JBS e Minerva avaliam suspender unidades de produção por coronavírus
A empresa afirma que estuda a implantação de férias coletivas em algumas das suas unidades de processamento de bovinos no Brasil
Reuters
Publicado em 16 de março de 2020 às 21h12.
Última atualização em 16 de março de 2020 às 21h16.
A JBS e a Minerva Foods avaliam suspender operações de abates em algumas unidades de bovinos no Brasil em meio a problemas logísticos na China decorrentes de ações para conter o coronavírus , disseram nesta segunda-feira a JBS e fontes próximas à Minerva.
Em nota, a JBS afirmou que vem monitorando os reflexos do coronavírus no mercado e admitiu que "avalia a implantação de férias coletivas exclusivamente em algumas das suas unidades de processamento de bovinos no Brasil".
A companhia, que também atua em carnes de frango, suínos e alimentos processados, não detalhou quais serão as plantas que poderão ter as operações suspensas.
Fontes do mercado consultadas pela Reuters disseram que a expectativa é de que o movimento atinja outras empresas do setor.
No caso da JBS, as paralisações podem ocorrer em unidades dos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, onde estão algumas das maiores operações.
De acordo com as fontes, que pediram para ficar no anonimato, a avaliação de paralisar as unidades ocorreu devido à dificuldade de exportação por falta de contêineres, que foram enviados para a China e ainda não retornaram.
As conversas para definir em quais plantas da JBS a medida seria adotada começaram na última sexta-feira e, por se tratar de um problema que afeta o mercado de bovinos em geral, paralisações também devem ocorrer na concorrente Minerva, segundo uma das fontes.
"Estamos discutindo várias coisas, mas provavelmente a definição sairá amanhã (terça-feira)", afirmou uma fonte próxima à Minerva. Procurada, a companhia não se manifestou.
De acordo com reportagem da Reuters publicada na semana passada, o congestionamento nos portos chineses está diminuindo, mas ainda há reflexos para o setor de contêineres.
A amplo fluxo de embarques de carnes durante o fim de 2019 fez com que muitos contêineres fossem enviados à China, com o objetivo de abastecer a demanda local para o Ano Novo Lunar, ocorrido no fim de janeiro.
O surto do Covid-19 no país asiático, também em janeiro, suspendeu a distribuição de cargas que estavam nos portos e impediu que os contêineres retornassem.
"Agora que a logística começou a ser liberada na China, os contêineres, que demoram quase 40 dias para se deslocar até o Brasil, ainda não estão disponíveis aqui", acrescentou uma fonte.
Na Marfrig Global Foods, ainda não há previsão de suspensões de abates, porém, uma fonte próxima à companhia afirmou que a empresa também está acompanhando o cenário.
Procurada, a Marfrig preferiu não comentar o assunto e informou que as operações seguem normalmente.