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8 funcionários da Vale são presos em investigação sobre Brumadinho

Um dos funcionários é Alexandre de Paula Campanha, citado em depoimento de um dos engenheiros da empresa alemã Tüv Süd.

VALE: com impactos do acidente em Brumadinho, empresa registrou prejuízo de 1,64 bilhão de dólares no primeiro trimestre de 2019 (Washington Alves/Reuters)

Mariana Desidério

Publicado em 15 de fevereiro de 2019 às 08h57.

Última atualização em 15 de fevereiro de 2019 às 11h01.

Uma operação do Ministério Público de Minas Gerais prendeu oito funcionários da mineradora Vale nesta sexta-feira. Eles são investigados pelo desabamento de uma barragem em Brumadinho (MG) que deixou ao menos 166 mortos e 155 desaparecidos.

Dentre os presos estão quatro gerentes da Vale (dois deles, executivos) e quatro integrantes das respectivas equipes técnicas. Todos são diretamente envolvidos na segurança e estabilidade da Barragem rompida no dia 25 de janeiro, de acordo com o Ministério Público.

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Eles tiveram prisão temporária decretada por 30 dias, por "fundadas razões de autoria ou participação dos investigados na prática de centenas de crimes de homicídio qualificado, considerados hediondo", diz o MP.Todos serão ouvidos pelo Ministério Público Estadual, em Belo Horizonte.

Um dos presos é Alexandre de Paula Campanha, citado em depoimento de um dos engenheiros da empresa alemã Tüv Süd, contratada pela Vale para vistoriar a barragem que desabou. Ele foi preso em Belo Horizonte.

Segundo as investigações, ele teria pressionado os engenheiros para assinar o laudo que atestava estabilidade da barragem.

Os outros presos são: Joaquim Pedro de Toledo, Renzo Albieri Guimarães Carvalho, Cristina Heloíza da Silva Malheiros, Artur Bastos Ribeiro, Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo, Hélio Márcio Lopes da Cerqueira e Felipe Figueiredo Rocha.

Foram, ainda, alvos de busca e apreensão, em São Paulo e Belo Horizonte, quatro funcionários da Tüv Süd (um diretor, um gerente e dois integrantes do corpo técnico).Também foi cumprido um mandado de busca e apreensão na sede da Vale no Rio de Janeiro.

Em nota, a Vale afirmou que "está colaborando plenamente com as autoridades e permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas".

Tragédia

A barragem do córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), desabou no dia 25 de janeiro e deixou ao menos 163 mortos. Ainda há 155 desaparecidos.

Ontem, o presidente da mineradora Vale, Fábio Schvartsman, disse que a companhia de mineração é uma “joia brasileira” que não pode ser condenada pelo que aconteceu na barragem.

O executivo reconheceu que o sistema de monitoramento de barragens da companhia tem falhas e disse que todo o processo será revisado com base nas melhores normas internacionais.

“A Vale é uma das melhores empresas que eu conheci da minha vida. É uma joia brasileira, que não pode ser condenada por um acidente que aconteceu em sua barragem, por maior que tenha sido a tragédia”, disse, ao participar de audiência pública na Câmara dos Deputados. “A Vale humildemente reconhece que, seja lá o que vinha fazendo, não funcionou, pois uma barragem caiu.”

 

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