Farmacêutica Takeda faz acordo para comprar britânica Shire por US$62 bi
Grupo combinado será um líder em medicamentos para distúrbios gástricos, neurociência e oncologia
Reuters
Publicado em 8 de maio de 2018 às 13h32.
Londres/Tóquio - A farmacêutica japonesa Takeda anunciou nesta terça-feira acordo para comprar a britânica Shire por 45,3 bilhões de libras (62 bilhões de dólares), na maior aquisição até agora no setor que atravessa uma onda de consolidação.
Assumindo que a Takeda consiga aprovação de acionistas para o acordo, a transação será a maior aquisição internacional já feita por uma companhia japonesa e vai impulsionar a Takeda, liderada pelo francês Christophe Weber, para o grupo das 10 maiores companhias farmacêuticas do mundo.
O grupo combinado será um líder em medicamentos para distúrbios gástricos, neurociência, oncologia, doenças raras e terapias com derivados de sangue usadas em casos como hemofilia.
A Shire tem se mostrado lucrativa vendendo medicamentos para tratamento de hiperatividade e doenças raras, mas o tamanho do acordo tornará a Takeda uma das farmacêuticas mais endividadas do mundo, o que fez a agência de classificação de risco Standard & Poor's alertar para um potencial corte de nota da empresa.
Para reduzir a dívida rapidamente, a Takeda planeja cortar milhares de empregos e investimento duplicado em pesquisa de medicamentos. O grupo combinado tem hoje 52 mil funcionários e esse número provavelmente será reduzido em 6 a 7 por cento.
A oferta da Takeda envolve 46 por cento do valor em dinheiro e o restante em ações, o que deixará os acionistas da Shire controlando cerca de metade do grupo combinado. A Shire tinha rejeitado quatro ofertas anteriores da Takeda.
A Shire foi criada em 1986, vendendo suplementos de cálcio para tratamento de osteoporose, em um escritório acima de uma loja em Hampshire, sul da Inglaterra. Desde então a empresa cresceu rapidamente por meio de aquisições, gerando no ano passado receita de 15,2 bilhões de dólares.
Mas a companhia tem passado por pressão nos últimos 12 meses por causa da competição maior de fabricantes de medicamentos genéricos e dívida gerada pela criticada aquisição da Baxalta em 2016 por 32 bilhões de dólares.