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Marfrig sofre dano colateral de escândalo da Petrobras

A Marfrig não conseguiu convencer os investidores a aceitarem rendimentos mais baixos em um momento de investigações contra empresas

Marfrig: a Fitch elevou a nota de crédito da empresa em um nível no dia 4 de novembro (Divulgação/Marfrig)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de novembro de 2014 às 13h29.

Nova York - Nem mesmo a Marfrig Global Foods SA, a fornecedora da carne do hambúrguer do McDonald’s Corp. que teve a nota elevada por duas agências de classificação nas últimas cinco semanas, pôde superar o descontentamento cada vez maior dos investidores com o Brasil.

A empresa com sede em São Paulo disse ontem que cancelou os planos de vender bonds de sete anos no exterior depois que os rendimentos exigidos pelos investidores não atingiram sua meta, estendendo uma seca de quase dois meses em ofertas de dívidas de grau especulativo do Brasil.

A empresa de frigoríficos queria uma taxa de juros de menos de 8 por cento, disse uma fonte familiarizada com o assunto que pediu anonimato porque a informação é privada.

Em junho, a firma pagou 6,875 por cento para vender US$ 850 milhões em notas com vencimento em 2019.

A Marfrig não conseguiu convencer os investidores a aceitarem rendimentos mais baixos em um momento em que uma investigação de corrupção cada vez maior na empresa estatal Petrobras e a gestão econômica da presidente Dilma Rousseff estão trazendo volatilidades para os mercados financeiros do país, disseram a GAM UK Ltd. e a Mitsubishi UFJ Securities.

A Fitch Ratings elevou a nota de crédito da Marfrig em um nível no dia 4 de novembro após um movimento semelhante da Standard Poor’s duas semanas antes.

“O país está nos estágios iniciais do que pode vir a ser um evento extremamente negativo”, disse Bevan Rosenbloom, estrategista da Mitsubishi UFJ em Nova York, em um e-mail. “SerA difícil ver novos negócios no Brasil no restante deste ano. Este realmente não é um mercado oportuno para os emissores”.

Queda nas emissões

Um assessor de imprensa da Marfrig, que pediu para não ser identificado devido à política da empresa, preferiu não comentar a respeito da oferta de bonds.

“Os níveis de preço indicados pelos investidores não chegaram ao objetivo da empresa”, disse a Marfrig ontem em um comunicado.

As empresas brasileiras venderam US$ 3,3 bilhões em bonds no exterior nos últimos três meses, uma queda de 50 por cento em relação ao mesmo período de 2013, segundo dados compilados pela Bloomberg.

No mesmo período, a emissão corporativa dos mercados emergentes em dólares subiu cerca de 8 por cento.

A Marfrig havia planejado usar o dinheiro da venda de bonds para recomprar seus US$ 775 milhões em notas com vencimento em 2020 naquela que teria sido sua quarta recompra nos últimos 12 meses para rolar os vencimentos e reduzir os custos do serviço da dívida.

Os rendimentos dessas notas caíram 2,9 pontos porcentuais neste ano, para 8,22 por cento.

Os custos de empréstimos para tomadores de empréstimos de grau especulativo de mercados emergentes mudaram pouco no período, permanecendo em 7,4 por cento.

Investigação sobre propinas

Os ativos brasileiros caíram nesta semana e o real atingiu seu menor valor em nove anos depois que a Polícia Federal prendeu dois ex-diretores da Petrobras e um grupo de executivos de empresas construtoras como parte de uma crescente investigação sobre propinas.

A investigação surge em um momento em que os investidores se preocupam com o fato de Dilma, que foi reeleita no mês passado, não estar se movimentando suficientemente rápido para revelar mudanças nas políticas para reanimar uma economia em recessão e atormentada pela inflação.

“As coisas estão indo bem para a Marfrig, mas o momento do Brasil não é bom”, disse Klaus Spielkamp, chefe de vendas de renda fixa da Bulltick LLC, por telefone, de Miami.

“Os clientes querem saber primeiro o que está acontecendo com a Petrobras. O mercado precisa se acalmar para que haja emissões”.

A assessoria de imprensa da presidente não respondeu a um e-mail enviado após o horário de expediente em busca de comentários a respeito do impacto da investigação de corrupção e dos anúncios de políticas do governo sobre as percepções dos investidores em relação ao Brasil.

Flávia Bedran, analista da S&P, disse que a incapacidade da Marfrig de vender bonds não prejudicará o rating da empresa. No dia 16 de outubro, a S&P elevou sua avaliação para B+, quatro níveis abaixo do grau de investimento, em linha com a Fitch.

Marfrig é ‘resiliente’

“A empresa tem melhorado as operações, tem se mostrado resiliente, e tem feito a lição de casa para reduzir os juros e alongar o perfil da dívida”, disse Bedran, por telefone, de São Paulo.

Os problemas do Brasil estão ampliando a probabilidade de que o país tenha seu rating reduzido, segundo Paul McNamara, gestor que supervisiona US$ 6,3 bilhões em dívidas na GAM.

Em março, a S&P reduziu o rating do Brasil para BBB-, um nível acima do grau especulativo, citando a recessão na maior economia da América Latina e a piora das contas fiscais.

