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Bancos dos EUA enfrentam nova regra que aumenta perdas

Nova regra que vai forçar os bancos a fazer provisões para empréstimos de recebimento duvidoso muito antes que deem problemas pode reduzir os lucros e o capital


	Dólares: tudo depende de como andará a economia quando o padrão for efetivado em 2020
 (Thinkstock/Ingram Publishing)

Dólares: tudo depende de como andará a economia quando o padrão for efetivado em 2020 (Thinkstock/Ingram Publishing)

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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2016 às 20h51.

Uma nova regra contábil que vai forçar os bancos a fazer provisões para empréstimos de recebimento duvidoso muito antes que deem problemas pode reduzir os lucros e o capital das instituições financeiras dos EUA.

Tudo depende de como andará a economia quando o padrão for efetivado em 2020. A regra, aprovada pela Comissão de Padrões de Contabilidade Financeira (FASB) na semana passada, teria impacto irrelevante sobre os lucros ou nível de capital dos bancos dos EUA nas atuais condições de crédito. Mas se a economia estiver em recessão ou saindo de uma, o montante que as instituições precisariam reservar pode disparar.

Para os quatro maiores bancos americanos, a diferença poderia ser de oito vezes, a partir de uma estimativa de 2015 do impacto da regra e dos dados de 2011, quando havia mais calotes. Para o JPMorgan Chase, o maior dos EUA, a diferença poderia chegar a US$ 12 bilhões e, para o Bank of America, a quase US$ 16 bilhões. Representantes dos quatro bancos se recusaram a comentar.

“É muito difícil adivinhar onde vai estar o ciclo econômico quando a regra passar a valer", disse Christopher Wolfe, analista de bancos da Fitch Ratings. “Se a regra fosse adotada hoje, no atual ambiente econômico, o impacto sobre o capital seria facilmente administrável. Mas pode ser bastante diferente daqui a alguns anos. Simplesmente não sabemos”.

Desempenho futuro

O novo padrão, que exige que os bancos façam provisões para perdas em todos os empréstimos quando são concedidos, baseando-se em expectativas sobre o desempenho futuro, surgiu como resposta às críticas durante a crise financeira de 2008 de que os credores demoraram demais para registar perdas com dívidas podres. O objetivo é acelerar esse processo e manter certo nível de reservas de forma que as perdas não cresçam muito em momentos de crise. Isso significa que haverá um aumento de uma vez só nas provisões quando a regra for adotada – e esse aumento pode variar em bilhões de dólares, dependendo de onde estiver o ciclo de crédito da economia doméstica.

Qualquer aumento nas reservas reduz o lucro líquido de um banco e isso significa acúmulo mais lento de capital via lucros retidos. Se houver perda devido a custos de financiamento mais altos, o capital diminuiu na mesma magnitude.

A versão final da regra será publicada em junho, depois que a equipe da FASB reescrever a última versão incorporando as decisões da comissão tomadas nos últimos anos. Na semana passada, a comissão decidiu dar aos bancos um ano adicional e ainda mais tempo aos credores menores para se adaptarem.

Os esforços para mudar como os bancos contabilizam potenciais empréstimos podres começaram em 2010. A primeira proposta da FASB era que todos os empréstimos fossem marcados a mercado, o que seria ainda mais duro no caso de condições econômicas deterioradas.

Subjetividade

Quase todo mundo concorda que as regras vão aumentar a subjetividade. Adivinhar futuras perdas, mesmo usando experiências anteriores como guia ou modelos sofisticados, não é uma ciência exata.

Um aumento na subjetividade empurraria o pêndulo para o outro lado. Na década de 1990, autoridades reguladoras avisaram os bancos para que não usassem as reservas para perdas em empréstimos para suavizar o desempenho dos lucros. Em 1998, o SunTrust Banks foi forçado a recalcular seus lucros depois de ser acusado de usar demais as provisões. Agora a subjetividade no cálculo das provisões pode voltar com a tácita aprovação dos reguladores.

“A abordagem regulatória se reverteu com o foco na criação de proteção suficiente se houver uma crise”, disse Wolfe, da Fitch.“Ao olhar para o futuro, sempre haverá alguma subjetividade”.

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