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Natura é a maior do mundo a conquistar selo sócio-ambiental

Até a adesão da Natura, as maiores companhias a fazer parte do time eram a Patagonia e a Ben & Jerry’s

Trabalhadores na fábrica da companhia em Cajamar, São Paulo: até a adesão da Natura, as maiores companhias a fazer parte do time eram a Patagonia e a Ben & Jerry’s (Marcos Issa/Bloomberg News)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2014 às 10h22.

São Paulo - A fabricante de cosméticos Natura promove hoje, dia 9 de dezembro, um evento na cidade de São Paulo para divulgar publicamente sua visão de sustentabilidade para o ano 2050.

Durante o encontro, a liderança da companhia e um de seus fundadores, Luiz Seabra, irão anunciar também um outro fato: a empresa brasileira passará a ser a de maior porte no mundo a se filiar a um movimento que nasceu nos Estados Unidos há pouco mais de dez anos e começa a ganhar corpo em outros países: o Sistema B. O “B” é uma alusão aos benefícios sociais e ambientais que as empresas que fazem parte desse grupo se propõem a oferecer.

Até a adesão da Natura, as maiores companhias a fazer parte do time, que conta com mais de 160 negócios em 37 países, eram as americanas Patagonia, fabricante de artigos para a prática de esportes radicais, e a Ben & Jerry’s, que produz sorvetes premium e pertence à multinacional Unilever.

Estima-se que cada uma dessas empresas fature cerca de 600 milhões de dólares por ano. Em 2013, a Natura obteve uma receita de 2,8 bilhões de dólares.

Para se juntar ao time das empresas “B” e receber o selo, que será entregue durante o evento ao presidente da empresa, Roberto Lima, a Natura submeteu suas políticas e práticas relacionadas a governança, comunidade, funcionários e meio ambiente ao escrutínio do B Lab, uma espécie de auditoria independente.

Isso significa que a empresa respondeu um questionário de 165 questões e foi obrigada a apresentar evidências que atestassem a veracidade de todas as suas respostas. Além disso, executivos da Natura foram submetidos a entrevistas.

Ao final do processo, a companhia obteve 111 pontos, numa escala que vai de 0 a 200. Trata-se de uma classificação superior à média do universo das empresas B, que é de 98 pontos. Negócios que obtém menos de 80 pontos não se qualificam para receber o selo.

Mas para ostentar o título de empresa B, a Natura teve de dar ainda um passo ousado: até março de 2015, a empresa irá incluir em seus documentos societários os compromissos sociais e ambientais. “O fato de que não almejamos apenas a prosperidade financeira do negócio, mas a prosperidade da sociedade, sempre esteve presente no nosso agir, na nossa missão e nos nossos valores, mas agora, além disso, esse objetivo também estará explicitado no nosso estatuto”, afirma João Paulo Ferreira, vice-presidente comercial e de sustentabilidade da Natura.

A visão de sustentabilidade da Natura para 2050 é um tanto quanto ambiciosa. Isso porque, para daqui a pouco mais de trinta anos, o que a liderança e os fundadores da fabricante de cosméticos querem é que o negócio seja capaz de gerar o que alguns especialistas vêm chamando de impacto positivo. E o que isso significa? “Que a existência da empresa deve ajudar a tornar o meio ambiente e a sociedade melhores”, diz o documento no qual a companhia explica a visão em detalhes.

Hoje, o que a Natura e outras empresas fazem – e isso já com algum esforço – é tentar reduzir e mitigar os impactos negativos gerados por suas atividades.

Um exemplo: dentro da lógica do impacto positivo, em 2050 a Natura irá se provar capaz de, por meio de um sistema de logística reversa eficientíssimo, coletar e destinar para reciclagem uma quantidade de material pós-consumo maior do que o que ela gera. Hoje, nenhuma empresa de bens de consumo do país – e a Natura não foge à regra - consegue recolher e destinar para reciclagem um volume significativo daquilo que vende aos consumidores e que eles, mais tarde, descartam.

Dito isso, para que o sonho que uma das companhias mais badaladas do país nutre para 2050 não soe como um completo devaneio, seus executivos definiram metas mais concretas para um horizonte mais curto que devem ajudá-los a chegar lá.

No caso dos resíduos, por exemplo, até 2020, a Natura quer coletar e destinar para reciclagem 50% daquilo que é gerado pelas embalagens de seus produtos. “É um objetivo difícil, mas já definimos alvos difíceis antes e chegamos lá”, diz Denise Alves, diretora de sustentabilidade da empresa.

Não se trata de pura retórica. Aqui e fora do país a Natura é reconhecida por estabelecer nortes na seara da sustentabilidade que, a maioria das empresas, não ousaria ter e, muito menos, tornar públicos. Há sete anos, por exemplo, a companhia definiu a meta de diminuir 33% de suas emissões de gases causadores do efeito estufa até 2011. A tarefa se mostrou bem mais trabalhosa do que parecia e o resultado foi, sim, conquistado – dois anos depois do previsto.

Para o vice-presidente comercial e de sustentabilidade da Natura, João Paulo Ferreira, a adesão ao sistema “B” deve contribuir, e muito, para que a tal visão de sustentabilidade para 2050 saia do papel.

Afinal, a cada dois anos, para manter o selo de empresa B, a fabricante de cosméticos terá de provar ao B Lab que suas práticas e políticas de sustentabilidade estão avançando. Caso contrário, adeus certificação. “A barra já é alta, mas ela terá de continuar subindo e isso vai gerar muita mobilização dentro da companhia”, diz Ferreira.

