Pappas, da SAP: “Competir com as startups não nos dá medo. É uma ambição”
Em entrevista à EXAME, o executivo responsável pela operação da gigante de tecnologia SAP na América Latina Theo Pappas explicou planos da empresa e detalhou novas verticais de negócio que vão além do ERP
Maria Clara Dias
Publicado em 11 de maio de 2022 às 13h59.
Última atualização em 11 de maio de 2022 às 18h26.
Na SAP, empresa de tecnologia e software na nuvem para gestão corporativa, os dias em que havia medo pela chegada de novos entrantes no mercado de tecnologia ficaram para trás. Depois de 50 anos no mercado e uma presença que beira os 80% entre todas as grandes empresas do mundo, a briga com as startups deixou de ser uma insegurança, e passou a ser uma ambição para a alemã.
“Não temos medo de competir com as startups. Na verdade, para nós, isso é até vantajoso”, disse Theo Pappas, líder da operação da SAP na América Latina, em entrevista exclusiva à EXAME durante o Sapphire 2022, evento de inovação global da SAP que acontece nesta semana em Orlando, Flórida. Pappas, que tem passagem por empresas como Microsoft e IBM, detalhou os próximos passos e principais tendências mapeadas pela SAP na região.
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Conhecida por seus sistemas de gestão empresarial, a SAP quer avançar na jornada junto a seus clientes e ser agora o coração e outros órgãos vitais para o controle das operações. Para isso, o foco em grandes corporações deixou de ser prioridade — ao menos no Brasil. Segundo Pappas, hoje as pequenas e médias empresas (PMEs) são o centro das atenções da multinacional em terras latinas.
De olho nessas empresas, uma movimentação foi necessária: criar soluções mais ágeis e com implementações mais simples para times mais enxutos e orçamentos naturalmente menores. “É uma adaptação para a realidade das pequenas e médias empresas, mas que mostra nosso olhar atento e bem-sucedido para essas companhias”, disse.
De fato. É um esforço que já mostra seus resultados. Nos últimos anos, as soluções em nuvem da SAP cresceram cerca de dois dígitos na América Latina. É uma curva ascendente que já dura, ao menos, 27 trimestres consecutivos.
Na esteira de soluções que procuram atender às PMEs, a própria SAP tem se tornado, de certa forma, uma startup. A explicação para isso está na disputa acirrada com startups de ERP (sistemas para gestão empresarial) e o olhar para o setor de recursos humanos — que leva a empresa a entrar no campo das HRtechs, com soluções de RH.
Na prática, isso acontece graças a um leque estendido de soluções agora dedicadas ao RH e ao controle do dia a dia de funcionários nas empresas, durante todos os momentos de suas jornadas. A preocupação está em ir além dos sistemas para emissão de notas, controle de ponto e burocracias contábeis e operacionais e ajudar essas companhias a usar tecnologia para engajar os funcionários.
“Competir com startups, incluindo as HRTechs é na verdade uma grande oportunidade para a SAP. Afinal, temos a chance de provar nossa expertise que vem de anos, em áreas que estão hoje em crescimento”, disse Pappas. “A atração e retenção de talentos é uma vertical muito importante e um desafio que aceitamos, mesmo que seja junto de startups que fazem isso”.
Do lado das tendências para a região, seja para as grandes corporações ou PMEs, o executivo destacou o olhar para a sustentabilidade, experiência do cliente e jornadas cada vez mais personalizadas. “Em setores como o agronegócio, finanças — com as fintechs, varejo e bens de consumo, por exemplo, essas serão pautas em alta”.