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Na terra da Weg, uma empresa de moda esportiva fatura R$ 500 milhões e também quer ser global

No mercado há mais de 20 anos, a Live! projeta fechar o ano com faturamento de R$ 700 milhões

Gabriel Sens, da Live!: "Estar nos Estados Unidos nos permite sonhar com outros destinos, que é algo que desejamos fazer" (Live!/Divulgação)
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 9 de maio de 2024 às 07h31.

Última atualização em 10 de maio de 2024 às 10h28.

Uma fila se formou em uma das esquinas da Oscar Freire, em São Paulo, num dos últimos sábados de abril. A motivação era uma corrida de rua que ocorreria no dia seguinte. Por trás da movimentação, está uma empresa de Jaraguá do Sul, o município de Santa Catarina conhecido pela gigante de motores brasileira com renome internacional, a Weg.

A Live! fatura bem menos que a companhia que nasceu na mesma geografia. Está distante também de concorrentes internacionais, como Adidas, Nike e Puma, líderes globais em materiais esportivos. Mas tem a ambição de ser cada vez maior - e global.

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Como a marca Live! surgiu

A empresa foi criada em 2002 quando os sócios, o casal Gabriel e Joice Sens, notaram uma tendência: o aumento das práticas esportivas em academias. Filhos de Jaraguá, o administrador de empresas e a estilista estudavam em São Paulo. De volta à cidade, 'captaram' R$ 100.000 com a família, no modelo tradicional conhecido como family, friends and fools.

Em 2023, o negócio faturou R$ 500 milhões de reais e reúne um time de mais de 1800 pessoas. A marca dialoga com um público A e B, pessoas que deixam cerca de R$ 500 reais a cada compra nas lojas - ou e-commerce - da rede, hoje com 260 unidades espalhadas pelo país.

Da atuação esportivo, A Live! tem se posicionado também no mercado de athleisure, aglutinação em língua inglesa famosa nos últimos tempos por traduzir o uso de roupas que se encaixam tanto nas atividades físicas quanto no dia a dia dos escritórios.

Nos últimos anos, a disputa se acirrou no setor, que cresceu exponencialmente. Segundo a consultoria Mordor Intelligente, é um mercado que movimentou US$ 319 bilhões em 2023 em todo o mundo. Entraram desde novos concorrentes, como marcas que abriram verticais de esportes, e influenciadores, que buscam transformar o engajamento digital em negócios físicos.

Mas houve também um aumento em altos dígitos de tamanho de público que pratica atividades físicas e busca conforto nas peças que utilizam no cotidiano.

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As transformações do negócio

A própria Live! se beneficia dessa realidade. Em 2019, mais de 15 anos após o início da operação, o faturamento ficava em torno de R$ 100 milhões. Um volume bem inferior ao projetado para 2024: R$ 700 milhões, alta de 40% sobre o ano passado e sete vezes em relação ao registrado na pré-pandemia.

A estimativa vem a partir da entrada em operação de cerca de 40 novas franquias ao longo do ano e também do crescimento de 30% dentro do conceito de vendas nas mesmas lojas.

Os números que chamam a atenção carregam uma série de transformações na trajetória de 22 anos. A Live! começou vendendo para atacado, uma estratégia para criar musculatura. Em 2010, enveredou pelo varejo, criando a primeira loja. Cinco anos depois, adicionou o modelo de franquias, que responde por 180 do total de 260 unidades.

Ao contrário de muitas franqueadoras, a marca guarda a peculiaridade de ter um número considerável de unidades próprias, cerca de 80.“O custo dos investimentos nesses shoppings, as luvas, enfim, todo esse cenário demandava um capital mais elevado e que o franqueado não tem”, afirma Gabriel. As unidades estão em pontos estratégicos como shoppings em São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina.

Quais as fronteiras de crescimento da empresa

A marca também investiu na verticalização a partir de 2020, ao adquirir uma malharia e uma tinturaria. “Este processo nos trouxe um diferencial competitivo de escalabilidade, custos e de competitividade, eu diria, mas, sobretudo, o poder de inovar com mais velocidade e melhor qualidade”, afirma o fundador.

A combinação de estratégias tem se mostrado o caminho para a empresa avançar no mercado. Além das unidades próprias e franqueadas, o e-commerce exerce um papel considerável no negócio, com 20% do faturamento, fatia que cresceu na pandemia e se manteve no pós.

Os desafios estão em atrair o público masculino, com o qual a marca não falou por anos - as roupas femininas representam cerca de 90% das compras na rede.

A área, até então descoberta, agora é vista como uma das oportunidades paramanter os números em trajetória ascendente. O circuito de corridas de rua Live!Run, um “sonho antigo” e inaugurado em 2022 com distância de 5km a 21km, já é um esforço neste sentido.

Em outra frente, está a internacionalização, iniciada há alguns anos com a abertura de lojas nos Estados Unidos. O processo começou por Miami e conta com 4 unidades no país, além da oferta pelo e-commerce.

“É uma aposta para o futuro e também para expandir a mercados internacionais. Estar nos Estados Unidos nos permite sonhar com outros destinos, que é algo que desejamos fazer”, afirma Sens.

Ainda embrionária, a vertente responde por 5%. Resgatando as origens, a marca tem trabalhado com uma consultoria para colocar em atacados, em redes como Bloomingdale's e Anthropologie.

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