoria em que a Amazon fracassou estrondosamente”, disse Josh Goldman, sócio-geral da Norwest Venture Partners e investidor da Threadflip, acrescentando que foi por esses mesmos motivos que a eBay não conseguiu acabar com os novos concorrentes no setor de revenda.

Um site simples de busca que fornece uma lista de resultados “sem dúvida não é o lugar certo para procurar e comprar itens de moda”, disse ele.

Se as startups conseguirem se diferenciar o bastante da experiência tradicional das compras pela internet, elas poderiam sair ganhando no final.

Cada uma das concorrentes neste movimentado setor está contando com a tendência que se inclina para o compartilhamento do guarda-roupa, pois as pessoas estão tendo mais disposição e capacidade de renovar o armário ao trocar peças usadas, através de serviços por assinatura, ou alugar itens da moda para atualizar o visual.

É provável que tudo se resuma ao sucesso de cada companhia na implementação de sua estratégia, pois os combatentes não estão experimentando nenhum modelo de negócios completamente novo, mas adaptando métodos comprovados, como as lojas de consignação e os mercados entre pares.

E embora alguns se separem pelos preços, a maioria vende primordialmente o mesmo tipo de marcas, seja de ateliês de luxo como Alexander McQueen ou de etiquetas na moda, mas mais baratas, como J.Crew. Como resultado, nenhuma delas conseguiu se destacar do montão.

“Eu nem sei se vai existir um vencedor”, disse Sucharita Mulpuru, analista da Forrester Research. “Este modelo nunca vai dominar o mundo”.

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