Lucro da Vale despenca 61,3% no 3o trimestre

Por Denise Luna

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Preços e produção menores em relação ao ano passado fizeram a Vale registrar forte queda de lucro no terceiro trimestre do ano, mas a recuperação em alguns mercados garantiu à maior produtora de minério de ferro do mundo uma melhor performance na comparação com o trimestre anterior, indicando melhores perspectivas.

O lucro da Vale de julho a setembro caiu 61,3 por cento contra o mesmo período em 2008, para 3 bilhões de reais, mas dobrou em relação ao segundo trimestre, quando lucrou 1,5 bilhão de reais.

A companhia ajustou o lucro do terceiro trimestre de 2008 ao padrão internacional de contabilidade IFRS que, com isso, ficou reduzido a 7,7 bilhões de reais, ante os 12,4 bilhões de reais registrados pelas regras antigas. Sem a mudança, a queda seria de 76 por cento.

A receita obtida com exportações evoluiu apenas 5,6 por cento contra o segundo trimestre, para 3,5 bilhões de dólares, e ficou bem distante dos 6,3 bilhões de dólares obtidos no terceiro trimestre de 2008.

"Veio um pouco acima do que eu esperava. Numa primeira avaliação me parece que a melhora foi aumento de venda de pelotas pela recuperação dos mercados da Europa e Oriente Médio", disse à Reuters o analista do Banif Gilberto Cardoso.

Segundo Cardoso, movido por esses mercados, a utilização da capacidade siderúrgica no mundo subiu no terceiro trimestre para entre 70 e 75 por cento, contra os 60 por cento no trimestre anterior.

A Vale informou que os embarques para a Europa mais que dobraram, para 11,6 milhões de toneladas, ante 4,9 milhões no segundo trimestre. Os maiores responsáveis pelo crescimento das vendas para a Europa foram Alemanha (3,4 milhões), França (1,8 milhão) e Bélgica (0,8 milhão), informou a companhia.

Pelas normas contábeis norte-americanas (USGAAP), o lucro despencou para 1,67 bilhão de dólares, frente aos 4,8 bilhões de dólares há um ano, ficando em linha com a expectativa de analistas ouvidos pela Reuters que previam queda para 1,45 bilhão de dólares.

PELOTAS

As vendas de pelotas da Vale saltaram de 4,8 milhões de toneladas no segundo trimestre para 9,2 milhões de toneladas no terceiro trimestre deste ano, ainda abaixo dos 12 milhões de toneladas vendidas há um ano, antes da crise que reduziu o consumo de aço no mundo.

"A recessão global está chegando ao fim, com a recuperação ocorrendo mais cedo e em ritmo mais acelerado do que inicialmente esperado", afirmou a companhia em um comunicado nesta quarta-feira.

Os embarques de minério de ferro e pelotas totalizaram 75,070 milhões de toneladas métricas no terceiro trimestre, com aumento de 35,9 por cento em relação ao trimestre anterior, segundo dados da Vale.

O Ebitda (lucro antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) no terceiro trimestre foi de 6,03 bilhões de reais, contra 11,35 bilhões de reais há um ano.

A receita operacional encolheu para 13,6 bilhões de reais. No mesmo período do ano passado, a receita foi de 21,4 bilhões de reais.

"Nossos embarques para a China atingiram outro recorde trimestral histórico, totalizando 41,1 milhões de toneladas métricas, representando 54,7 por cento dos embarques totais de minério de ferro e pelotas no terceiro trimestre", informou a Vale. No trimestre anterior, a participação da China era de 66 por cento.

Nos primeiros nove meses do ano os embarques de minério de ferro e pelotas totalizaram 183,7 milhões de toneladas métricas, queda de 23,4 por cento em relação às 239,9 milhões no mesmo período do ano anterior.

As vendas de níquel, segundo principal produto da companhia, caíram para 53 mil toneladas, frente a 69 mil toneladas no terceiro trimestre de 2008. O cobre também registrou queda de vendas, totalizando 50 mil toneladas ante as 95 mil toneladas vendidas há um ano.

A mineradora reduziu neste ano em 28,3 por cento o preço do minério de Carajás e em 48 por cento o preço da pelota comparado a 2008.