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Para CEO da Alcoa, governança corporativa é caminho para a transparência

Executivo da Alcoa participa do Fórum EXAME - Melhores e Maiores

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h20.

"Não haverá lei que faça os gestores agirem com integridade, transparência e equidade enquanto esses valores não forem os princípios da companhia", afirmou Alain Belda, presidente e CEO mundial da Alcoa. O executivo participa, nesta sexta-feira (4/7), do Fórum EXAME Melhores e Maiores, cujo o tema é "Governança Corporativa A Preservação dos Valores da Empresa". O mesmo evento receberá o presidente Lula, que estará presente apenas no almoço -reservado aos executivos vencedores de Melhores e Maiores.

Para Belda, as empresas devem passar a se regular pela ética e seus compromissos e valores não podem ficar restritos à empresa. "Cumprir a lei é obrigação, não é opcional."

O executivo acredita que a crise de confiança gerada pelos escândalos financeiros de empresas nos Estados Unidos e Europa só pode ser comparado pela perda de credibilidade do governo americano junto à população na Guerra do Vietnã. "Os consumidores foram surpreendidos pela falta de informações das empresas que eles investiam." Belda citou a frase do presidente do banco central americano (Federal Reserve, o Fed), Alan Greenspan, afirmando que "não houve aumento de ganância, o que aconteceu é que aumentaram as oportunidades para a ganância".

Roberto Teixeira da Costa, vice-presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, também acredita que "transparência e informação" são fundamentais para que as empresas cresçam em bases sólidas. "Bolsa não é cassino, onde só os insiders [que têm informação] ganham e os minoritários, perdem", afirmou Costa, que também é membro do conselho de administração de várias empresas.

Os participantes do debate, mediado pelo jornalista Carlos Alberto Sardenberg, salientaram a importância das empresas se adequarem a leis e normas internacionais para garantir a credibilidade das instituições. "Empresas que desejam ter uma trajetória sólida, precisam se adequar à Sox", disse Belda, referindo-se à lei Sarbanes-Oxley, a mais profunda e abrangente legislação para o mercado de capitais nos Estados Unidos desde a reforma realizada após a quebra da bolsa em 1929.

Teixeira da Costa também afirmou que esse é um dos primeiros passos para as em empresas almejam a internacionalização, os princípios da boa governança corporativa e o mercado de capitais nos Estados Unidos. "Na União Européia, cerca de 7.000 empresas, inclusive médias e não apenas de capital aberto, estão aderindo a leis internacionais", afirmou.

"As empresas precisam se tornar mais provincianas", disse Edson Vaz Musa, presidente da Caloi. Para ele, a governança corporativa, às vezes, não funciona por causa do executivo.

José Guimarães Monforte, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, afirmou que é muito importante que as empresas e os executivos definam um bom conselho de administração, mas que também este órgão não pode ser extremamente independente que desconheça a realidade da empresa. "Não se pode ficar alienado sobre a ética da empresa", afirmou. Apoiado pelos outros executivos que estavam na mesa debatedora, Monforte afirmou que o oposta também é perigoso. "Não é possível garantir a integridade das informações e a tomada de decisões independentes quando o conselheiro está envolvido na rotina da empresa."

Alguns acreditam que a Sox também vai contribuir para o aumento da demanda de um produto que ainda não deslanchou no Brasil: o seguro de responsabilidade civil para conselheiros, diretores e administradores, conhecido pela sigla D&O (director and officer insurance). O seguro cobre equívocos nas tomadas de decisão que possam terminar em prejuízo para os acionistas -- mas perde efeito se for comprovada fraude do segurado.

Alain Belda

O palestrante Alain Belda, presidente e CEO mundial da Alcoa - maior fabricante de alumínio do mundo -, também participa do conselho do Citigroup Inc., da DuPont e da Fundação Ford. É membro do conselho de administração do The Conference Board, a principal associação de pesquisa empresarial do mundo.

Nascido em Meknes, no Marrocos francês, em 23 de junho de 1943, tornou-se cidadão brasileiro em 1982. Belda estudou no Brasil e no Canadá. Formou-se em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie no Brasil.

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