Petrobras espera acordo para a Sete Brasil até setembro
A Petrobras espera formalizar até setembro um acordo para a reestruturação da Sete Brasil, responsável pela construção de sondas para o pré-sal
Da Redação
Publicado em 12 de agosto de 2015 às 23h50.
Rio - A Petrobras espera formalizar até setembro um acordo para a reestruturação da Sete Brasil, responsável pela construção de sondas para o pré-sal .
Uma solução para a empresa é tida como vital para estancar a crise nos estaleiros, que aguardam recursos da empresa e financiamentos com bancos públicos para retomar a produção.
Com a crise no setor e sem recursos em caixa, a estatal priorizará o aluguel de unidades de produção - e não mais a construção de unidades próprias. Duas novas concorrências devem ocorrer até o final do ano, para operação em 2019 e 2020.
Em palestra para executivos do setor, o assessor especial da presidência da Petrobras, Paulo Alonso, afirmou que a companhia está "muito próximo" de um acordo, considerado "pedra-de-toque" para a crise do setor.
"É uma visão otimista", disse o executivo, após sua apresentação. "Este é um acordo ultraconfidencial. Mas, esperamos até setembro, talvez outubro, que se chegue a um acordo sobre a equação financeira da Sete Brasil, para que se possa aliviar financeiramente os estaleiros", afirmou.
Com uma carteira de 29 sondas, a Sete deixou de pagar aos estaleiros responsáveis pela construção das embarcações em novembro de 2014, após ser envolvida na Operação Lava Jato e ter suspensa a liberação de um financiamento já aprovado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
As dívidas com estaleiros já chegam a R$ 4 bilhões. Já há um plano de reestruturação, mas a empresa costura uma solução para o financiamento do projeto, que será reduzido para 19 sondas ou até menos.
Alonso também disse acreditar que em uma melhora no ambiente de negócios após os pagamentos. Segundo ele, os estaleiros poderiam regularizar o acesso ao Fundo de Marinha Mercante (FMM) a partir de uma definição das "questões jurídicas" de seus acionistas - citando nominalmente a OAS e a Odebrecht, envolvidas na Operação Lava Jato.
"O mais complexo já passou, com essas definições, poderemos colocar novamente a locomotiva na melhor marcha."
A situação no setor foi descrita pelo diretor do estaleiro Enseada, Humberto Rangel, como uma "paralisia" em função da crise de "liquidez e confiança", em referência à restrição aos financiamentos após as investigações. Rangel afirma ter R$ 600 milhões aprovados no FMM sem liberação até que haja acordo sobre a Sete Brasil.
O estaleiro já demitiu mais de 9 mil funcionários em Maragogipe (BA) e admite "dificuldades" em outro contrato de conversão de cascos para a Petrobrás.
"Podemos não ter fôlego para chegar no momento seguinte", alertou o executivo. "Não é só a Petrobras quem tem que carregar no ombro a indústria naval, ela não vai dar conta e hoje a gente vê isso", reforçou Rangel questionando a responsabilidade do governo federal na definição de um acordo.
Impactos
Para evitar novos atrasos, e diante da necessidade de cortar custos, a companhia também passará a adotar como "modelo preferencial" o aluguel de embarcações (afretamento). "Dificilmente a companhia vai investir US$ 1,7 bilhão para construir.
As exigências de conteúdo local são as mesmas. Como somos operadores, a multa recai sobre a companhia e não vamos querer pagar. Vamos orientar os afretadores a contratar no País, se os estaleiros estiverem preparados, competitivos e com bom modelo de planejamento e gestão", ressaltou.
Duas contratações já estão em curso na estatal e devem ser lançadas ainda este ano. As unidades serão destinadas às áreas de Sépia e Libra, ambas na Bacia de Santos, com início de operação em 2019 e 2020. Serão as primeiras contratações em um ano, quando as principais afretadoras foram bloqueadas dos contratos em decorrência da Lava Jato. Outras três unidades previstas no plano de negócios da companhia ainda não foram contratadas.
Alonso confirmou que a estatal autorizou os estaleiros a contratarem serviços no exterior - como China, Tailândia, Indonésia e Turquia - para acelerar as entregas. Mas ressaltou o avanço nas negociações para retomada do contrato com o consórcio QGI, responsável pelas obras das plataformas FPSOs P-75 e P-77, em Rio Grande (RS). A retomada das obras deve acontecer ainda este ano, e as unidades devem operar em 2019.
