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O futuro do turbulento mercado automotivo pode estar em Genebra

Advertências sobre lucros, metas descumpridas e preços de ações em queda em fornecedoras de autopeças evidenciam a profundidade da turbulência na base

BMW: A montadora anunciou que irá fimar parceria com a arquirrival do segmento de luxo, a Daimler, em direção autônoma (BMW/Divulgação)

Karin Salomão

Publicado em 10 de março de 2019 às 08h00.

Última atualização em 10 de março de 2019 às 08h00.

A grande transformação do setor automotivo começou a chegar com força. Quem presta atenção sabe que uma mudança vem aí para as fabricantes de veículos globais que estão lidando com novas tecnologias, padrões de emissões mais rigorosos e aplicativos que transformaram os compradores de carros em locatários ou simples passageiros.

Por enquanto, a mudança do setor tem sido abstrata, mas novas revelações começaram a chegar nesta semana, no salão do automóvel de Genebra. Nas discussões entre executivos predominaram assuntos como a colaboração e a consolidação, em vez de novos modelos. Nos mercados, as consequências da transformação estão provocando cada vez mais vítimas.

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Advertências sobre lucros, metas descumpridas e preços de ações em queda em fornecedoras de autopeças como a Schaeffler e a ElringKlinger – pilares do setor – evidenciam a profundidade da turbulência na base. Além disso, com as notícias de que duas arquirrivais do segmento de luxo, a BMW e a Daimler, farão uma parceria em direção autônoma e de que a Volkswagen deixará que uma startup compartilhe a tecnologia para carros elétricos que a empresa alemã quer tornar padrão global, os novos contornos do setor já estão se delineando.

“Estamos entrando em um período em que o caos vai tornar a concorrência extremamente seletiva”, disse Carlos Tavares, CEO da PSA Group, em Genebra. “Talvez isso mude o modo como nossas empresas operam e também pode acabar criando oportunidades para fazer transações.”

Mudanças

As avaliações baixas do setor mostram que os investidores querem mais mudanças em um momento de gastos recorde, lucros em queda e novos concorrentes que disputam um lugar ao sol. A consolidação não é um remédio infalível, mas ajudaria a eliminar diversas despesas duplicadas, dos caros empreendimentos de software à tecnologia para baterias.

“Fazer parcerias é essencial para sobreviver à transformação do setor”, disse o diretor de desenvolvimento da BMW, Klaus Fröhlich, a jornalistas em uma entrevista coletiva conjunta com seu homólogo da Daimler, Ola Källenius.

Fornecedores em problemas

A Schaeffler, que fabrica componentes para motores a combustão e transmissões, anunciou na quarta-feira que vai demitir 900 trabalhadores e abandonar antigas metas de resultados. As ações da empresa caíram cerca de 44 por cento nos últimos 12 meses, após duas advertências sobre lucros em 2018.

As ações da fabricante de pneus e fornecedora de autopeças Continental, que também não conseguiu cumprir suas metas, caíram mais de um terço. A situação é ainda pior entre fornecedores de porte um pouco menor, como a ElringKlinger, fabricante de vedações para cabeçotes de cilindro, cujas ações sofreram uma queda de 60 por cento.

“Darwin, a sobrevivência dos mais aptos, os sinais estão em todos os lugares”, disse Arndt Ellinghorst, analista da Evercore em Londres, repetindo uma das frases favoritas de Tavares. “Agora, a combinação entre regulamentações extremas sobre emissões, a convergência de mobilidade e tecnologia e a desaceleração dos mercados finais vai acabar impondo a consolidação.”

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