Negócios

O bilionário mundo das aceleradoras

John F. Wasik © 2016 New York Times News Service Quando Katlin Smith entrou na aceleradora de negócios New Venture Challenge, tinha desenvolvido uma ideia para produzir comida “simples, saudável e gostosa”, mas não sabia o que fazer com ela. Katlin entrou no programa, oferecido pela Escola de Negócios Booth da Universidade de Chicago, há […]

KATLIN SMITH, DA SIMPLE MILLS: ela passou de duas para 5.000 lojas após entrar para a aceleradora da Universidade de Chicago  / Taylor Glascock/The New York Times

KATLIN SMITH, DA SIMPLE MILLS: ela passou de duas para 5.000 lojas após entrar para a aceleradora da Universidade de Chicago / Taylor Glascock/The New York Times

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Da Redação

Publicado em 24 de outubro de 2016 às 13h59.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h02.

John F. Wasik
© 2016 New York Times News Service

Quando Katlin Smith entrou na aceleradora de negócios New Venture Challenge, tinha desenvolvido uma ideia para produzir comida “simples, saudável e gostosa”, mas não sabia o que fazer com ela.

Katlin entrou no programa, oferecido pela Escola de Negócios Booth da Universidade de Chicago, há dois anos e meio. Ela havia começado criando misturas para bolinhos sem glúten em sua sala de estar, na Carolina do Norte, e até então tinha “três produtos em duas ou três lojas”.

Os mentores e as orientações fornecidas pela aceleradora convenceram Katlin de que ela poderia ser a Betty Crocker da comida leve. “Nunca tinha imaginado o quanto poderia crescer”, afirma.

Ela pensou no conceito do negócio enquanto trabalhava na Deloitte, antes de começar a estudar na Booth, mas a aceleradora e o dinheiro que conseguiu com ela ajudaram Katlin a dar o próximo passo com sua startup.

Em 2014, poucos meses depois de entrar no programa, Katlin competiu contra 100 outras equipes e foi premiada com cerca de 30.000 dólares. Desde então, tem aumentado as vendas de seu negócio de modo exponencial.

Sua empresa, agora chamada Simple Mills, tem produtos em mais de cinco 5.000 lojas e levantou 5 milhões de dólares até o momento. Katlin não revela o valor das vendas anuais.

Enquanto trabalha para expandir a empresa, tirou uma licença da escola de negócios. Como muitos empreendedores com pouca experiência empresarial, ela procurou ajuda quando era relativamente jovem.

“Tinha 23 anos quando surgiu a ideia para o Simple Mills e 24 quando ganhei o desafio. Fui atraída para o programa da Booth por causa do número de recursos disponíveis para os empreendedores.”

Embora as definições variem, existem mais de 230 programas de aceleradoras em todo o mundo, que forneceram 19 bilhões de dólares em financiamento para mais de 6.000 empresas até hoje, de acordo com a Seed-DB.com, que fornece informações sobre as instituições desse tipo em todos os países. Das 160 aceleradoras dos Estados Unidos, cerca de 35 programas estão ligados a universidades.

Em resumo, as aceleradoras ajudam startups com financiamento, orientação e, muitas vezes, espaço para os escritórios. Todas elas fornecem uma vantagem essencial para qualquer empresário: apoio abrangente.

As duas primeiras aceleradoras do país são a Y Combinator, que forneceu 10,2 bilhões de dólares em financiamentos, e a TechStars, que deu quase 3 bilhões de dólares para startups.

Das empresas que surgiram a partir desses programas com financiamento significativo, apenas “2,1 por cento tiveram um resultado importante” – como uma venda, uma fusão ou a oferta pública inicial – afirma a professora Yael Hochberg, da Universidade Rice, diretora-gerente do Seed Accelerator Rankings Project.

Esse número, no entanto, pode ser enganador. “Para a maioria dos programas – e a maioria das empresas que participaram dos programas – é muito cedo para falar sobre resultados. Você precisa de mais uns cinco ou sete anos”, explica Yael.

Ela acrescenta que 40 por cento das empresas utilizando aceleradoras conseguem 250.000 dólares ou mais em financiamento de investidores-anjo ou capital de risco – uma indicação de que os programas estão dando uma boa ajuda aos empresários.

Apesar de todas as startups estarem focadas nos financiamentos, algumas aceleradoras têm objetivos especializados. A Manos Accelerator, com sede em San José, na Califórnia, procura empresários latinos. A missão da Women’s Startup Lab, que também fica no Vale do Silício, é “capacitar empreendedores do sexo feminino”.

