Impactado pela crise, Itaú revisa projeções para o ano
Com a queda do lucro e da margem financeira, somadas ao crescimento da inadimplência, o banco precisou revisar suas projeções de desempenho para o ano.
Luísa Melo
Publicado em 8 de agosto de 2016 às 21h01.
São Paulo - Como havia previsto Roberto Setubal, presidente do Itaú , a crise já provoca reflexos visíveis nos resultados da empresa.
Com a queda do lucro e da margem financeira, somadas ao crescimento da inadimplência e às perspectivas pioradas para o cenário macroeconômico, o banco precisou revisar suas projeções de desempenho para 2016.
O lucro líquido recorrente (que exclui efeitos extraordinários) do segundo trimestre caiu 9,11% na comparação anual, para 5,57 bilhões de reais. Foi o segundo recuo consecutivo.
O produto bancário, soma de todas as receitas, totalizou 26,47 bilhões de reais de abril a junho, queda de 0,2% ante mesmo período do ano anterior.
Um dos principais componentes dessa renda, a margem financeira (diferença entre os juros cobrados e o custo de captação) ficou em 16,58 bilhões de reais, baixa de 3,7% frente ao segundo trimestre de 2015.
Na comparação com os três meses anteriores, a margem sofreu uma redução de 824 milhões de reais. Desse total, 539 milhões de reais correspondem a ajustes do valor recuperável (impairment) de títulos negociados pelo banco, como debêntures.
Segundo o diretor de relações com investidores do Itaú, Marcelo Kopel, outras revisões como essa podem ser feitas ao longo do ano.
"Mas elas estão contempladas em nosso guidance para margem financeira", disse em conferência telefônica com jornalistas nesta terça-feira (2).
Empréstimos
A carteira de crédito total, que inclui avais e fianças, ficou em 573 bilhões de reais, queda de 5,8% ante o segundo trimestre de 2015.
O encolhimento é resultado de "uma menor demanda do mercado e políticas de crédito ajustadas para o cenário desafiador", de acordo com Kopel.
Os únicos produtos que cresceram dentro desse portfólio foram o imobiliário e o consignado (com alta de 14,3% e 2,1%, respectivamente), considerados de baixo risco.
Os financiamentos a empresas caíram 11,9% na comparação anual, enquanto os concedidos a pessoas físicas diminuíram 2,5%.
Para o executivo, a procura por empréstimos deve melhorar "entre agora e o fim do ano".
"Na medida em que o cenário econômico no Brasil estiver mais claro, as empresas terão capacidade de tomar decisão com menos incerteza", avaliou. "Já há alguns meses o nível de confiança vem se recuperando, mas isso ainda não se traduz em demanda por crédito", disse.
Calotes
A taxa de inadimplência para dívidas vencidas há mais de 90 dias ficou em 3,6% em junho, 0,1 ponto percentual acima do trimestre anterior e 0,6 ponto percentual superior ao mesmo período de 2015.
Para o segmento de grandes corporações, os calotes devem aumentar no próximo trimestre, segundo Kopel.
Uma única empresa que começou a não honrar os pagamentos fez com que o índice para 15 a 90 dias saltasse de 1,5% em março para 2,3% em junho.
Esse atraso entrará para a taxa de 90 dias nos próximos meses e será baixado como prejuízo no último trimestre. O calote já está 100% provisionado.
"Se tirássemos o efeito desse crédito, a inadimplência desceria", disse o diretor.
Ele não revelou o nome da companhia.
Porém, no segundo trimestre, a Oi protagonizou o maior pedido de recuperação judicial da história do país, que inclui dívidas de 65,4 bilhões de reais.
No trimestre, a despesa com provisões para créditos de liquidação duvidosa do Itaú ficou em 5,3 bilhões de reais, 23,1% menor que em março, mas 16,5% maior que no mesmo período do ano passado.
Novas projeções
Por conta do resultado, o banco revisou suas projeções de crescimento para todo o ano de 2016.
A alteração também foi motivada pela piora das expectativas da empresa para o PIB (que passou de uma queda de 2,5% para uma retração ainda maior, de 3,5%) e para a taxa de câmbio ao fim do ano (que era de 4,50 reais e baixou para 3,25 reais).
A carteira de crédito expandida, que abrange avais, fianças e também títulos privados, deverá encolher entre 5,5% e 10,5%. Antes, a previsão era de queda de 0,5% a um crescimento de 4,5%.
Para a margem financeira com clientes, a projeção que anteriormente era de um crescimento de 2% a 5% foi revista para queda de 2,5% a alta de 0,5%.
Já as despesas de provisões para créditos de liquidação duvidosa devem crescer. O banco espera que elas fiquem entre 23 bilhões de reais e 26 bilhões de reais, enquanto os números anteriores eram de 22 bilhões de reais a 25 bilhões de reais.
