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Fuga de consumidores estimula reviravolta General Shopping

Companhia está conquistando investidores de dívida ao se desfazer de algumas de suas propriedades


	Outlet Premium São Paulo, um dos empreendimentos da General Shopping
 (VEJA SÃO PAULO)

Outlet Premium São Paulo, um dos empreendimentos da General Shopping (VEJA SÃO PAULO)

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Da Redação

Publicado em 15 de agosto de 2014 às 23h38.

São Paulo - Após aumentar a construção de shopping centers no Brasil nos últimos quatro anos enquanto a economia frustrava, a General Shopping está conquistando investidores de dívida ao se desfazer de algumas de suas propriedades.

Os US$ 250 milhões em bônus emitidos pela empresa com sede em São Paulo, proprietária de 18 shoppings no maior país da América Latina, subiram 19 por cento em relação a uma baixa recorde, em 10 de março, após a empresa levantar R$ 300 milhões (US$ 132,4 milhões) com vendas de ativos.

O ganho representa quase cinco vezes a média dos mercados emergentes.

Com um crescimento lento da economia e uma inflação persistente, que diminui a demanda do consumidor brasileiro, a General Shopping quer reduzir a alavancagem, que subiu para um nível recorde no primeiro trimestre e levou a Moody’s Investors Service a reduzir sua classificação para quatro níveis abaixo de junk em maio.

A companhia construiu cinco shoppings de 2010 para cá e expandiu em 44 por cento sua área disponível para aluguel no período como parte de um boom que deixou o país com um excedente de propriedades desocupadas.

“Eles estiveram entre as empresas do setor com estratégia mais agressiva nos últimos anos, o que acabou refletido em métricas mais fracas”, disse José Vertiz, analista da Fitch Ratings em Nova York, em entrevista por telefone.

“Agora podemos ver que estão comprometidos com um processo de desalavancagem e que estão adotando uma postura mais conservadora”.

A Fitch classifica a General Shopping em BB-, três níveis abaixo do grau de investimento, com uma perspectiva estável.

A assessoria de imprensa da General Shopping preferiu não comentar a respeito das vendas de ativos e do desempenho de seus bônus.

Aumento da dívida

Em 13 de agosto, a empresa anunciou a venda do Top Center, um shopping center em uma das avenidas comerciais mais requisitadas de São Paulo, por R$ 145,5 milhões.

O movimento veio um mês depois que a empresa vendeu uma participação de 50 por cento no Santana Parque Shopping por R$ 144,5 milhões.

A dívida líquida da General Shopping em relação a lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização chegou a 7,7 vezes no primeiro trimestre, proporção superior à de 6,5 vezes registrada no fim de dezembro, segundo a Moody’s.

Os bônus, que não têm vencimento determinado, saltaram US$ 0,159, para US$ 0,9434 por dólar, desde 10 de março, quando atingiram uma baixa recorde de US$ 0,7844.

Desde então os rendimentos caíram para 10,62 por cento, mostram dados compilados pela Bloomberg.

“A venda desses ativos vem em um momento muito bom, já que o mercado está muito mais difícil para o segmento”, disse Daniel Delabio, gestor da Explorador Capital Management em São Paulo, em entrevista por telefone.

“O dinheiro gerado com a venda permitirá que eles reduzam a alavancagem em cerca de 20 por cento. Esses bonds poderão negociar com preço próximo do par em breve, refletindo essas notícias boas recentes”.

Perspectiva de crescimento

A economia do Brasil se expandirá 1,2 por cento em 2014, segundo a previsão média de uma pesquisa do Banco Central publicada em 11 de agosto. Em 2010, o país cresceu 7,6 por cento.

Em 6,5 por cento, a inflação está no topo da faixa-meta do Brasil.

Um relatório de 14 de agosto mostrou que as vendas do varejo subiram 0,8 por cento em junho em relação ao ano passado, ficando aquém de uma previsão média de incremento de 3,5 por cento registrada em uma pesquisa da Bloomberg.

Uma medida de taxa de vacância em shoppings mais do que duplicou para 5,8 por cento no fim de julho, em comparação com os 2,2 por cento registrados em 2010, disse Luiz Alberto Marinho, sócio e diretor da empresa especializada em consultoria para shoppings GS&BW.

“Isso está em parte relacionado ao fato de que a economia desacelerou consideravelmente nesse período”, disse ele, em entrevista por telefone, de São Paulo.

“O segmento como um todo e os maiores players do setor estão passando por uma consolidação. É natural vê-los se reestruturando e mudando o foco”.

Novos projetos

Griselda Bisono, analista da Moody's, disse que enquanto a venda dos ativos é positiva, a General Shopping ainda enfrenta dificuldades relacionadas à finalização e à inauguração de três projetos, incluindo um que deve estar pronto até o fim do ano.

“Eles estarão aptos a ocupar esses ativos que atualmente estão sendo desenvolvidos?”, disse ela, em entrevista por telefone, de Nova York.

A Moody’s cortou a classificação da General Shopping para B1 em 9 de maio.

Os US$ 277,6 milhões de receita líquida esperada da empresa para este ano e a perspectiva de mais vendas de ativos ajudarão a operadora de shoppings a enfrentar a queda na economia, disseram os analistas do Banco Fator Corretora, Tales Paes e Eduardo Labanca, em uma nota de 13 de agosto a clientes.

“À medida em que os projetos recém inaugurados maturam e novos projetos começam a gerar receita, deveremos ver a alavancagem da General Shopping convergir para níveis mais saudáveis nos próximos anos”, escreveram eles, em uma nota encaminhada a clientes.

“Ao se considerar a posição de caixa da empresa e potenciais vendas de participações adicionais, não tememos problemas em relação a eventuais necessidades de caixa futuras para cumprir com obrigações de dívida e gastos”.

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