Buffett elogia 3G e fala sobre sucessor em evento anual
Neste sábado, o bilionário marcou presença em mais um encontro anual da Berkshire Hathaway, palco para uma série de declarações que ecoaram na imprensa internacional
Da Redação
Publicado em 5 de maio de 2013 às 13h22.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 15h37.
São Paulo - Com 35.000 espectadores reunidos por seis horas, o encontro anual da Berkshire Hathaway poderia ser um show de rock. Mas o astro em questão se notabiliza pela habilidade financeira - apesar de já ter aparecido tocando ukelele com Bon Jovi. Neste sábado, os holofotes se voltaram novamente para ele: Warren Buffett. Como de praxe, o megainvestidor respondeu a uma série de perguntas dos acionistas, incluindo dúvidas sobre a parceria com os brasileiros do 3G Capital e sobre a capacidade da Berkshire de continuar ganhando alto - no primeiro trimestre, o lucro operacional da companhia subiu 42% em relação ao mesmo período de 2012. Confira os principais tópicos abordados:
Em fevereiro, a Berkshire e o 3G Capital, de Jorge Paulo Lemann, anunciaram um acordo para comprar a Heinz mediante um desembolso de 23 bilhões de dólares. A companhia de Buffett gastará três vezes mais que o 3G na aquisição. Mas perguntado a respeito da disparidade, Buffett afirmou que pagou um pouco mais que gostaria sem o 3G, mas que a companhia de private equity dos brasileiros tem "gestores extraordinários". "Eles têm estilo e são excepcionalmente bons", disse. "Então nós esticamos um pouco (o aporte) por conta disso". Na prática, a Berkshire emprestará dinheiro ao 3G com a compra de ações preferenciais, aumentando a alavancagem da Heinz. Mas Buffett acrescentou que o valor da companhia de alimentos deve crescer rapidamente sob a nova gestão, o que deverá compensar a investida. "É um negócio absolutamento justo. Eu não tive que mudar uma palavra nos termos do acordo", finalizou.
Do alto de seus 82 anos, o chamado Oráculo de Omaha admitiu que o conselho da empresa já tem um sucessor em vista. "Estamos firmemente de acordo quanto a quem essa pessoa deve ser", disse. O nome, contudo, permanece em segredo. O megainvestidor apenas esclareceu que seu filho, Howard Buffett, não será o eleito. Questionado sobre suas preocupações depois que deixar o comando da companhia, Buffett citou a preservação da cultura da Berkshire, com o bastão sendo passado para alguém que tenha ainda mais "paixão, cérebro e energia" que ele.
Buffett chamou a atenção para um fato: com a máxima histórica dos papéis da Berkshire Hathaway - as ações classe A passaram da barreira dos 162 dólares -, a companhia abocanhou o posto de quinta maior empresa de capital aberto no mundo, avaliada em cerca de 264 bilhões de dólares. A ascensão foi embalada pelos resultados recentes da empresa: de janeiro a março, a receita líquida da Berkshire subiu mais de 50%, atingindo 4,89 bilhões de dólares.
O investidor admitiu que crescer, nos dias de hoje, é uma tarefa mais árdua que antigamente. Isso porque a Berkshire já teria atingido um tamanho de respeito, com mais de 80 subsidiárias tocando negócios diferentes. Ainda assim, o empresário é otimista quanto ao futuro. "Estamos comprando negócios muito bons", disse. Buffett reforçou que apesar de a Berkshire estar pagando mais caro pelas empresas que entram no seu radar, a companhia permanece disciplinada.
Questionado sobre a febre recente com a bitcoin, uma moeda virtual que vem ganhando a atenção dos investidores, Buffett não titubeou: "dos nossos 49 bilhões (em caixa), não colocamos nada em bitcoin". Charlie Munger, vice-presidente da Berkshire, reforçou que não tem confiança na bitcoin como uma moeda universal.
Com participações relevantes em negócios de mídia, incluindo uma fatia no jornal The Washington Post, Buffett foi perguntado sobre o porquê de investir em publicações impressas, um negócio com taxas em franco declínio (a plateia, inclusive, aplaudiu o acionista que o inqueriu sobre a existência de negócios com melhores ganhos). Buffett defendeu que a compra de quase 30 jornais nos últimos anos guardava uma expectativa de retorno de 10%, descontados os impostos, o que ele chamou de uma taxa "decente". Ainda assim, ele ressalvou que a quantidade de dinheiro investida no negócio dentro da Berkshire não "move agulha na companhia".
A queda na rentabilidade dos bancos foi mencionada no encontro. A respeito das novas políticas dos bancos de investimento, Buffett pontuou que as estruturas de capital estão melhores e mais fortes do que eram no passado, com as instituições fazendo melhores empréstimos e se cercando de mais garantias. O Oráculo de Omaha acrescentou que os bancos, na sua opinião, não estarão por trás da nova bolha do capitalismo. "Me sinto muito bem com o nosso investimento no Wells Fargo".
A Berkshire tem uma fatia na companhia aérea NetJets. Mas não vislumbra a possibilidade de colocar dinheiro em mais nenhuma empresa do setor. Segundo Buffett, a indústria de companhias aéreos está em uma situação em que há custos adicionais "muito, muito baixos", mas enormes custos fixos e uma grande tentação de vender o último assento a preço de banana. "É mão de obra intensiva e capital intensivo, em grande parte como o negócio de commodities", afirmou.
Filantropo de carteirinha, Buffett já explicitou inúmeras vezes o desejo de doar a maior parte da sua riqueza. Perguntado sobre qual seria o montante ideal para deixar aos herdeiros - o bastante para que façam algo, mas não tanto que não façam nada - ele disse que o comportamento das crianças está muito mais ligado a como seus pais agem que ao tamanho da herança que recebem. O exemplo dado no lido com as finanças, por isso, seria de suma importância.
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