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Petroquímica inicia nova fase com troca de ativos entre Petrobras, Unipar e Braskem

Criação da Petroquímica do Sudeste e fortalecimento da Braskem avançam a consolidação do setor

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 31 de janeiro de 2012 às 17h07.

As trocas de ativos realizadas nesta sexta-feira (30/11) entre a Petrobras, Unipar e Braskem foram um passo importante na consolidação do setor brasileiro de petroquímica. Em um mesmo dia, movimentos coordenados das três permitiram que a Braskem se torne a terceira maior petroquímica das Américas, e uma nova companhia seja criada no país - a Petroquímica do Sudeste (nome não-oficial, adotado no mercado para se referir à parceria entre a Petrobras e a Unipar).

"Sempre dissemos que o setor precisava de uma consolidação de ativos", afirmou o presidente da Braskem, José Carlos Grubisich, em teleconferência com analistas de mercado. "Defendemos a existência de dois grupos fortes no mercado", completou. Esses grupos ganharam um desenho mais nítido após os acordos anunciados nesta manhã.

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De um lado, emerge uma Braskem mais robusta. Por meio de um acordo de troca de ativos, a Petrobras transferiu todo o capital que detinha da Copesul (37,3%), Ipiranga Petroquímica (40%), e Petroquímica Paulínia (40%). A estatal ainda pode transferir, num prazo de seis meses, 100% da Petroquímica Triunfo, que não entrou nesse acordo porque a Petrobras ainda precisa resolver divergências com a Petroplastic, sua sócia no empreendimento. Em troca, a participação conjunta da Petrobras e da Petroquisa (seu braço petroquímico) no capital da Braskem subirá de 8,1% do capital votante para 30%. No capital total, a fatia vai crescer de 6,8% para 25%.

Avanço rápido

Para a Braskem, os ganhos são muitos. Primeiro, passará a controlar 100% da Ipiranga Petroquímica, Copesul, Paulínia e, eventualmente, Triunfo. Também deterá 33,6% do capital votante - e 33,5% do total - da Petroflex. Com isso, a companhia passará a uma capacidade de produção de 3,250 milhões de toneladas de resinas termoplásticas por ano. Em todo o continente americano, esse volume só fica atrás, agora, do da Dow, com 5,039 milhões de toneladas, e da Exxon, com 4,767 milhões.


A receita bruta anualizada da companhia proforma, com base nos resultados até o terceiro trimestre, salta para 11,4 bilhões de dólares. Para se ter uma idéia da velocidade com que a empresa está avançando, basta lembrar que, em 2006, a empresa faturou cerca de 6,9 bilhões de dólares. Após o anúncio da compra do Grupo Ipiranga, em parceria com o Ultra e a Petrobras, no início deste ano, o faturamento proforma era estimado em 9,9 bilhões de dólares.

A receita líquida é avaliada em 9,1 bilhões de dólares, com uma geração de caixa de 1,7 bilhão de dólares e exportações de 2,3 bilhões de dólares. Em 2006, a Braskem detinha 7,5 bilhões de dólares em ativos. Com a nova estrutura, passa a contabilizar 11,5 bilhões.

O mercado aprovou o acordo. Por volta das 16h35, as ações preferenciais da Braskem (BRKM5) disparavam 8,32% na Bolsa de Valores de São Paulo, cotadas a 16,01 reais cada. Essas ações têm peso de 1,4% no Ibovespa, principal indicador do pregão paulista. No mesmo horário, o índice operava em alta de 2,14%.

De rivais a aliados

Sobretudo após a Petrobras anunciar a compra da Suzano Petroquímica por 2,1 bilhões de reais, em outubro, surgiram no mercado críticas à conduta da estatal. Para parte dos analistas, a empresa estaria tentando liderar o processo de consolidação do setor, iniciado com a parceira que arrematou o Grupo Ipiranga em março deste ano. Mais grave ainda: a Petrobras estaria tentando reestatizar o setor.

Para Grubisich, da Braskem, o acordo divulgado hoje também é importante para mudar essa percepção. "A transação acaba com o medo de ver a Petrobras como um concorrente e não como um aliado", diz. Segundo o executivo, o aumento de participação da estatal no capital da Braskem gera um alinhamento estratégico entre as empresas. Por ora, essas afinidades ainda não tocarão numa questão central para o segmento: o preço da nafta, matéria-prima para a produção de resinas. "O acordo envolve apenas a troca de ativos. Não tocamos no preço da nafta", afirma. Mas Grubisich não descarta que isso possa acontecer em algum momento. Com o redesenho do setor, a Braskem agora é a maior compradora mundial de nafta no mercado livre, com 9 milhões de toneladas por ano. "Provavelmente essa situação será reconhecida no momento certo e tenhamos algum desconto", observa.


A incorporação dos ativos repassados pela Petrobras vai gerar ganhos de sinergia de 1,147 bilhão de dólares à Braskem. As sinergias financeiras serão as maiores, contribuindo com 409 milhões de dólares, seguidas pelas da área industrial, com 267 milhões.

Focos distintos

Diante do porte que o negócio assume agora, a Braskem quer se voltar para o mercado internacional de petroquímica. "Queremos influir, no médio prazo, no cenário global", diz Grubisich. Além das exportações, a empresa também desenvolve um projeto para construir uma petroquímica na Venezuela. Apesar das turbulências políticas causadas pelo governo do presidente Hugo Chávez, o executivo afirma que o projeto está andando normalmente. A empresa já declarou, durante uma reunião com investidores em maio, que seu objetivo é estar entre os 10 maiores grupos petroquímicos do mundo até 2012, em valor de mercado.

Por se concentrar na internacionalização, a Braskem também não mostra preocupação com o outro fato importante que mexeu com o setor hoje: a parceria da Unipar e da Petrobras em uma nova companhia, chamada provisioriamente de Petroquímica do Sudeste ou Companhia Petroquímica do Sudeste. A sociedade será controlada pela Unipar, que deterá 60% do capital. A estatal brasileira terá 40% do empreendimento.

Segundo estimativas da Braskem, a nova concorrente nasce com uma capacidade instalada de 1,355 milhão de toneladas anuais de resinas termoplásticas, o que a colocaria como a 13ª maior empresa do setor nas Américas. "Claramente, a Petroquímica do Sudeste não será nossa concorrente. Vamos caminhar para a internacionalização", diz Grubisich.

Para compor a nova empresa, a Unipar fará um aporte de 380 milhões de reais, além de trazer ativos petroquímicos. O dinheiro será usado para comprar os 17% de capital da Riopol detidos hoje pela Petroquisa, além de 16% da Suzano Petroquímica. Já os ativos que a companhia agregará ao negócio são: 33% da Rio Polímeros, 51,35% da Petroquímica União, além da Unipar Química e da Polietilenos União.

Já a Petrobras aportará na sociedade os 100% de capital que possui da Suzano Petroquímica - cuja conclusão da compra também ocorreu hoje e remonta a 2,1 bilhões de reais -, mais 8,4% do capital da PQU. A Petrobras pretende fazer uma oferta pública de compra de ações, a fim de fechar o capital da Suzano e Petroquímica e incorporá-la à nova sociedade. A Unipar também deve uma OPA para recomprar os papéis da PQU em circulação e, posteriormente, retirá-la da bolsa.

Com informações da Agência Estado.

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