Rio - A Petrobras espera formalizar até setembro um acordo para a reestruturação da Sete Brasil, responsável pela construção de sondas para o pré-sal .
Uma solução para a empresa é tida como vital para estancar a crise nos estaleiros, que aguardam recursos da empresa e financiamentos com bancos públicos para retomar a produção.
Com a crise no setor e sem recursos em caixa, a estatal priorizará o aluguel de unidades de produção - e não mais a construção de unidades próprias. Duas novas concorrências devem ocorrer até o final do ano, para operação em 2019 e 2020.
Em palestra para executivos do setor, o assessor especial da presidência da Petrobras, Paulo Alonso, afirmou que a companhia está "muito próximo" de um acordo, considerado "pedra-de-toque" para a crise do setor.
"É uma visão otimista", disse o executivo, após sua apresentação. "Este é um acordo ultraconfidencial. Mas, esperamos até setembro, talvez outubro, que se chegue a um acordo sobre a equação financeira da Sete Brasil, para que se possa aliviar financeiramente os estaleiros", afirmou.
Com uma carteira de 29 sondas, a Sete deixou de pagar aos estaleiros responsáveis pela construção das embarcações em novembro de 2014, após ser envolvida na Operação Lava Jato e ter suspensa a liberação de um financiamento já aprovado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
As dívidas com estaleiros já chegam a R$ 4 bilhões. Já há um plano de reestruturação, mas a empresa costura uma solução para o financiamento do projeto, que será reduzido para 19 sondas ou até menos.
Alonso também disse acreditar que em uma melhora no ambiente de negócios após os pagamentos. Segundo ele, os estaleiros poderiam regularizar o acesso ao Fundo de Marinha Mercante (FMM) a partir de uma definição das "questões jurídicas" de seus acionistas - citando nominalmente a OAS e a Odebrecht, envolvidas na Operação Lava Jato.
"O mais complexo já passou, com essas definições, poderemos colocar novamente a locomotiva na melhor marcha."
A situação no setor foi descrita pelo diretor do estaleiro Enseada, Humberto Rangel, como uma "paralisia" em função da crise de "liquidez e confiança", em referência à restrição aos financiamentos após as investigações. Rangel afirma ter R$ 600 milhões aprovados no FMM sem liberação até que haja acordo sobre a Sete Brasil.
O estaleiro já demitiu mais de 9 mil funcionários em Maragogipe (BA) e admite "dificuldades" em outro contrato de conversão de cascos para a Petrobrás.
"Podemos não ter fôlego para chegar no momento seguinte", alertou o executivo. "Não é só a Petrobras quem tem que carregar no ombro a indústria naval, ela não vai dar conta e hoje a gente vê isso", reforçou Rangel questionando a responsabilidade do governo federal na definição de um acordo.
Impactos
Para evitar novos atrasos, e diante da necessidade de cortar custos, a companhia também passará a adotar como "modelo preferencial" o aluguel de embarcações (afretamento). "Dificilmente a companhia vai investir US$ 1,7 bilhão para construir.
As exigências de conteúdo local são as mesmas. Como somos operadores, a multa recai sobre a companhia e não vamos querer pagar. Vamos orientar os afretadores a contratar no País, se os estaleiros estiverem preparados, competitivos e com bom modelo de planejamento e gestão", ressaltou.
Duas contratações já estão em curso na estatal e devem ser lançadas ainda este ano. As unidades serão destinadas às áreas de Sépia e Libra, ambas na Bacia de Santos, com início de operação em 2019 e 2020. Serão as primeiras contratações em um ano, quando as principais afretadoras foram bloqueadas dos contratos em decorrência da Lava Jato. Outras três unidades previstas no plano de negócios da companhia ainda não foram contratadas.
Alonso confirmou que a estatal autorizou os estaleiros a contratarem serviços no exterior - como China, Tailândia, Indonésia e Turquia - para acelerar as entregas. Mas ressaltou o avanço nas negociações para retomada do contrato com o consórcio QGI, responsável pelas obras das plataformas FPSOs P-75 e P-77, em Rio Grande (RS). A retomada das obras deve acontecer ainda este ano, e as unidades devem operar em 2019.