Modelo Lumia, da Nokia: Microsoft comprou a empresa para ser mais agressiva no mercado de smartphones (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 28 de abril de 2014 às 07h58.
São Paulo – A Microsoft anunciou, nesta terça-feira, a compra da divisão de celulares e de diversas patentes da finlandesa Nokia por um total de 5,44 bilhões de euros (aproximadamente 7,17 bilhões de dólares).
Na apresentação de 30 páginas que a Microsoft deixou disponível na sua área de relações com investidores, a empresa lista uma série de razões para investir na Nokia, que já foi a líder do mercado global de celulares, mas perdeu o passo com o avanço dos smartphones e, nos últimos tempos, vem tentando reconquistar o terreno perdiddo para asiáticas como a Samsung.
Veja, a seguir, os principais motivos para a Microsoft fechar o negócio, segundo a apresentação:
15% do mercado em cinco anos
Com a Nokia, a Microsoft quer alcançar uma fatia de até 15% do mercado global de smartphones em 2018. Segundo a página 22 da apresentação, a empresa estima que a produção total de celulares inteligentes, daqui cinco anos, será de 1,7 bilhão de unidades. – o que significaria uma produção de 255 milhões de aparelhos para a Microsoft.
Se esse percentual for alcançado, a Microsoft estima que poderá gerar uma receita anual de 45 bilhões de dólares com smartphones (algo como 176 dólares por aparelho). A empresa apresentou duas tabelas. Com uma margem operacional de 5%, isso daria um lucro operacional anual de 2,3 bilhões de dólares. Com margem de 10%, o lucro operacional dobraria para 4,3 bilhões.
Atualmente, a parceria da Nokia com a Microsoft, que oferece o sistema operacional Windows Phone para celulares, detém mais de 10% de participação em nove mercados, segundo a empresa, ficando à frente da BlackBerry em outros 34 mercados. O crescimento, no segundo trimestre deste ano, foi de 78% sobre igual período do ano passado, e totalizou 7 milhões de aparelhos com Windows Phone produzidos.
Sinergias de 600 milhões de dólares
Na página 21 da apresentação, a Microsoft afirma que espera capturar ganhos de sinergia com o negócio a partir de 2015. A sinergia projetada para a compra é de 600 milhões de dólares em 18 meses, a partir da conclusão do negócio.
Acesso a 8.500 patentes da Lumia e da Asha
Do total de 5,44 bilhões de euros pagos pela unidade de celulares da Nokia, 1,65 bilhão referem-se à aquisição de patentes e licenças de uso. Segundo a apresentação, a Microsoft está comprando mais de 8.500 patentes das marcas Lumia e Asha, além de uma licença de dez anos para usar a marca Nokia em seus celulares.
Mais de 60 licenças com terceiros
Ainda que combalida no mercado de smartphones, a Nokia possuía uma série de licenças de uso com gigantes do setor de tecnologia. O negócio fechado com a Microsoft também dará acesso a mais de 60 acordos de licenciamento que a Nokia havia fechado com parceiros como a Qualcomm, IBM, Motorola Mobility e Motorola Solutions.
Margem bruta quatro vezes maior
A parceria com a Nokia começou em fevereiro de 2011. Em novembro daquele ano, chegava ao mercado o primeiro celular da Nokia com Windows Phone, o Lumia 800. O acordo que vigorava até aqui dava uma margem bruta para a Microsoft de menos de 10 dólares por aparelho que rodasse o Windows Phone. Agora, com a aquisição e o reforço da aposta em smpartphones, a margem bruta esperada pela Microsoft é de mais de 40 dólares por unidade.
Integração de produtos
Uma das grandes críticas à gestão de Steve Ballmer na Microsoft foi que ele perdeu duas grandes ondas de renovação da tecnologia – o avanço dos smartphones e a eclosão dos tablets, o que transformou a empresa em uma fornecedora de softwares para o estagnado mercado de computadores de mesa (os famosos desktops).
Agora, com o acordo, a Microsoft espera criar uma grande rede integrada de produtos e serviços. O título da página 15 da apresentação é emblemático: Por que celulares? A primeira resposta da Microsoft, nesta página, é “aparelhos ajudam os serviços e os serviços ajudam os aparelhos”.
A empresa explica que, com o avanço da tecnologia da informação para os consumidores, os usuários importam tanto em casa, quanto no trabalho, o que demanda uma integração maior de aparelhos e serviços.
Tentativa de barrar a Apple e o Google
Na mesma página 15, a Microsoft afirma que não quer correr o risco de ver o Google e a Apple liderando a inovação em aplicativos, nem na integração, distribuição e geração de ganhos com a tecnologia de celulares. E termina afirmando que a Microsoft deve oferecer uma experiência de elevado nível a seus usuários de celular.