Os guidances levam em conta a operação do chileno CorpBanca, cuja fusão com o Itaú foi concluída no segundo trimestre.
São Paulo - Como havia previsto Roberto Setubal, presidente do Itaú , a crise já provoca reflexos visíveis nos resultados da empresa.
Com a queda do lucro e da margem financeira, somadas ao crescimento da inadimplência e às perspectivas pioradas para o cenário macroeconômico, o banco precisou revisar suas projeções de desempenho para 2016.
O lucro líquido recorrente (que exclui efeitos extraordinários) do segundo trimestre caiu 9,11% na comparação anual, para 5,57 bilhões de reais. Foi o segundo recuo consecutivo.
O produto bancário, soma de todas as receitas, totalizou 26,47 bilhões de reais de abril a junho, queda de 0,2% ante mesmo período do ano anterior.
Um dos principais componentes dessa renda, a margem financeira (diferença entre os juros cobrados e o custo de captação) ficou em 16,58 bilhões de reais, baixa de 3,7% frente ao segundo trimestre de 2015.
Na comparação com os três meses anteriores, a margem sofreu uma redução de 824 milhões de reais. Desse total, 539 milhões de reais correspondem a ajustes do valor recuperável (impairment) de títulos negociados pelo banco, como debêntures.
Segundo o diretor de relações com investidores do Itaú, Marcelo Kopel, outras revisões como essa podem ser feitas ao longo do ano.
"Mas elas estão contempladas em nosso guidance para margem financeira", disse em conferência telefônica com jornalistas nesta terça-feira (2).
Empréstimos
A carteira de crédito total, que inclui avais e fianças, ficou em 573 bilhões de reais, queda de 5,8% ante o segundo trimestre de 2015.
O encolhimento é resultado de "uma menor demanda do mercado e políticas de crédito ajustadas para o cenário desafiador", de acordo com Kopel.
Os únicos produtos que cresceram dentro desse portfólio foram o imobiliário e o consignado (com alta de 14,3% e 2,1%, respectivamente), considerados de baixo risco.
Os financiamentos a empresas caíram 11,9% na comparação anual, enquanto os concedidos a pessoas físicas diminuíram 2,5%.
Para o executivo, a procura por empréstimos deve melhorar "entre agora e o fim do ano".
"Na medida em que o cenário econômico no Brasil estiver mais claro, as empresas terão capacidade de tomar decisão com menos incerteza", avaliou. "Já há alguns meses o nível de confiança vem se recuperando, mas isso ainda não se traduz em demanda por crédito", disse.
Calotes
A taxa de inadimplência para dívidas vencidas há mais de 90 dias ficou em 3,6% em junho, 0,1 ponto percentual acima do trimestre anterior e 0,6 ponto percentual superior ao mesmo período de 2015.
Para o segmento de grandes corporações, os calotes devem aumentar no próximo trimestre, segundo Kopel.
Uma única empresa que começou a não honrar os pagamentos fez com que o índice para 15 a 90 dias saltasse de 1,5% em março para 2,3% em junho.
Esse atraso entrará para a taxa de 90 dias nos próximos meses e será baixado como prejuízo no último trimestre. O calote já está 100% provisionado.
"Se tirássemos o efeito desse crédito, a inadimplência desceria", disse o diretor.
Ele não revelou o nome da companhia.
Porém, no segundo trimestre, a Oi protagonizou o maior pedido de recuperação judicial da história do país, que inclui dívidas de 65,4 bilhões de reais.
No trimestre, a despesa com provisões para créditos de liquidação duvidosa do Itaú ficou em 5,3 bilhões de reais, 23,1% menor que em março, mas 16,5% maior que no mesmo período do ano passado.
Novas projeções
Por conta do resultado, o banco revisou suas projeções de crescimento para todo o ano de 2016.
A alteração também foi motivada pela piora das expectativas da empresa para o PIB (que passou de uma queda de 2,5% para uma retração ainda maior, de 3,5%) e para a taxa de câmbio ao fim do ano (que era de 4,50 reais e baixou para 3,25 reais).
A carteira de crédito expandida, que abrange avais, fianças e também títulos privados, deverá encolher entre 5,5% e 10,5%. Antes, a previsão era de queda de 0,5% a um crescimento de 4,5%.
Para a margem financeira com clientes, a projeção que anteriormente era de um crescimento de 2% a 5% foi revista para queda de 2,5% a alta de 0,5%.
Já as despesas de provisões para créditos de liquidação duvidosa devem crescer. O banco espera que elas fiquem entre 23 bilhões de reais e 26 bilhões de reais, enquanto os números anteriores eram de 22 bilhões de reais a 25 bilhões de reais.
Os guidances levam em conta a operação do chileno CorpBanca, cuja fusão com o Itaú foi concluída no segundo trimestre.