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"A Hotmart está preparada para a revolução que a IA vai causar na educação", diz CEO

Unicórnio de venda de conteúdos digitais completa 12 anos em 2023 e mira integração de novas tecnologias para se manter relevante em meio à ascensão de ferramentas e pressão por eficiência entre as startups

João Pedro Resende, presidente da Hotmart: empreendedor fundou a empresa em Belo Horizonte em 2011 com o colega Mateus Bicalho (Hotmart/Divulgação)
Maria Clara Dias

Repórter de Negócios e PME

Publicado em 3 de maio de 2023 às 12h47.

Tema em alta nos últimos meses, a inteligência artificial (IA) generativa , tecnologia por trás do fenômeno ChatGPT , pode ser uma alavanca e tanto para  o negócio de startups capazes de incorporá-la de olho em mais agilidade e, é claro, nas principais tendências ligadas ao universo tech. É nisso que acredita João Pedro Resende, fundador e CEO da Hotmart, unicórnio de venda de conteúdo na internet.

Resende defende o uso inteligente—com o perdão pelo jogo de palavras—da inteligência artificial, a exemplo do próprio ChatGPT, como ferramenta para acelerar negócios e, na ponta, facilitar a vida de um número gigantesco de empreendedores e criadores de conteúdo em busca de agilidade e maior faturamento com a internet. Prova disso é que a própria Hotmart está lançando um serviço do tipo.

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O intuito é ajudar criadores a definirem estratégias de venda e precificação dos cursos, além de otimizar a criação de cursos online ao assumir tarefas manuais como a digitação de textos descritivos em slides, videoaulas e outras peças de comunicação online de maneira gratuita.

Para onde vai a creator economy

A novidade da Hotmart acompanha uma tendência do mercado, já que os gastos com inteligência artificial incluindo software, hardware e serviços para sistemas centrados em IA devem superar os 300 bilhões de dólares globalmente até o final de 2026, segundo dados da pesquisa IDC Worldwide Artificial Intelligence Spending Guide.

Em boa medida, o lançamento também reflete o interesse da Hotmart em manter sua relevância em meio à proliferação de novas tecnologias e de uma necessidade gritante por eficiência operacional e diferenciais competitivos no mundo das startups — e também da chamada “creator economy”. A empresa, que atingiu valor de mercado em 2021, vem fazendo finos ajustes em busca dessa eficiência, o que incluiu alguns layoffs no último ano.

Segundo Resende, a Creator Economy, que supõe a criação e monetização de conteúdos digitais, é um mercado que vem crescendo — e antes mesmo de ter sido batizado como tal. “É um cenário muito diferente do que víamos há 12 anos. Os criadores de hoje são responsáveis por empresas de verdade. É mais do que um hobbie ou fonte de renda extra”, diz. “Isso nos desafia a estar sempre acompanhando tendências, dentro e fora da internet. Sabemos que muitas das próximas marcas que surgirem nos próximos anos serão criadas por influenciadores”.

Desde que foi criada, a Hotmart já soma mais de 1 bilhão de dólares em vendas de conteúdo digital, 35 milhões de usuários e 135.000 criadores.

Como pretendem continuar relevantes

A influência da IA também deve auxiliar os negócios da Hotmart para além das soluções da plataforma, segundo o CEO. A busca por educação continuada, especialmente para novas habilidades profissionais, deve fazer multiplicar o leque de carreiras — e consequentemente de cursos que podem ser ofertados por ali.

Essa, segundo ele, será uma tendência. “Já que a IA está mudando o perfil dos empregos e, por vezes, até acabando com alguns cargos ou tornando times mais enxutos, a capacitação profissional será cada vez mais essencial e isso vai movimentar muito a busca por cursos digitais”, avalia.A crença de Resende é que plataformas que vendem conteúdos educativos, como a Hotmart, serão beneficiadas com a nova onda do ChatGPT.

“Há ganhos dos dois lados, e estamos bem no centro disso. A Hotmart está preparada para a revolução na educação causada pela IA”.

Quais são os desafios

Mesmo sustentando o título de startup há 12 anos, a Hotmart não terá facilidade em pautar a próxima década pela inovação que vem de dentro de casa, principalmente graças à velocidade com que a economia centrada na internet é transformada.Nesse contexto, afirma Resende, o foco da Hotmart para o futuro estará em criar uma cultura corporativa capaz de reagir muito rápido às mudanças externas. “Para além do crescimento da empresa, uma preocupação é como fazer da empresa uma organização com pessoas, processos e estruturas com capacidade de agir rápido”.

O desafio é manter a cultura e mentalidade em favor da inovação, mesmo com times mais enxutos. Em 2022, a Hotmart dispensou ao menos 200 funcionários. Atualmente, são 1.500 pessoas no negócio.

O desafio também esbarra na adaptação ao novo mundo do trabalho: a Hotmart tem funcionários em sete países, e atualmente luta para definir um modelo de trabalho híbrido capaz de satisfazer a todos e que traga bons resultados. “Num mundo com tantas mudanças e incertezas, não é tão simples fazer quanto falar", diz.

Em outra frente, a empresa também deve dobrar suas apostas na internacionalização, ação que começou ainda em 2015. Para ampliar o foco em outros países da América Latina, a Hotmart contratou um novo líder de operações, que cuidará das operações na Colômbia e México. “Existem empreendedores que requerem alternativas para carreiras tradicionais, para criar conteúdos. Esse é um comportamento comum em toda a América Latina e que é muito forte também nesses dois países”.

A estratégia vem na esteira das captações feitas pela Hotmart ainda em 2021, ano em que o mercado de venture capital respirava aliviado e esbanjava rodadas infladas. A empresa aproveitou o bom momento para levantar mais de 700 milhões de reais, e desde então tem usado o dinheiro para oportunidades estratégicas, como M&As, chegada a outros países e o lançamento de tecnologias (a exemplo da ferramenta de IA).

“Desde 2012 somos uma empresa lucrativa. Isso não mudou. Estamos otimistas e preparados para os anos de crescimento que estão por vir”, diz.

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