Na briga pela sua compra digital, essa empresa quer dobrar de tamanho e faturar R$ 200 milhões
A Social Digital Commerce foi criada para fazer a gestão de lojas digitais e atende marcas como Lego, Concha y Toro, Mallory e Freixenet
Repórter de Negócios
Publicado em 13 de dezembro de 2023 às 16h12.
Última atualização em 14 de dezembro de 2023 às 16h16.
O comércio eletrônico brasileiro movimentou cerca de R$ 450 bilhões entre 2019 e 2022, segundo dados do Mdic, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. O valor é mais do que o dobro do acumulado no triênio anterior, de 2016 e 2019.
Os volumes foram impulsionados na pandemia de Covid-19, período em que muitos brasileiros descobriram as compras digitais. A expansão contribuiu para pavimentar o crescimento de uma empresa então recém-chegada ao mercado.
Criada em 2017, em São Paulo, a Social Digital Commerce atua em um setor não muito sexy e instagramável. A empresa cuida da gestão e armazenagem de produtos oferecidos pelas marcas em e-commerce e marketplaces até a entrega na casa dos consumidores.
Como funciona a operação da Social
Na linguagem de mercado, é um negócio de “full commerce” e tem como principal concorrente a Infracommerce, companhia que abriu capital em 2021 e acelerou uma jornada de expansão, a partir de aquisições aqui e na América Latina.
O principal negócio da Social é a chamada “Digital Management”, divisão que responde por 75% do faturamento. Basicamente, a Social assume o controle da loja digital da empresa, estruturando o site, o cadastro dos produtos nos marketplaces, precificação e toda a cadeia logística.
A operação da companhia ainda tem unidades dedicadas a dados e desenvolvimento de estratégias de marketing digital e uma de criação de lojas conceito e pop-stores para alavancar vendas no digital.
O impacto positivo do avanço das compras online está traduzido nas cifras movimentadas pelo negócio. Em 2019, a Social registrou um volume transacionado de R$ 70 milhões, montante que avançou para R$ 750 milhões em 2022. Em faturamento, os números saltaram de R$ 1,9 milhão para R$ 65 milhões no intervalo de três anos.
A empresa trabalha no chamado “middle market” e tem um portfólio de 60 clientes, entre eles Lego, Concha y Toro, Copag, Mallory, Freixenet e o time de futebol Botafogo.
Quem está por trás do negócio
No comando da empresa, estão os sócios Ricardo Onofre e Diogo Olher. Onofre, hoje com 51 anos, entrou no mercado de vendas aos 17 anos, por uma necessidade familiar após a perda do pai. Ele começou a trabalhar oferecendo recargas de extintor de incêndio e depois ingressou no mercado financeiro, por indicação de um primo.
A oportunidade que o faria ampliar os horizontes veio anos depois ao entrar em uma empresa que desenvolvia produtos para marcas. A companhia estruturava os projetos e encontrava os fornecedores na China.
Com o conhecimento obtido nas negociações e no mercado asiático ao longo de mais de 15 anos, ele abriria a própria empresa de comércio exterior tempos depois, operação da qual saiu para criar a Social.No meio do caminho, conheceu Olher, publicitário que entrou na trading company para tocar projetos de marcas e topou participar da criação da Social.
Além dos dois, a empresa tem um family office liderado por Israel Geraldi, presidente da Softway, como investidor desde o ano passado. O novo parceiro aportou R$ 35 milhões em troca de 30% do negócio.
Quais são as novas frentes da Social
O crescimento rápido da empresa levou à criação de umquarto hub de negócio, dedicado à estruturação de projetos internacionais. Aberta no ano passado, a área representa 10% do faturamento e tem levado marcas brasileiras que anseiam explorar outros territórios para países da Europa, Ásia e também aos Estados Unidos.
Para ajudá-las neste internacionalização, a Social desenvolveu bases em Portugal, nos Estados Unidos e na China. Um próximo passo é atrair para o modelo as lojas online de marcas próprias desses países.
Outro movimento estratégico é a entrada em países da América Latina, como México, Chile, Argentina e Colômbia, para acelerar a diversificação.
“Pelos clientes que nós fechamos para o ano que vem, creio que vamos aumentar muito a representatividade na Europa”, afirma Onofre.
Quais são os próximos passos do negócio
Segundo o executivo, a empresa vai começar a operar as lojas digitais de mais de 50 clientes, incluindo Canon e Phillips. Os projetos já foram contratados e começam a rodar no início de 2024.
Apenas com essa movimentação, a Social espera dobrar de tamanho ao longo do ano que vem. A expectativa é de crescer 120%, faturando R$ 211 milhões.O GMV deve alcançar R$ 1,8 bilhão, R$ 600 milhões a mais em comparação com o valor deste ano.
O ritmo deve ser apoiado por investimentos de R$ 30 milhões, destinados à adoção de novas tecnologias de dados e estruturas de armazenagem.
A empresa está colocando de pé, por exemplo, um armazém em Recife, Pernambuco, para facilitar o fluxo de entregas em estados do norte e nordeste. Atualmente, os galpões estão em Itapevi, São Paulo, Extrema, Minas Gerais, e Itajaí, em Santa Catarina.