Além disso, a ideia dos executivos da Natura é que a sua entrada no movimento motive outras grandes companhias brasileiras a tentar conquistar o selo. O Sistema B já conta com cerca de 30 empresas certificadas no país, mas elas são todas de pequeno porte.

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São Paulo - A fabricante de cosméticos Natura promove hoje, dia 9 de dezembro, um evento na cidade de São Paulo para divulgar publicamente sua visão de sustentabilidade para o ano 2050.

Durante o encontro, a liderança da companhia e um de seus fundadores, Luiz Seabra, irão anunciar também um outro fato: a empresa brasileira passará a ser a de maior porte no mundo a se filiar a um movimento que nasceu nos Estados Unidos há pouco mais de dez anos e começa a ganhar corpo em outros países: o Sistema B. O “B” é uma alusão aos benefícios sociais e ambientais que as empresas que fazem parte desse grupo se propõem a oferecer.

Até a adesão da Natura, as maiores companhias a fazer parte do time, que conta com mais de 160 negócios em 37 países, eram as americanas Patagonia, fabricante de artigos para a prática de esportes radicais, e a Ben & Jerry’s, que produz sorvetes premium e pertence à multinacional Unilever.

Estima-se que cada uma dessas empresas fature cerca de 600 milhões de dólares por ano. Em 2013, a Natura obteve uma receita de 2,8 bilhões de dólares.

Para se juntar ao time das empresas “B” e receber o selo, que será entregue durante o evento ao presidente da empresa, Roberto Lima, a Natura submeteu suas políticas e práticas relacionadas a governança, comunidade, funcionários e meio ambiente ao escrutínio do B Lab, uma espécie de auditoria independente.

Isso significa que a empresa respondeu um questionário de 165 questões e foi obrigada a apresentar evidências que atestassem a veracidade de todas as suas respostas. Além disso, executivos da Natura foram submetidos a entrevistas.

Ao final do processo, a companhia obteve 111 pontos, numa escala que vai de 0 a 200. Trata-se de uma classificação superior à média do universo das empresas B, que é de 98 pontos. Negócios que obtém menos de 80 pontos não se qualificam para receber o selo.

Mas para ostentar o título de empresa B, a Natura teve de dar ainda um passo ousado: até março de 2015, a empresa irá incluir em seus documentos societários os compromissos sociais e ambientais. “O fato de que não almejamos apenas a prosperidade financeira do negócio, mas a prosperidade da sociedade, sempre esteve presente no nosso agir, na nossa missão e nos nossos valores, mas agora, além disso, esse objetivo também estará explicitado no nosso estatuto”, afirma João Paulo Ferreira, vice-presidente comercial e de sustentabilidade da Natura.

A visão de sustentabilidade da Natura para 2050 é um tanto quanto ambiciosa. Isso porque, para daqui a pouco mais de trinta anos, o que a liderança e os fundadores da fabricante de cosméticos querem é que o negócio seja capaz de gerar o que alguns especialistas vêm chamando de impacto positivo. E o que isso significa? “Que a existência da empresa deve ajudar a tornar o meio ambiente e a sociedade melhores”, diz o documento no qual a companhia explica a visão em detalhes.

Hoje, o que a Natura e outras empresas fazem – e isso já com algum esforço – é tentar reduzir e mitigar os impactos negativos gerados por suas atividades.

Um exemplo: dentro da lógica do impacto positivo, em 2050 a Natura irá se provar capaz de, por meio de um sistema de logística reversa eficientíssimo, coletar e destinar para reciclagem uma quantidade de material pós-consumo maior do que o que ela gera. Hoje, nenhuma empresa de bens de consumo do país – e a Natura não foge à regra - consegue recolher e destinar para reciclagem um volume significativo daquilo que vende aos consumidores e que eles, mais tarde, descartam.

Dito isso, para que o sonho que uma das companhias mais badaladas do país nutre para 2050 não soe como um completo devaneio, seus executivos definiram metas mais concretas para um horizonte mais curto que devem ajudá-los a chegar lá.

No caso dos resíduos, por exemplo, até 2020, a Natura quer coletar e destinar para reciclagem 50% daquilo que é gerado pelas embalagens de seus produtos. “É um objetivo difícil, mas já definimos alvos difíceis antes e chegamos lá”, diz Denise Alves, diretora de sustentabilidade da empresa.

Não se trata de pura retórica. Aqui e fora do país a Natura é reconhecida por estabelecer nortes na seara da sustentabilidade que, a maioria das empresas, não ousaria ter e, muito menos, tornar públicos. Há sete anos, por exemplo, a companhia definiu a meta de diminuir 33% de suas emissões de gases causadores do efeito estufa até 2011. A tarefa se mostrou bem mais trabalhosa do que parecia e o resultado foi, sim, conquistado – dois anos depois do previsto.

Para o vice-presidente comercial e de sustentabilidade da Natura, João Paulo Ferreira, a adesão ao sistema “B” deve contribuir, e muito, para que a tal visão de sustentabilidade para 2050 saia do papel.

Afinal, a cada dois anos, para manter o selo de empresa B, a fabricante de cosméticos terá de provar ao B Lab que suas práticas e políticas de sustentabilidade estão avançando. Caso contrário, adeus certificação. “A barra já é alta, mas ela terá de continuar subindo e isso vai gerar muita mobilização dentro da companhia”, diz Ferreira.

Além disso, a ideia dos executivos da Natura é que a sua entrada no movimento motive outras grandes companhias brasileiras a tentar conquistar o selo. O Sistema B já conta com cerca de 30 empresas certificadas no país, mas elas são todas de pequeno porte.

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