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Operação dos hospitais privados é ineficiente

Apesar de terem um faturamento alto, os estabelecimentos particulares de saúde geram um retorno operacional baixo

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

A operação dos hospitais privados brasileiros, mesmo os que têm fins lucrativos, é ineficiente. A conclusão é de uma pesquisa inédita a ser divulgada hoje (27/7) pela Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp).

Trata-se do primeiro levantamento do gênero, realizado com o apoio do centro de estudos de economia da saúde da Escola Paulista de Medicina, com 27 hospitais, que juntos faturaram 2,9 bilhões de reais em 2003, quase metade de todo o setor no país.

O retorno operacional desses hospitais, 52% dos quais com fins lucrativos, foi de 7% no ano passado. "É pouco, considerando que a conta inclui os hospitais considerados filantrópicos, isentos da cobrança de impostos", diz Francisco Balestrin, vice-presidente ANHP.

Um dos pontos críticos apontados pela pesquisa está na polêmica relação com as seguradoras, que representam 91% das receitas dos hospitais. As seguradoras têm reajustado os valores que pagam pelos procedimentos em cerca de 3% por ano, segundo Balestrin. Apenas a folha de pagamento do setor, no entanto, subiu cerca de 15%.

As empresas ainda demoram 68 dias, em média, para receber pelos procedimentos que executa. "É um prazo longo demais", diz Balestrin. "A preocupação com a eficiência está começando a se disseminar."

Ainda há muita disparidade entre os resultados dos hospitais. Em alguns hospitais, a porcentagem da receita dedicada ao quadro de funcionários é de 15%. Em outros chega a 64,7%. O número de funcionários por leito varia entre 2,29 e 12,66.

"Escala, lucro e produtividade só começaram a deixar de ser malvistos no serviço privado de saúde brasileiro recentemente", diz Maurício Ceschin, sócio da consultoria Integrare, especializada em serviços de saúde. "Os hospitais estiveram tradicionalmente ligados a grupos religiosos ou filantrópicos e nunca foram tratados como um negócio."

Alguns hospitais começaram a se mexer para garantir a própria sobrevivência. O maior hospital privado do país, o paulista Albert Einstein, que faturou 481 milhões de reais em 2003, contratou o executivo carioca Gustavo Leite, em janeiro deste ano. Até então, Leite comandava a subsidiária brasileira da Monsanto, uma das maiores empresas de agronegócios do mundo.

Os diretores voluntários, que comandaram a instituição ao longo das três décadas, assumiram um conselho de administração. "O exemplo do Einstein ainda é uma exceção", diz Balestrin, que também comanda a rede de hospitais Vita, com três unidades no Sul do país. "Mas deve ser um exemplo cada vez mais repetido daqui para a frente."

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