MONTADORAS: a reabertura da indústria é um desafio global (Germano Lüders/Exame)
Agência O Globo
Publicado em 6 de dezembro de 2021 às 14h21.
Última atualização em 6 de dezembro de 2021 às 14h38.
Com a falta de componentes, as fábricas de veículos instaladas no Brasil deixarão de produzir cerca de 300.000 unidades neste ano em relação ao que foi estimado no início do ano. A expectativa é da Anfavea, entidade que reúne as montadoras, que prevê que 2021 termine com uma produção de 2,219 milhões de unidades. Se a previsão se confirmar, o crescimento será de 10% em relação a 2020, quando foram fabricados 2 milhões de veículos.
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As montadoras alertam para o risco de carros inacabados ficarem parados nos páteos por falta de peças, já que a indústria automobilística vive uma transição das fases L6 para L7 no Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve). Essa mudança deverá ocorrer a partir de 1º de janeiro no segmento de automóveis e comerciais leves.
Segundo o programa, após esta data as montadoras devem produzir apenas modelos que já atendam às exigências da fase L7. Ou seja, se não receberem as peças para acabarem a produção de veículos L6 as fábricas podem até ter prejuízo. Pelo menos metade das montadoras do país está com esse problema, embora a Anfavea não estime quantos veículos podem ficar inacabados.
"Já agendamos uma reunião com o governo para levar o problema. Cada montadora deverá levar seus detalhes e se não fora dada uma autorização especial corre-se o risco de perder esses veículos", disse Moraes.
Para 2022, a expectativa é que a crise de oferta de componentes continue e o fornecimento seja restabelecido apenas em 2023. Pelas estimativas da consultoria BCG, no mundo, as montadoras deverão deixar de fabricar, este ano, entre 10 milhões a 12 milhões de unidades.
"Começamos o ano com uma expectativa de produção de 25% maior do que em 2020, com 2,5 milhões de unidades produzidas. Mas o ano foi de crise de oferta, então ela deve crescer cerca de 10%, chegando a 2,219 milhões", disse Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, lembrando que existe um previsão mais pessimista, que depende do desempenho das fábricas em dezembro. Nesse cenário, a produção cresceria apenas 6% chegando a 2,129 milhões.
Para 2022, os problemas de logística, como falta de contêineres e de navios, além de componentes, especialmente semicondutores, devem continuar. Especialistas avaliam que a cadeia de produção só seja restabelecida em 2023. Além desses obstáculos, também há pressão de custos, com reajuste de preços de materiais como aço (que subiu 100%) m além de borracha, resinas plásticas, diz o presidente da Anfavea.
"E como nossa indústria participa da indústria global, importando muitos componentes, ainda há a pressão do dólar. Há aumento de inflação em todo o mundo, mas no Brasil os reajustes foram muito fortes", completou.
Como em anos anteriores, as montadoras planejam ter férias coletivas no início de 2022, mas ainda estão planejando o período levando em consideração se vão receber componentes. Moraes disse que cada montadora tem uma situação diferente.
"Nunca vimos uma limitação de oferta dessa dimensão", afirmou o dirigente da Anfavea.