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Por que a Dasa cresce, mas não convence os investidores

Sob nova direção, o maior laboratório do país se reestrutura, melhora margens e vai às compras, mas o mercado ainda quer mais

Laboratório da Dasa: crescimento orgânico deveria voltar ao foco, dizem analistas (EXAME)
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Da Redação

Publicado em 15 de dezembro de 2010 às 17h21.

São Paulo - Há pouco mais de um ano, a Dasa vive um intenso processo de reestruturação para vitaminar os resultados. Desde a chegada dos novos controladores, a maior rede de laboratórios do país mudou grande parte de sua diretoria, fechou unidades e elevou as margens. Mas todo esse tratamento gerou um efeito colateral indesejado pelos analistas: a redução do crescimento orgânico, medido pelo aumento da receita em unidades com mais de um ano de vida.

A luz amarela piscou mais forte nos monitores do mercado no terceiro trimestre, quando o crescimento orgânico da Dasa ficou em 6,5%. O número mostra que o pulso da rede manteve sua tendência de desacelerar. Como comparação, no segundo trimestre, a taxa foi de 8,3%. No primeiro trimestre de 2009, era de 26,7%.

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Pelo mesmo critério, a concorrência mostra que está mais viva que a Dasa. O laboratório Fleury, segundo maior do país, encerrou o último trimestre com expansão de 11,9% - quase o dobro da da Dasa. E o pior: desde o quarto trimestre do ano passado, o Fleury tem crescido acima da média da companhia.

“A Dasa deveria apresentar um crescimento orgânico maior que o do Fleury, já que está mais bem posicionada no mercado da classe média emergente”, afirma um relatório da corretora Raymond James, assinado pelos analistas Guilherme Assis e Daniela Bretthauer. “Mas esse não tem sido o caso.”

Radiografia

O metabolismo das empresas é tão complexo quanto o de uma pessoa. Uma variável alterada é capaz de repercutir na organização inteira, mas não é preciso ser um Dr. House da gestão para entender o que houve com a Dasa. O ponto é que os remédios administrados para melhorar as margens surtiram efeitos desejados e indesejáveis.

A primeira atitude da Dasa foi fechar 20 unidades da rede de ambulatórios e hospitais até o terceiro trimestre. Eram unidades com baixa performance ou deficitárias.

Outra medida foi rever o catálogo de serviços prestados para reduzir o peso daqueles com pouca margem de lucro, como os de raio-X. Serviços com margem negativa, como os de reabilitação, simplesmente foram encerrados. Ao mesmo tempo, a empresa lançou um programa de 170 ações para cortar custos.


O tratamento surtiu efeito na geração de caixa medida pelo ebitda. O indicador cresceu 28,1% entre o terceiro trimestre de 2009 e o mesmo período deste ano, e alcançou 108 milhões de reais. No acumulado de nove meses, o ebitda somou 303 milhões de reais, ante 241 milhões da comparação. A margem de ebitda de nove meses passou de 23,1% para 26,5%.

Somente no terceiro trimestre, a margem de ebitda da empresa foi de 27,5%, ante 25,9% do Fleury. No mesmo período do ano passado, a situação era inversa: o Fleury tinha 27,8% de margem, e a Dasa, 22,9%.

Apetite

Até agora, o apetite dos controladores por resultados tem sido satisfeito, em parte, por uma agressiva estratégia de aquisições. A mais importante dos últimos meses é a compra da MD1, holding que controla os seguintes laboratórios de análises e serviços clínicos: Sérgio Franco, CDPI, Multi Imagem e Pro Echo. Com 122 unidades de atendimento e prestando serviços em dez hospitais, a MD1 espera faturar 449 milhões de reais neste ano.

A expectativa inicial é que a associação gere sinergias anuais de 120 milhões de reais. A compra ainda precisa ser aprovada pela assembleia de acionistas da Dasa, no final de dezembro. Os analistas acreditam que o negócio receberá o aval dos investidores, e receberam bem a iniciativa do laboratório.

O próprio laboratório, durante a apresentação de resultados trimestrais, não descartou que pode ir novamente às compras. Aliás, a empresa avaliou que os potenciais alvos poderiam agregar mais 1 bilhão de reais em receitas. No ano passado, a receita bruta da Dasa foi de 1,5 bilhão de reais. No acumulado de nove meses de 2010, está em 1,2 bilhão.

O problema, segundo os analistas, é que não basta crescer com base em aquisições. Isto porque leva tempo para que uma empresa comprada seja devidamente reestruturada e passe a apresentar os mesmos resultados das demais. Além disso, reduzir o ritmo de crescimento orgânico da receita pode gerar complicações no médio prazo.

“Acreditamos que a expansão adicional das margens trará uma contribuição pequena, se isso impedir a companhia de aumentar as receitas rapidamente sobre a base existente”, afirma o relatório da Raymond James. Não há remédio para a Dasa: se quiser contentar o mercado, será necessário acrescentar uma dose extra de atenção ao crescimento orgânico.

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