Maiores empresas de capital aberto são lideradas por homens
Nenhuma das 63 companhias que compõem o principal índice de ações da Bolsa brasileira, o Ibovespa, tem mulheres no posto de presidente
Da Redação
Publicado em 2 de março de 2015 às 09h01.
São Paulo - Com a saída conturbada de Graça Foster da presidência da Petrobras e de Dilma Pena do comando da Sabesp, as maiores empresas brasileiras de capital aberto passaram a ter apenas homens no comando dos negócios.
Nenhuma das 63 companhias que compõem o principal índice de ações da Bolsa brasileira, o Ibovespa, tem mulheres no posto de presidente.
As duas executivas deixaram os cargos neste ano, em meio a crises que inviabilizaram suas gestões.
Funcionária de carreira, Graça saiu em fevereiro, depois que desdobramentos da Operação Lava Jato impediram a divulgação do balanço auditado da estatal.
Já Dilma Pena alegou problemas de saúde, após o agravamento da crise hídrica no Estado de São Paulo.
Nos conselhos de administração o cenário é um pouco diferente, mas não muito. Segundo levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo, apenas metade das empresas do índice tem presença feminina.
Ainda assim, elas são minoria e, em geral, fazem parte das famílias proprietárias.
"As empresas costumam ter a mesma proporção de homens e mulheres nos postos iniciais. Se imaginarmos uma pirâmide, a companhia vai ficando mais masculina", diz a especialista em economia do gênero e professora do Insper, Regina Madalozzo.
Segundo ela, a ausência de modelos no topo e a falta de políticas que permitam conciliar vida pessoal e profissional explicam esse cenário.
Sócio da consultoria Strategy& e autor de um estudo global sobre mulheres CEOs, Carlos Gondim é menos pessimista. Para ele, o atual retrato do Ibovespa esconde uma tendência de alta na participação feminina.
"A evolução depende de aspectos culturais, acesso à educação e nível de desenvolvimento das empresas. O Brasil segue a tendência mundial, mas a participação ainda é baixa", afirma.
O estudo deixa esses fatores evidentes: entre 2004 e 2013, apenas 1,7% dos CEOs eram mulheres, na média do grupo formado por Brasil, Rússia e Índia. Nos EUA e Canadá, o índice é de 3,2% e no Japão, não chega a 1%.
Mas, segundo Gondim, isso vem mudando. O estudo prevê que em 2040 um terço de todos os CEOs que estiverem ingressando nos cargos serão do sexo feminino.
Alguns setores, no entanto, mostram-se mais resistentes do que outros. No Ibovespa, o segmento de construção e engenharia é o único que não tem mulheres no conselho de administração de nenhuma empresa.
Globalmente, segundo a Strategy&, a indústria de materiais (que inclui desde produtos químicos até materiais de construção) teve o menor porcentual de presidentes do sexo feminino entre 2004 e 2013. Já Tecnologia da Informação lidera com a maior participação.
No contexto global, alguns casos se destacam, como o da engenheira americana Mary Barra, da GM, que quebrou paradigmas ao se tornar a primeira mulher a assumir o mais alto posto de uma montadora.
Cotas
Integrante do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a advogada Marta Viegas explica que o caminho escolhido por países como EUA e Suécia foi o estímulo gradual à participação feminina em cargos de gestão.
Ao contrário da Noruega, que optou por cotas para mulheres no board, as empresas suecas apresentam equilíbrio semelhante entre homens e mulheres nos conselhos sem lançar mão dessa política.
"É importante a preparação feminina desde os cargos de gerência", diz Marta.
O principal argumento de quem defende as cotas é o tempo necessário para que se alcance a igualdade de gêneros nos conselhos.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho, seriam necessários 200 anos para equilibrar os quadros das empresas em nível mundial.
No Brasil, Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza, é uma das defensoras das cotas. "Se não for assim, nem nossas filhas nem mesmo nossas netas vão participar de conselhos."
Liderado pela executiva, o grupo de trabalho Mulheres do Brasil vai enviar ao Congresso um projeto de lei que estabelece cotas em conselhos de administração de estatais e empresas de economia mista.