“Novas reduções na nota são uma realidade, especialmente considerando a falta de envolvimento do governo atual”, disse McNamara, por e-mail. “A Marfrig tem classificação B, por isso um rebaixamento do teto soberano não afetaria a empresa. Mas altera as percepções”.

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Nova York - Nem mesmo a Marfrig Global Foods SA, a fornecedora da carne do hambúrguer do McDonald’s Corp. que teve a nota elevada por duas agências de classificação nas últimas cinco semanas, pôde superar o descontentamento cada vez maior dos investidores com o Brasil.

A empresa com sede em São Paulo disse ontem que cancelou os planos de vender bonds de sete anos no exterior depois que os rendimentos exigidos pelos investidores não atingiram sua meta, estendendo uma seca de quase dois meses em ofertas de dívidas de grau especulativo do Brasil.

A empresa de frigoríficos queria uma taxa de juros de menos de 8 por cento, disse uma fonte familiarizada com o assunto que pediu anonimato porque a informação é privada.

Em junho, a firma pagou 6,875 por cento para vender US$ 850 milhões em notas com vencimento em 2019.

A Marfrig não conseguiu convencer os investidores a aceitarem rendimentos mais baixos em um momento em que uma investigação de corrupção cada vez maior na empresa estatal Petrobras e a gestão econômica da presidente Dilma Rousseff estão trazendo volatilidades para os mercados financeiros do país, disseram a GAM UK Ltd. e a Mitsubishi UFJ Securities.

A Fitch Ratings elevou a nota de crédito da Marfrig em um nível no dia 4 de novembro após um movimento semelhante da Standard Poor’s duas semanas antes.

“O país está nos estágios iniciais do que pode vir a ser um evento extremamente negativo”, disse Bevan Rosenbloom, estrategista da Mitsubishi UFJ em Nova York, em um e-mail. “SerA difícil ver novos negócios no Brasil no restante deste ano. Este realmente não é um mercado oportuno para os emissores”.

Queda nas emissões

Um assessor de imprensa da Marfrig, que pediu para não ser identificado devido à política da empresa, preferiu não comentar a respeito da oferta de bonds.

“Os níveis de preço indicados pelos investidores não chegaram ao objetivo da empresa”, disse a Marfrig ontem em um comunicado.

As empresas brasileiras venderam US$ 3,3 bilhões em bonds no exterior nos últimos três meses, uma queda de 50 por cento em relação ao mesmo período de 2013, segundo dados compilados pela Bloomberg.

No mesmo período, a emissão corporativa dos mercados emergentes em dólares subiu cerca de 8 por cento.

A Marfrig havia planejado usar o dinheiro da venda de bonds para recomprar seus US$ 775 milhões em notas com vencimento em 2020 naquela que teria sido sua quarta recompra nos últimos 12 meses para rolar os vencimentos e reduzir os custos do serviço da dívida.

Os rendimentos dessas notas caíram 2,9 pontos porcentuais neste ano, para 8,22 por cento.

Os custos de empréstimos para tomadores de empréstimos de grau especulativo de mercados emergentes mudaram pouco no período, permanecendo em 7,4 por cento.

Investigação sobre propinas

Os ativos brasileiros caíram nesta semana e o real atingiu seu menor valor em nove anos depois que a Polícia Federal prendeu dois ex-diretores da Petrobras e um grupo de executivos de empresas construtoras como parte de uma crescente investigação sobre propinas.

A investigação surge em um momento em que os investidores se preocupam com o fato de Dilma, que foi reeleita no mês passado, não estar se movimentando suficientemente rápido para revelar mudanças nas políticas para reanimar uma economia em recessão e atormentada pela inflação.

“As coisas estão indo bem para a Marfrig, mas o momento do Brasil não é bom”, disse Klaus Spielkamp, chefe de vendas de renda fixa da Bulltick LLC, por telefone, de Miami.

“Os clientes querem saber primeiro o que está acontecendo com a Petrobras. O mercado precisa se acalmar para que haja emissões”.

A assessoria de imprensa da presidente não respondeu a um e-mail enviado após o horário de expediente em busca de comentários a respeito do impacto da investigação de corrupção e dos anúncios de políticas do governo sobre as percepções dos investidores em relação ao Brasil.

Flávia Bedran, analista da S&P, disse que a incapacidade da Marfrig de vender bonds não prejudicará o rating da empresa. No dia 16 de outubro, a S&P elevou sua avaliação para B+, quatro níveis abaixo do grau de investimento, em linha com a Fitch.

Marfrig é ‘resiliente’

“A empresa tem melhorado as operações, tem se mostrado resiliente, e tem feito a lição de casa para reduzir os juros e alongar o perfil da dívida”, disse Bedran, por telefone, de São Paulo.

Os problemas do Brasil estão ampliando a probabilidade de que o país tenha seu rating reduzido, segundo Paul McNamara, gestor que supervisiona US$ 6,3 bilhões em dívidas na GAM.

Em março, a S&P reduziu o rating do Brasil para BBB-, um nível acima do grau especulativo, citando a recessão na maior economia da América Latina e a piora das contas fiscais.

“Novas reduções na nota são uma realidade, especialmente considerando a falta de envolvimento do governo atual”, disse McNamara, por e-mail. “A Marfrig tem classificação B, por isso um rebaixamento do teto soberano não afetaria a empresa. Mas altera as percepções”.

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