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8 empresas que refletem os desafios brasileiros em 2012

Do varejo à construção civil, passando pelo setor de óleo e gás, confira as companhias em ascensão ou em dificuldades que merecerão atenção neste ano

DR

Da Redação

Publicado em 11 de janeiro de 2012 às 08h52.

Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h27.

Poucas construtoras cresceram tanto nos últimos quatro anos quanto a Delta Engenharia, do pernambucano Fernando Cavendish. O estreito relacionamento do empresário com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, com o ex-ministro José Dirceu, e com outros figurões da política fez com que a companhia se tornasse a principal receptora de recursos do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), com um faturamento próximo de 3 bilhões de reais. Somente na gestão de Cabral no governo fluminense, a receita proveniente de contratos com o estado multiplicou-se por oito – muitos dos quais sem licitação. Apenas em 2010, a Delta recebeu 127 milhões de reais por essa via, sem participar de nenhum processo concorrencial. Em São Paulo, a Delta está à frente da construção do Terminal Remoto do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, em um contrato de 86 milhões de reais, também sem licitação, para a Infraero (estatal de aeroportos). Em novembro do ano passado, o teto da obra desabou, ferindo dois funcionários. O terminal, conhecido como “puxadão”, deveria ter sido inaugurado em dezembro, antes do período de férias. Devido o desabamento, a inauguração está agora prevista para o final de janeiro.
  • 2. Pão de Açúcar: Uma saída nada à francesa

    2 /8(Germano Lüders/EXAME.com)

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    Este ano será emblemático para a maior rede varejista do Brasil. Ela perderá Abilio Diniz, seu mais célebre executivo. Filho do fundador da rede, Valentim Diniz, o empresário terá de deixar a presidência do conselho do grupo em 22 de junho, conforme prevê o contrato de acionistas firmado com o grupo francês Casino, a quem Diniz vendeu 24,5% do Pão de Açúcar em 2005. A contagem regressiva para a saída causa barulho desde meados de 2011, quando o empresário articulou uma fusão entre a companhia e o grupo Carrefour. O movimento lhe garantiria perenidade na empresa de sua família, além de importante participação na composição acionária do grupo Carrefour. A estratégia, que causou alvoroço e manchetes na imprensa em diversos países, deu errado – e Diniz levou, de quebra, um processo junto à Câmara Internacional de Arbitragem. A relação com seu sócio e presidente do Casino, Jean-Charles Naouri, azedou. A despeito do imbróglio, há quem diga que o empresário, de 74 anos, não se dará por vencido. Em 2012, aguarda-se um novo capítulo do embate adormecido.
  • 3. PanAmericano: De olho no crédito imobiliário

    3 /8(Divulgação)

  • O banco fundado por Silvio Santos iniciou 2011 no centro das atenções. Após ser vítima de uma fraude de 4,3 bilhões de reais (descoberta no final de 2010), a instituição foi alvo de análise minuciosa pela Polícia Federal, que produziu um extenso relatório sobre as atividades fraudulentas de seus executivos. Nele havia, inclusive, provas de envolvimento suspeito com figurões do PT, como o ex-ministro Luiz Gushiken, amigo pessoal do ex-presidente Lula. Contudo, após a venda da participação do empresário no banco para o BTG Pactual, de André Esteves, um novo horizonte formou-se para o PanAmericano. Seu novo presidente, José Luiz Acar Pedro, que foi um dos principais nomes do Bradesco, tomou para si a árdua tarefa de resgatar a credibilidade do banco junto ao mercado e aos clientes. Para isso, lançará mão de algumas estratégias em 2012, que irão desde a mudança da marca e do nome da instituição até a entrada em um novo segmento: o crédito imobiliário. Na última semana de dezembro, o PanAmericano adquiriu o controle da financeira Brazilian Finance (dona da BM Sua Casa), voltada ao financiamento habitacional. O BTG Pactual também entrou no negócio e atuará na gestão do grupo. Como André Esteves não costuma cultivar o hábito do fracasso, espera-se aí o surgimento de um nome de peso para concorrer com os bancos já consolidados no setor.
  • 4. Lupatech: O mau exemplo

    4 /8(Germano Lüders/EXAME)

    Principal fabricante nacional de equipamentos para a indústria de petróleo e gás, a Lupatech cresceu com a confortável parceria com a Petrobras, sua maior cliente. A dobradinha tinha tudo para dar certo. O final, contudo, não foi feliz e culminou em uma verdadeira operação de resgate à Lupatech. A empresa encerrou os últimos dias de dezembro com uma capitalização de 700 milhões de reais patrocinada pelo BNDESPar (fundo de participações do BNDES), Petros (fundo de pensão dos funcionários da Petrobras) e pela GP Investimentos (fundo de private equity especializado em empresas em dificuldades). Tudo ocorreu porque a fornecedora de equipamentos fez grandes investimentos para aumentar sua capacidade de produção para conseguir atender a demanda da Petrobras. No entanto, a estatal adiou inúmeros projetos, fazendo com que a companhia não conseguisse arrecadar a receita esperada. Ao mesmo tempo, cresceram as dívidas contraídas para viabilizar os investimentos e o caixa da empresa acabou sendo prejudicado. No final de 2011, a grande desconfiança era se a Lupatech teria recursos para arcar com os juros de seus títulos. Com a ajuda indireta do governo, ela conseguiu. No entanto, em 2012, com previsões cada vez menos otimistas de crescimento mundial, a petrolífera pode anunciar novos adiamentos. E a Lupatech – que colocou todos os seus ovos em apenas uma cesta – pode continuar na berlinda.
  • 5. Walmart: Missão impossível?

