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Greve na GM nos EUA dá sinais de curta duração, dizem analistas estrangeiros

Disposição do sindicato em voltar à mesa de negociações, nesta terça-feira, traz expectativa de entendimento rápido, em meio à paralisação de 80 mil funcionários

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

Depois de realizar na segunda-feira (24/09) a primeira paralisação nacional de trabalhadores do setor automobilístico, em 31 anos, o United Auto Workers (UAW) - sindicato dos operários das montadoras dos Estados Unidos - deve voltar nesta terça-feira (25/09) à mesa de negociações com a General Motors (GM), única empresa atingida pela greve, como informa o jornal britânico Financial Times.

A disposição em retomar o diálogo foi anunciada pelos líderes do sindicato, ao fim do primeiro dia de movimento, e levou analistas de mercado a estimarem uma greve de duração mais curta do que se esperava de início - segundo consultores do setor ouvidos pelo FT, a paralisação deve durar entre uma e duas semanas, no máximo.

O impasse entre a GM e o UAW paralisa desde segunda-feira o trabalho de 80 mil funcionários, em 70 fábricas da companhia espalhadas pelos Estados Unidos. Nesta terça-feira, os sindicatos canadense e mexicano também poderiam aderir ao movimento.

No centro da discussão está um novo contrato nacional que o sindicato negocia com as montadoras, para definir as condições de trabalho nos próximos quatro anos. As duas partes estão em negociação há semanas, mas não conseguem chegar a um acordo quanto às garantias oferecidas por cada uma.

O ponto principal da discórdia é a garantia de manutenção de postos de trabalho em território americano e de preservação do nível salarial. Desde que as montadoras começaram a transferir plantas para países onde a média salarial é mais baixa - o Brasil e a Índia, por exemplo - os trabalhadores americanos do setor viram o número de empregos cair e a pressão por benefícios mais magros aumentar, sob o argumento de que o custo da mão de obra reduz a competitividade dos carros produzidos nos Estados Unidos.

Para a GM, a negociação já trouxe resultados. A montadora e o sindicato fecharam acordo na semana passada para a criação de um plano de saúde independente para os funcionários aposentados, em substituição ao modelo atual, no qual a própria empresa arca com os custos. A concessão foi considerada histórica pelos sindicalistas, uma vez que pode poupar cerca de 50 bilhões de dólares devidos pela empresa aos aposentados.

Em troca, os trabalhadores esperam obter da GM garantias de manutenção das fábricas já existentes e de novos investimentos em território americano. Ampliar o número de trabalhadores no setor interessa ao sindicato também do ponto de vista da representatividade, uma vez que o número de associados ao grupo nas três principais montadoras dos Estados Unidos caiu 40% - de 310 mil para 180 mil - nos últimos quatro anos, segundo o periódico americano Wall Street Journal.

Enquanto UAW e GM não chegarem a um consenso, a paralisação pode custar à empresa perdas de 100 milhões de dólares por dia, segundo analistas ouvidos pelo WSJ. As ações da montadora registraram perdas de 0,8% nas bolsas americanas, na segunda-feira, mas se a paralisação persistir, a queda pode se acentuar. Ao Financial Times, um analista da agência de classificação Standard & Poors já adiantou que deve reduzir a avaliação da empresa, caso a greve persista por semanas.

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