Negócios

Magazine Luiza quer levar linhas de crédito a pequenos e médios lojistas

Frederico Trajano, presidente do Magalu, tem conversado com agentes do mercado financeiro para que a varejista seja a ponte entre os recursos e as PMEs

Frederico Trajano, presidente do Magazine Luiza: varejista tem ajudado pequenos lojistas a obter certificação para emitir notas fiscais eletrônicas (Germano Lüders/Exame)

Frederico Trajano, presidente do Magazine Luiza: varejista tem ajudado pequenos lojistas a obter certificação para emitir notas fiscais eletrônicas (Germano Lüders/Exame)

NF

Natália Flach

Publicado em 3 de junho de 2020 às 21h00.

A atual missão do Magazine Luiza é ajudar a digitalizar o varejo brasileiro. Só que, para isso acontecer, a condição inexorável é que existam lojistas. Parece óbvio, mas em tempos de crise econômica não é, afinal, muitos devem fechar as portas por problemas financeiros nos próximos meses. Para evitar um quebra-quebra generalizado, o Magalu está conversando com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) e com outros agentes do mercado financeiro para estruturar uma forma de fazer o crédito chegar a pequenos e médios comerciantes.

"Estamos vendo a possibilidade de lançar uma linha de crédito para os sellers [lojistas] financiar seu capital de giro e folha de pagamento, por exemplo", disse Frederico Trajano, presidente do Magazine Luiza, se referindo a parcerias com fundos de investimento de direito creditório (FIDCs), em live promovida pela gestora Verde Asset. "Vamos participar de um bid [disputa] para repassar recursos para nossos vendedores - podemos assumir boa parte do risco, pois os conhecemos, sabemos quem são, há quanto tempo trabalham... é a oportunidade de fazer o dinheiro chegar na ponta."

O Magazine Luiza já financia os seus parceiros com a antecipação de recebíveis por uma taxa de desconto que, segundo Trajano, é menor do que a cobrada por empresas de maquininhas de cartões, como Cielo e Rede. "Uma vez ouvi do presidente de uma adquirente que o que ele faz é Robin Hood às avessas: cobra pouco dos grandes lojistas e muito dos pequenos", disse.

Para além de cuidar da sobrevivência das PMEs, outra frente importante para a varejista completar a sua missão é prover os meios para que os pequenos lojistas façam transações online. Nesse sentido, o Magalu desenvolveu ferramenta para que as PMEs emitam notas fiscais eletrônicas. Só que isso só funciona para aqueles que já são habilitados pela secretaria da Fazenda a fazer a emissão. Os demais precisam ir às juntas comerciais que, em tempos de pandemia, estão fechadas. "Nesse caso, desenvolvemos um processo com uma 'subcertificadora' que faz a certificação digital", conta, sem revelar o nome da parceira na empreitada.

Fato é que apenas 5% das 5 milhões de varejistas no Brasil vendem pela internet. Para Trajano, esse número deve dobrar agora por causa do isolamento social. Mesmo assim, é um percentual muito aquém do registrado pela China, de 30%, e pelos Estados Unidos, de 15% a 20%. "Estamos vendo consumidores que nunca compraram com a gente comprando pela primeira vez e clientes que compravam apenas produtos de linha branca, por exemplo, comprando itens de outras categorias, como papel higiênico", afirmou. "É uma tendência que veio para ficar."

O resultado dessa tendência é que, em maio, mesmo com 60% das lojas físicas fechadas, o Magazine Luiza viu as vendas crescerem 45% - crescimento que os 5 milhões de lojistas sonham ter.

Acompanhe tudo sobre:e-commerceMagazine LuizaVarejo

Mais de Negócios

Diga adeus aos copos Stanley. Em 2025, as pessoas estão obcecadas por uma outra garrafa de água

JD.com desafia gigantes do delivery com novo serviço sem comissões

A nova aposta milionária de um casal que transformou o mercado de câmbio no Brasil

Após falência e burnout, paulistana fatura R$ 1,4 milhão com kits corporativos