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Pão de Açúcar e Sendas criam empresa de 3,5 bilhões de reais

Nesta terça-feira (09/11), Arthur Sendas, do grupo varejista carioca Sendas, e Abílio Diniz, principal acionista do Pão de Açúcar, anunciaram a criação de uma empresa que terá as 106 lojas das duas redes no estado do Rio de Janeiro. Cada sócio terá metade do capital da nova companhia. "A idéia é ganharmos eficiência com o […]

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

Nesta terça-feira (09/11), Arthur Sendas, do grupo varejista carioca Sendas, e Abílio Diniz, principal acionista do Pão de Açúcar, anunciaram a criação de uma empresa que terá as 106 lojas das duas redes no estado do Rio de Janeiro. Cada sócio terá metade do capital da nova companhia. "A idéia é ganharmos eficiência com o aumento da escala e a diluição dos custos no estado", afirma Diniz. Com mais poder perante a indústria, a nova empresa terá maior produtividade.

A gestão operacional da rede caberá à Companhia Brasileira de Distribuição (CBD), controladora do Pão de Açúcar, enquanto Arthur Sendas, que comanda a quinta maior rede varejista do país, assumirá a presidência do conselho de administração. Essas duas decisões são, aparentemente, as únicas certezas que os sócios têm sobre os rumos da associação. Nas próximas semanas, executivos dos dois grupos se reunirão para negociar muitas questões ainda pendentes. Como será batizada a nova empresa? (O nome provisório é Companhia Sendas de Supermercados.) Quem será seu principal executivo? No médio prazo, qual o futuro de cada uma das bandeiras? No estado, existem hoje 62 lojas Sendas e seis hipermercados Bon Marché, do grupo carioca, além de 11 lojas Pão de Açúcar, nove hipermercados Extra e 18 filiais da rede Barateiro, da CBD. (Os oito Casa Show, lojas do grupo Sendas de venda de material de construção, não entraram no negócio.) "No Brasil, estamos acostumados a ver compras e vendas de empresas e não fazemos negócios criativos", diz Diniz. "Essa associação inédita é um exemplo de criatividade. Ainda há uma série de questões a serem definidas."

O faturamento da nova empresa estimado para 2004 é de 3,5 bilhões de reais. O valor é inferior à soma das vendas dos dois grupos no estado no ano passado (2,5 bilhões de reais do grupo Sendas e 1,5 bilhão da CBD). Apesar das projeções, Diniz e Sendas estão confiantes de que a união ampliará as vendas da rede, que poderá, inclusive, ganhar novas lojas. "A expectativa é crescer, abrindo mais lojas e contratando mais gente", diz Diniz. "Nossas redes se complementam e só temos lojas rivais em dois bairros cariocas."

Segundo Sendas, a associação com a CBD vem sendo negociada há dois meses, embora o namoro entre os dois já dure seis anos. "Temos que nos adaptar ao novo mundo. A globalização, entre outras coisas, exige uma redução dos custos", diz Sendas. "A associação nos permite acelerar essa adaptação." O empresário, que no passado pregava a independência frente às grandes redes varejistas estrangeiras, contou que a idéia da união lhe foi apresentada pelo presidente do Pão de Açúcar, Augusto Cruz, e pelo diretor executivo do grupo, Caio Mattar.

"Não foi a primeira vez em que se discutiu um casamento entre as redes. Anos atrás, cheguei a conversar com o Arthur sobre um negócio envolvendo a troca de ações", afirma Diniz. "Desta vez, concluímos que a melhor saída era essa união." Os detalhes do contrato vêm sendo negociados exclusivamente pelas duas partes. "Não fomos aconselhados por nenhum banco", afirma Diniz. O empresário nega que seu grupo esteja se aproveitando de uma situação financeira frágil do rival (de janeiro a setembro, o grupo carioca acumula um prejuízo de 49,3 milhões de reais). "Não há oportunismo", diz Diniz. "O que passou, passou e agora é preciso pensar a união daqui para a frente."

Na nova empresa, o conselho de administração será formado por quatro representantes da Sendas, quatro da CBD e quatro membros independentes. Um dos assentos reservados à Sendas deve ser ocupado por alguém indicado pelo BNDES. Isso porque o grupo assinou, em dezembro de 2001, um contrato com o banco que lhe rendeu um financiamento de 127 milhões de reais por meio de uma emissão de debêntures conversíveis em ações. Os papéis equivalem a 15% do capital do grupo e vencem em 2007. Com o acordo, a Sendas se comprometeu a abrir seu capital até 2005 dentro do chamado Novo Mercado. A associação entre a empresa e o Pão de Açúcar torna a entrada na Bovespa uma incógnita. Será estudada a abertura ou não do capital, afirma Diniz. O certo é que toda a dívida do Sendas será integrada à nova empresa.

O BNDES, segundo Arthur Sendas, está entusiasmado com a união. "Estivemos com o presidente do banco e técnicos que nos deram os parabéns", afirma Sendas. "Eles consideraram muito importante a associação entre os dois grupos brasileiros." O BNDES informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o presidente do banco, Carlos Lessa, esteve em São Paulo na sexta-feira (5/12) e foi apresentado ao projeto de Diniz e Sendas, e que os técnicos do banco irão acompanhar os próximos passos da união para uma avaliação final.

O novo negócio no mercado fluminense levará o grupo Pão de Açúcar a faturar mais de 15 bilhões de reais no próximo ano. A estimativa é de que as vendas da CBD em 2003 cheguem a 13 bilhões de reais. Já o grupo Sendas prevê fechar 2003 com um faturamento de mais de 2 bilhões de reais. O prejuízo neste ano é dado como certo pelos cariocas. "O objetivo é levar a nova companhia aos patamares de rentabilidade da CBD", diz Diniz. Segundo ele, o fechamento desse negócio não tira a CBD da disputa pela rede nordestina Bompreço, que também é cobiçada pela americana Wal-Mart. "Continuamos no jogo", diz.

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