JBS desbanca Petrobras e se torna maior empresa do país em receita
Processadora de carne foi beneficiada pelo aumento de vendas para a China e alta do dólar no segundo trimestre
Agência O Globo
Publicado em 24 de agosto de 2020 às 15h35.
Última atualização em 24 de agosto de 2020 às 16h16.
A JBS , uma das maiores processadoras de carne do mundo, superou a Petrobras em receita pela primeira vez num trimestre, segundo levantamento da empresa de informações financeiras Economática.
A expectativa dos analistas de mercado era que o segundo trimestre fosse o pior da história para as companhias de capital aberto por conta da pandemia de covid-19. Mas o troca-troca na liderança do ranking das maiores empresas brasileiras mostra que algumas empresas mostraram fôlego surpreendente.
Entre abril e junho, a receita da JBS chegou a R$ 67,6 bilhões, aumento de 32,9% na comparação com o segundo trimestre de 2019. Já a Petrobras teve uma receita de R$ 50,9 bilhões, queda de 29,9% em relação ao mesmo período do ano passado.
Apesar de ter superado a Petrobras em faturamento, em valor de mercado a JBS ainda está atrás da petrolífera, segundo a Economática. Enquanto, a Petrobras vale R$ 298,1 bilhões - superada apenas pela mineradora Vale, que tem valor de mercado de R$ 319 bilhões - a processadora de carne vale R$ 64,9 bilhões. Os dados são do fechamento de mercado da última sexta-feira.
No início de agosto, o Mercado Livre ultrapassou o valor de mercado de Vale e Petrobras, segundo a Economática, tornando-se a empresa mais valiosa da América Latina.
Demanda chinesa
O lucro da JBS foi de R$ 3,4 bilhões no período, alta de 54,8% na comparação com o segundo trimestre de 2019, enquanto a petrolífera amargou prejuízo de R$ 2,7 bilhões ante um lucro de R$ 18,8 bilhões entre abril e junho do ano passado, um tombo de 30%.
— As empresas de carne aproveitaram para ampliar vendas no exterior, beneficiando-se da alta do dólar e da demanda da China por proteína animal, depois que uma peste suína dizimou parte do rebanho do gigante asiático - diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.
Reportagem do GLOBO mostrou que puxada pela demanda chinesa, os frigoríficos tiveram um trimestre muito positivo, apesar das expectativas negativas.
A Minerva , por exemplo, teve o melhor segundo trimestre da história, segundo a companhia, com lucro de R$ 253 milhões. Entre abril e junho, a receita no mercado interno caiu 7,7%, mas cresceu 16,1% no externo. A Marfrig também reportou lucro recorde de R$ 1,6 bilhão no segundo trimestre deste ano.
Nos Estados unidos, a JBS USA aumentou sua margem de ganho porque conseguiu comprar o gado com preços menores, mas repassou um aumento de preço para seus consumidores.
Na JBS Brasil, o aumento da margem de ganho veio das exportações para o mercado asiático (51% da receita), aliada à valorização do dólar e aumento de preços.
A receita da Petrobras foi impactada fortemente pela queda de preços do petróleo no mercado internacional. O valor do Brent, referência no mercado europeu, foi US$ 50,26, na média do primeiro trimestre, e caiu para US$ 29 no segundo trimestre.
— A Petrobras teve que dar foco nas operações que geram mais valor. Foi uma queda de quase 50% no preço do petróleo no mercado internacional e o principal motivo da queda de receitas da Petrobras - diz Arbetman.
Apesar do prejuízo, com a queda na venda de combustíveis - devido a medidas de isolamento social - e o tombo nos preços do petróleo no mercado internacional, analistas elogiaram a estratégia da Petrobras no segundo trimestre.
— Eles 'hibernaram' 62 plataformas no segundo trimestre e tiveram um foco maior nas operações que geram mais valor. O custo de exploração no pré-sal, por exemplo, que hoje já representa cerca de 70% do óleo comercial da empresa, ficou em US$ 4,17. Isso mostra que a empresa é competitiva mesmo num cenário de crise — explica Arbetman.
No segundo trimestre, as açoes ordinárias (ON, com direito a voto) da Petrobras subiram 68,1%, enquanto no ano recuam 27,56%. Jas as ordinárias da JBS, subiram 22,3% no trimestre, mas no ano recuam 8,46%.
As dez maiores empresas
- 1) JBS - R$ 67,5 bilhões
- 2) Petrobras - R$ 50,8 bilhões
- 3) Vale - R$ 40,4 bilhões
- 4) Pão de Açúcar - R$ 20,7 bilhões
- 5) Marfrig - R$ 18,8 bilhões
- 6) Carrefour Brasil - R$ 16,7 bilhões
- 7) Ultrapar - R$ 15,8 bilhões
- 8) BR Distribuidora - R$ 14, 8 bilhões
- 9) Ambev - R$ 11,6 bilhões
- 10) Braskem - R$ 11,1 bilhões
Fonte
Economática, com dados de receita no segundo trimestre