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Jack Welch: pessoas extrovertidas são mais valorizadas pelas empresas

Guru da administração explica porque os introvertidos correm o risco de estagnarem na carreira

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h53.

Meu chefe me disse recentemente que sou muito competente e tenho uma visão clara para minha equipe, mas que para ser promovido, preciso mostrar que tenho uma personalidade forte. Como sou uma pessoa naturalmente introvertida, que devo fazer?
Anônimo, Atlanta.

Em primeiro lugar, gostaríamos de lhe agradecer por nos ter enviado uma pergunta que sempre tivemos vontade de responder, dando a nós (e a nossos leitores) uma trégua nas reflexões sobre as recentes turbulências econômicas. Ufa!

Bem, vamos ao que interessa. Gostaríamos que você respondesse à seguinte pergunta: como se sentiria se tivesse de fazer uma cara alegre, voz grossa, e com um “ho, ho, ho” aqui e outro ali, tentasse conquistar o coração da sua equipe?

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Você ficaria em pânico? Deprimido? Um pouco das duas coisas?

Ou ficaria simplesmente preocupado, sabendo o quanto as pessoas, de modo geral, odeiam impostores? Se for isso, você tem todo o nosso apoio. Competência e visão são duas coisas muito boas — parabéns por ter essas qualidades —, mas a autenticidade também conta. Por isso, se acatar o recente conselho do seu chefe, terá de abrir mão dela.

A menos, é claro — e a ressalva aqui é muito importante —, que você não tenha outra escolha. Seu chefe está tentando ajudá-lo, e ele está certo. Com o tempo, muitos introvertidos acabam estagnando nas grandes empresas. Eles podem até trabalhar muito, corresponder ao que se espera deles ou mais do que isso até, mas raramente parecem ter o retorno que merecem.

Observe que estamos falando de grandes empresas. Praticamente qualquer pessoa com uma boa idéia vai longe em uma empresa iniciante. As pequenas empresas costumam dar mais margem de manobra às pessoas, deixam que sejam elas mesmas, contanto que mostrem resultados. Já nas grandes empresas, as condições atmosféricas reinantes dão aos extrovertidos uma vantagem evidente.

São várias as razões para isso. As grandes empresas acham normal que uma pessoa migre de uma divisão para outra e transite pelo mundo afora, e os extrovertidos, queiramos ou não, parecem mais preparados para isso. Com seu carisma e habilidades verbais acima da média, passam uma imagem de ousadia, são ótimos comunicadores e sabem motivar seu pessoal, sobretudo em épocas de crise. Os extrovertidos também têm mais facilidade para se relacionar — outra grande vantagem em contextos menos amigáveis E, por fim, os extrovertidos tendem a brilhar mais do que os tímidos em grandes empresas porque, desde o início, sua forte personalidade lhes garante a oportunidade de expor questões relacionadas ao trabalho diante de gente do alto escalão, o que é sempre uma boa maneira de acelerar o processo pelo qual o indivíduo se destaca dos demais.

O fato é que as grandes empresas estão de tal forma voltadas para os extrovertidos que os introvertidos muitas vezes experimentam uma dinâmica que não difere muito da dinâmica vivenciada por muitas mulheres e minorias em ambientes corporativos: a necessidade de produzir muito mais do que os outros se quiserem ficar pelo menos no mesmo nível deles.

É claro que há exceções. Não faltam histórias de indivíduos reservados, anti-sociais ou introvertidos que subiram na hierarquia da empresa até chegar a um cargo muito importante. Mas em todos esses casos, o introvertido tinha algo de especial: uma mente brilhante capaz de antecipar as tendências da tecnologia, por exemplo, uma compreensão fora do comum dos mercados emergentes, ou ainda uma habilidade crítica excepcional diante de certos acordos. Esses sábios tornam-se de tal maneira indispensáveis para o sucesso competitivo de suas empresas que acabam galgando os postos superiores. Apesar de suas peculiaridades, são valiosos e sua presença se torna praticamente indispensável na empresa. É por isso que muitos introvertidos em posição de gestão elevada são quase sempre o cérebro da organização, enquanto outros cuidam da parte operacional.

Pode ser que você seja um desses introvertidos cuja competência especial vai sempre acabar prevalecendo, e com a vantagem de você não precisar mudar seu jeito de ser. Entretanto, se não for esse o caso, voltamos ao ponto de partida. Se você quiser, de fato, assumir o controle da sua carreira na empresa onde trabalha atualmente, é melhor começar a fazer alguma coisa imediatamente. Procure também quem possa lhe ajudar com um mentoring sadio. Vá à luta, misture-se ao pessoal, converse mais com sua equipe, relacione-se mais freqüentemente com seu grupo e com outras pessoas da empresa empregando ao mesmo tempo toda a energia positiva e traços positivos da sua personalidade que você puder reunir.

Será que o seu pessoal vai perceber a novidade e se colocar na defensiva? Possivelmente. Lembre-se de que eles estão sempre atentos a qualquer impostura. Por isso, sugerimos que você se adiante e explique a eles seu comportamento. Diga a eles que você está apenas tentando colocar mais de você mesmo no ambiente de trabalho, de forma que possam todos trabalhar mais eficazmente. Você pode até pedir que o ajudem, e que lhe dêem um feedback da mudança. A verdade é que quanto mais sincero você for em sua transformação pública, tanto mais sairá ganhando.

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