No programa New Venture Challenge, da Booth, 30 equipes de estudantes apresentam seus planos de negócios em abril. São peneirados até chegar aos dez melhores segundo um painel de 25 escolas de negócios e juízes independentes, conta Steven Kaplan, diretor do programa e professor da Booth.

“É como um cadinho. É incrivelmente intenso e difícil”, diz Kaplan.

Os vencedores são escolhidos em junho e um total de 250.000 é dividido entre os dez finalistas. Os montantes dados podem variar. “No ano passado, o vencedor recebeu 90.000 dos 250.000”, conta ele.

Ocasionalmente uma aceleradora pode produzir uma estrela. Matt Maloney, um dos fundadores da GrubHub, o serviço comida para viagem on-line, ganhou o New Venture Challenge em 2006. A empresa, agora ligada a mais de 45.000 restaurantes em 1.100 cidades, teve mais de 120 milhões de dólares de receita no segundo trimestre deste ano, com um crescimento de 37 por cento ano-a-ano.

O GrubHub fez oferta pública de ações há dois anos e foi uma das poucas startups a encarar a bolsa. Maloney afirma que a aceleradora o ajudou a refinar e a desenvolver sua ideia para o GrubHub, que havia feito acordo com apenas 100 restaurantes de Chicago quando chegou à Booth.

“Eu sabia que tinha alguma coisa, mas não sabia o que era. Conheci um monte de gente inteligente e hipereducada tentando resolver o mesmo problema”, conta ele. “O aconselhamento dos mentores é o elemento-chave. O principal benefício do programa é ser capaz de fazer o modelo e de comunicar o poder do negócio”, afirma Maloney.

Ainda assim, nem todas as aceleradoras são iguais. O conselho de Maloney para os donos de startups que estão avaliando suas propostas é olhar para as pessoas envolvidas. Katlin Smith recomenda examinar com que tipo de empresários experientes a aceleradora trabalha e quanto aconselhamento pessoal é oferecido.

Os rankings da Seed-DB, que monitora esses programas, também oferece um guia para os empresários que procuram aceleradoras.

Nem todos os candidatos a startups podem entrar. A maioria dos programas tem um processo de seleção competitivo. No New Venture Challenge, por exemplo, dois terços das pessoas que se inscrevem não chegam ao corte final. As aceleradoras afiliadas a escolas de negócios normalmente exigem que os participantes sejam alunos matriculados.

Os programas também podem exigir uma participação de investimento nas companhias “geralmente cerca de 5 a 10 por cento do capital de investimento em troca do capital inicial – geralmente entre US$ 15 mil a US$ 25 mil”, de acordo com Amisha Miller, do programa da Fundação Kauffman, de Kansas City, no Missouri, que pesquisa a atividade empresarial.

Katlin Smith diz que achou “inestimável” o fato de seu programa ter incluído uma rede de pessoas que também eram empreendedoras em vários níveis. Algumas estavam envolvidas em startups, então ela pode trocar informações e obter apoio. Os empresários também estavam em condições de oferecer financiamento como investidores-anjo.

“Eu amo trabalhar com outros estudantes empresários para ajudá-los a pensar sobre seus negócios. Provavelmente ainda seria a dona da Simple Mills, mas não tenho certeza se seria tão grande”, acrescenta Katlin.

O programa da Universidade de Chicago, conta ela, “me ajudou a perceber o quão grande a empresa poderia ser e me estimulou a correr atrás desse sonho”.

Para aqueles que não têm inclinação acadêmica – ou que apenas não se sentem adequados para os rigores das principais escolas de negócios – outros programas de nível básico, como as incubadoras, podem ser mais adequados.

Essas entidades independentes costumam oferecer espaços de trabalho compartilhado; aulas de formação de negócios, marketing e financiamento; e oportunidades de redes de contatos. Alguns dos que participaram aconselham a escolher aquelas que oferecem apoio do começo ao fim, incluindo assistência técnica e acesso a financiamento.

Acima de tudo, aconselham os especialistas, certifique-se de que a rede de apoio da aceleradora vai combinar com a sua personalidade e com o seu modelo de negócio. Algumas podem ser muito agressivas, enquanto outras fornecem apenas orientação insuficiente.

“As duas qualidades mais importantes das melhores aceleradoras para você são a aptidão e a experiência dos mentores e diretores. O importante é se certificar de que a aceleradora é uma boa opção para sua empresa”, diz Yael Hochberg.

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