    5 /8(Robert Sullivan/AFP)

    Com um faturamento no Brasil superior a 22 bilhões de reais, 500 lojas e mais de 85 mil funcionários, fica difícil imaginar que o Walmart esteja passando por um período difícil. Mas é isso mesmo que está acontecendo, em uma crise que se prolonga por, pelo menos, três anos. Problemas com a integração de redes varejistas adquiridas, contratos com fornecedores e mudanças de estratégia fizeram com que o grupo terminasse 2011 com um gosto amargo: doze lojas da bandeira TodoDia foram fechadas e cerca de 400 funcionários, demitidos. No ano passado, a gigante do varejo colocou em prática no mercado brasileiro sua estratégia global: eliminar promoções e negociar com fornecedores preços mais baixos que a concorrência. Em troca, sem os picos de vendas dos dias de promoção, tanto os fornecedores quanto a rede poderiam monitorar melhor toda a cadeia de suprimentos – e os preços constantemente mais baixos garantiriam, em teoria, um aumento das vendas. Contudo, não foi isso que aconteceu. Acostumado com promoções, o brasileiro não se sentiu atraído pela ideia do “preço baixo todo dia”, e o fluxo de clientes caiu mais de 5% no primeiro semestre. A empresa considera esse resultado uma espécie de adaptação do consumidor ao novo sistema. Internamente, o veredito ainda não é de fracasso. Contudo, a conjuntura de 2012 não deverá servir de apoio para a rede recuperar sua curva de crescimento. Enquanto o varejo cresceu em torno de 5% em 2011, as perspectivas mais otimistas apontam um avanço de 4,5% neste ano.
  • 6. Foxconn: A eterna novela do iPad

    6 /8(Getty Images)

    Ao longo de um ano, o consumidor aguardou em vão a chegada do tablet da Apple que seria produzido em território nacional pela taiwanesa Foxconn. Após declarações do governo sobre o início da fabricação, o impasse sobre os investidores que bancariam o projeto e o mistério que a própria Apple faz questão de manter, 2011 terminou sem qualquer vestígio de iPad brasileiro. Segundo adiantou o site de VEJA, a única certeza que se tem é que os ministros Aloizio Mercadante e Fernando Pimentel (das pastas de Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento, respectivamente) assinaram, em dezembro, a portaria que autoriza a Foxconn a produzir o tablet com o incentivo fiscal previsto na Lei do Bem. Falta apenas a assinatura do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para que a decisão seja publicada no Diário Oficial. VEJA também apurou que os funcionários já estão sendo treinados e os primeiros iPads devem sair da fábrica de Jundiaí no final do primeiro trimestre. A aguardar.
  • 7. Telefônica: Unificação com a Vivo

    7 /8(AFP/Arquivo)

    O Grupo Telefonica, maior conglomerado empresarial privado do país, passará em 2012 por dois momentos importantes. O primeiro é a unificação de suas marcas, em que prevalecerá a Vivo – empresa cujo controle foi adquirido da portuguesa PT em 2010. A integração societária das companhias foi finalizada em outubro do ano passado, abrindo espaço à integração da gestão. Nessa troca, a predominância da Vivo se dá por razões estratégias. Enquanto a Telefonica é campeã de reclamações no Procon/SP, com mais de 3 mil pedidos, a Vivo acumulou menos de 300 em 2011. Na Espanha e no restante da América Latina, a Telefonica já opera como Movistar, sua marca inicialmente usada apenas para telefonia celular, mas que, tal como ocorrerá com a Vivo, estendeu-se a outros serviços. Telefonica, a partir do segundo semestre, será apenas a marca institucional do grupo no Brasil. Outro desafio da empresa será concorrer com a liderança da NET, do empresário mexicano Carlos Slim, no segmento de TV a cabo. Com a aprovação do Projeto de Lei Nº 29, que permite o controle de empresas de TV a cabo por companhias estrangeiras, o grupo América Movil, de Slim, assumiu o controle da NET, iniciando um processo de integração entre a companhia, a Claro e a Embratel. A sinergia permite que o consumidor adquira pacotes unificados de TV, dados, telefonia fixa e celular. Como a unificação de marcas com a Vivo ainda não foi concluída, a empresa terá de esperar ainda alguns meses para brigar de igual para igual com o conglomerado mexicano.
  • 8. Petrobras: Cronograma atrasado

    8 /8(Divulgação/Petrobras)

    Em relatório divulgado em dezembro, a Agência Internacional de Energia (AIE) traçou perspectivas não muito positivas para a Petrobras em 2012. A alta do preço do petróleo deve impactar os custos da companhia e os projetos deverão atrasar mais do que o previsto. Entre as principais razões está a eterna deficiência logística do país, além das restrições impostas recentemente pelo governo que obrigam elevado porcentual de conteúdo local em boa parte da cadeia de produção do setor de óleo e gás. Tal iniciativa fez com que a Petrobras convidasse empresas como a Randon e a Tramontina, que jamais se envolveram no setor, a avaliar a possibilidade de produzir máquinas e equipamentos para extração de petróleo. Para 2012, a AIE projeta um aumento de 140 mil barris por dia (para 2,2 milhões de b/d). O dado não permite comemoração, pois representa uma queda de 30 mil b/d sobre a projeção anterior, devido ao adiamento para 2013 do projeto Waimea, nas águas rasas da Bacia de Campos. Em 2011, a Petrobras foi a companhia listada no Ibovespa que mais perdeu valor de mercado: foram 78,9 bilhões de reais a menos que em dezembro de 2010.
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