Grandes investidores da Perdigão lideram recusa à oferta da Sadia
Fundos de pensão articulam-se para manter posições na empresa
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.
Os fundos de previdência privada, principais acionistas da Perdigão, foram os principais articuladores da rejeição à oferta hostil de compra, lançada nesta segunda-feira (17/7), pela Sadia, sua maior concorrente.
Tendo à frente a Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, a articulação de oito fundos de pensão foi determinante para que a proposta não fosse adiante. Em conjunto, esse grupo detém 47,77% do capital da Perdigão. Embora o controle da companhia tenha sido pulverizado no Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo em 12 de abril, foi firmado um acordo de voto entre os maiores acionistas para que matérias importantes - como a oferta da Sadia - pudessem ser debatidas e votadas. Segundo a diretoria da Perdigão, o acordo, válido por cinco anos, é uma ferramenta de transição até que a cultura de empresa de capital pulverizado esteja totalmente absorvida.
A Sadia dispôs-se a pagar 27,88 reais por ação da empresa. O valor envolve um prêmio de 35% sobre a média das cotações dos últimos 30 dias. O objetivo é adquirir 100% do capital da Perdigão por cerca de 3,7 bilhões de reais, dos quais, 2,7 bilhões viriam de um empréstimo concedido pelo ABN Amro Real. A oferta é válida até 24 de outubro e só será levada adiante se, até esta data, houver adesão de investidores que totalizem 50% mais uma ação da Perdigão.
A reação foi rápida. Nesta terça-feira (18/7), a Perdigão rejeitou a proposta por considerá-la errada tanto na forma, quanto no conteúdo. Para o presidente-executivo da empresa, Nildemar Secches, a Sadia não poderia realizar a oferta com base nos artigos 37 e 38 do estatuto social da Perdigão, porque esses dispositivos só se aplicam a acionistas que tenham atingido uma participação de 20% no capital da empresa. O segundo argumento é de que o valor ofertado é muito baixo, diante das expectativas de valorização dos papéis da Perdigão até o final do ano.
Também manifestaram-se contrariamente à oferta o fundo de investimentos Librium e a Weg. Veja, na tabela abaixo, os investidores contrários à venda da Perdigão e seu peso no quadro acionário:
Acionista | Participação (%) |
| Previ - Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil | 15,72 |
| Petros - Fundação Petrobras de Seguridade Social | 11,72 |
| Sistel - Fundação Telebrás de Seguridade Social | 6,43 |
| Fapes - Fundação de Assistência e Previdência Social do BNDES | 4,59 |
| Valia - Fundação Vale do Rio Doce de Seguridade Social | 4,15 |
| Real Grandeza - Fundação de Previdência Social | 3,55 |
| Librium - Fundo de Investimentos em Títulos e Valores Mobiliários | 2,17 |
| Previ-Banerj - Caixa de Previdência dos Funcionários do Sistema Banerj | 1,5 |
| PSPP - Perdigão Sociedade de Previdência Privada | 0,11 |
| Weg Participações e Serviços SA | 5,45% |
| Total | 55,38 |
Fonte: Perdigão | |
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