Mudanças na Petrobras esbarram em mobilização de 20 mil petroleiros
Demissões em uma subsidiária da Petrobras estão marcadas para esta sexta-feira, 14. Há 113 unidades da empresa em manifestação em 13 estados
Da Redação
Publicado em 14 de fevereiro de 2020 às 06h15.
Última atualização em 14 de fevereiro de 2020 às 07h22.
Uma nova paralisação deve mostrar a dificuldade de mudanças em companhias estatais. Os movimentos para impedir uma demissão em massa na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR), que pertence à Araucária Nitrogenados (Ansa), subsidiária da Petrobras , devem se intensificar nesta sexta-feira (14), quando está marcado o início das dispensas.
A unidade da Ansa está localizada na cidade de Araucária (a 400 quilômetros de Curitiba) e será desativada após dois anos de tentativas de venda do ativo. O processo chamado de “hibernação” ocorreu também com outras duas fábricas de fertilizantes da companhia no Sergipe e na Bahia.
De acordo com a Federação Única dos Petroleiros (FUP), no processo de hibernação das outras duas unidades da Fafen os trabalhadores foram realocados. Quase 400 funcionários diretos devem ser demitidos na Fafen-PR. Outros 600 empregados indiretos atuam no local.
Petroleiros e familiares estão acampados em frente à Fafen do Paraná há 24 dias. Outros dirigentes da FUP encontram-se, há 14 dias, dentro da sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, para negociar as demissões. Segundo a entidade, a empresa recusa-se a negociar.
Ao final desta quinta-feira, 13, 113 unidades da Petrobras encontravam-se com manifestações em 13 estados do país, com mais de 20.000 petroleiros mobilizados. Segundo a FUP, são 53 plataformas, 23 terminais, 11 refinarias, 23 outras unidades operacionais e 3 bases administrativas em estado de greve.
Na quarta-feira, 12, o Supremo Tribunal Federal determinou que seja cumprida a decisão do Tribunal Superior do Trabalho de manutenção do contingente de 90% dos trabalhadores durante a greve e reconheceu a legitimidade de aplicação de multa, desconto de dias parados e “outras medidas de caráter coercitivo” necessárias ao restabelecimento das atividades essenciais, segundo o STF.
Em nota, a Petrobras informa que “os resultados da Ansa, historicamente, demonstram a falta de sustentabilidade do negócio” e que, de janeiro a setembro de 2019, a unidade gerou prejuízo de quase 250 milhões de reais. A companhia acrescenta que, além das verbas rescisórias legais, as demissões devem envolver um pacote que inclui, entre outros itens, um valor adicional entre 50 mil e 200 mil reais.
As paralisações, que podem afetar a produção da Petrobras no trimestre, ocorrem em meio a um ambicioso programa de venda de ativos “non core” (não essenciais) da companhia. É o Brasil real mais uma vez se impondo ante os planos de reforma da máquina pública.