O objetivo é que o sistema seja transitório, até 2033, e garanta ao menos 30% dos assentos a mulheres. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
País | França | Ranking |
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% de mulheres em conselhos de administração no setor privado | 27% | 1º |
% de líderes mulheres no setor público | 25% | 10º |
% de mulheres no Parlamento | 27% | 7º |
País | Alemanha | Ranking |
---|---|---|
% de mulheres em conselhos de administração no setor privado | 21% | 2º |
% de líderes mulheres no setor público | 17% | 13º |
% de mulheres no Parlamento | 33% | 4º |
País | Reino Unido | Ranking |
---|---|---|
% de mulheres em conselhos de administração no setor privado | 19% | 3º |
% de líderes mulheres no setor público | 36% | 4º |
% de mulheres no Parlamento | 23% | 11º |
País | África do Sul | Ranking |
---|---|---|
% de mulheres em conselhos de administração no setor privado | 18% | 4º |
% de líderes mulheres no setor público | 38% | 3º |
% de mulheres no Parlamento | 42% | 1º |
País | Comissão Europeia | Ranking |
---|---|---|
% de mulheres em conselhos de administração no setor privado | 17% | 5º |
% de líderes mulheres no setor público | 27% | 8º |
% de mulheres no Parlamento | 27% | 6º |
País | Estados Unidos | Ranking |
---|---|---|
% de mulheres em conselhos de administração no setor privado | 17% | 6º |
% de líderes mulheres no setor público | 33% | 6º |
% de mulheres no Parlamento | 18% | 14º |
País | Austrália | Ranking |
---|---|---|
% de mulheres em conselhos de administração no setor privado | 14% | 7º |
% de líderes mulheres no setor público | 39% | 2º |
% de mulheres no Parlamento | 25% | 9º |
País | Canadá | Ranking |
---|---|---|
% de mulheres em conselhos de administração no setor privado | 13% | 8º |
% de líderes mulheres no setor público | 46% | 1º |
% de mulheres no Parlamento | 25% | 8º |
País | Itália | Ranking |
---|---|---|
% de mulheres em conselhos de administração no setor privado | 13% | 9º |
% de líderes mulheres no setor público | 28% | 7º |
% de mulheres no Parlamento | 31% | 5º |
País | Turquia | Ranking |
---|---|---|
% de mulheres em conselhos de administração no setor privado | 13% | 10º |
% de líderes mulheres no setor público | 9% | 16º |
% de mulheres no Parlamento | 14% | 16º |
País | China | Ranking |
---|---|---|
% de mulheres em conselhos de administração no setor privado | 8% | 11º |
% de líderes mulheres no setor público | 9% | 17º |
% de mulheres no Parlamento | 23% | 10º |
País | México | Ranking |
---|---|---|
% de mulheres em conselhos de administração no setor privado | 6% | 13º |
% de líderes mulheres no setor público | 21% | 12º |
% de mulheres no Parlamento | 37% | 3º |
País | Brasil | Ranking |
---|---|---|
% de mulheres em conselhos de administração no setor privado | 5% | 15º |
% de líderes mulheres no setor público | 34% | 5º |
% de mulheres no Parlamento | 9% | 19º |
País | Rússia | Ranking |
---|---|---|
% de mulheres em conselhos de administração no setor privado | 5% | 16º |
% de líderes mulheres no setor público | 23% | 11º |
% de mulheres no Parlamento | 14% | 17º |
País | Coreia do Sul | Ranking |
---|---|---|
% de mulheres em conselhos de administração no setor privado | 2% | 17º |
% de líderes mulheres no setor público | 5% | 18º |
% de mulheres no Parlamento | 16% | 15º |
País | Japão | Ranking |
---|---|---|
% de mulheres em conselhos de administração no setor privado | 1% | 18º |
% de líderes mulheres no setor público | 2% | 19º |
% de mulheres no Parlamento | 8% | 20º |
País | Argentina | Ranking |
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% de mulheres em conselhos de administração no setor privado | x | x |
% de líderes mulheres no setor público | 27% | 9º |
% de mulheres no Parlamento | 37% | 2º |
País | Arábia Saudita | Ranking |
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% de mulheres em conselhos de administração no setor privado | x | x |
% de líderes mulheres no setor público | 0% | 20º |
% de mulheres no Parlamento | 20% | 12º |