EXAME elege o Walmart a Empresa Sustentável do Ano
O GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE premiou 20 empresas-modelo em práticas sociais e ambientais durante festa em São Paulo
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.
A subsidiária brasileira da rede de supermercados Walmart foi escolhida a Empresa do Ano pelo GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE 2009. O Walmart se destacou pela contundência de suas ações de sustentabilidade e pela velocidade com que tem promovido uma mudança drástica em diversas áreas de atuação.
As 20 empresas-modelo premiadas no GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE | |
Empresa | Como se destacou |
Walmart | A subsidiária brasileira da rede de varejo se tornou um exemplo para a matriz ao perceber que o aquecimento global é uma ameaça à perpetuação do próprio negócio |
AES Tietê | Para resolver o problema gerado pela invasão de pescadores em uma de suas áreas, a AES optou por uma saída diplomática, que vai incluir os invasores nos programas sociais da companhia |
Alcoa | Inaugurou em setembro uma mina de bauxita no interior do Pará e aprendeu que a gestão sustentável do negócio depende do diálogo com a sociedade |
Amanco | Para facilitar a compra de material de construção por consumidores de baixa renda, a Amanco cria um programa em que o cliente, a loja e a indústria saem ganhando |
Anglo American | Para ampliar suas operações no país, a empresa assume compromissos de redução de emissões de gases de efeito estufa |
Bradesco | Com a ajuda do chamado banco postal, o banco acelera a concessão de empréstimos para a população da base da pirâmide |
Brasil Foods | À espera da aprovação do Cade, a empresa se prepara para aproveitar as melhores práticas de sustentabilidade da Perdigão e da Sadia |
Bunge Alimentos | Está convencendo seus milhares de fornecedores de grãos a preservar o meio ambiente e a respeitar os direitos trabalhistas dos empregados |
Coelce | A empresa investe em programas para reduzir a conta de luz de seus clientes de baixa renda e recebe reconhecimento internacional |
CPFL | A CPFL desenvolve um modelo de carro elétrico para reduzir as emissões de carbono e investe em alternativas para diversificar as fontes de energia |
EDP | A empresa faz uma reestruturação para aumentar sua eficiência operacional e estimular os funcionários a incorporar a sustentabilidade ao dia a dia dos negócios |
Fibria | Resultado da união entre a VCP e a Aracruz, a companhia busca a partir de agora aliar as melhores práticas de sustentabilidade das duas empresas |
Itaú Unibanco | Depois da fusão que criou o maior banco do país, a instituição trabalha para incorporar a sustentabilidade à cultura da instituição |
Masisa | Do uso de energia renovável à reciclagem de embalagens, a empresa busca novas tecnologias para provar que é possível produzir painéis de madeira de forma sustentável |
Natura | Para detectar falhas, buscar soluções e renovar suas ideias, a Natura investe no contato estreito e colaborativo com seus stakeholders |
Philips | Ao investir na produção nacional de equipamentos médicos, a empresa reduz os custos dos produtos em até 40% e promove a modernização de hospitais públicos |
Promon | Responsável por grandes projetos de infraestrutura em todo o país, a Promon leva programas educacionais para as comunidades afetadas pelas obras |
Serasa Experian | A empresa lança relatórios de análise de risco social e ambiental de empresas - as mais responsáveis devem conseguir melhores condições de crédito |
Suzano Papel e Celulose | Do desenvolvimento de novos produtos à venda de créditos de carbono, a Suzano traça uma estratégia de longo prazo para aproveitar a economia verde |
Tetra Pak | Ao atuar na reciclagem das embalagens que produz, a operação brasileira da Tetra Pak se torna referência para outras unidades do grupo |
O GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE foi a primeira publicação brasileira a tratar em profundidade o tema de responsabilidade social. A publicação chegou neste ano a sua décima edição em um momento emblemático. Em dezembro, representantes de 192 países - incluindo o Brasil, os Estados Unidos e a China - estarão reunidos em Copenhague para tentar definir as novas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa.
A relação entre o aquecimento global e as emissões começou a ficar clara com a divulgação de estudo do economista inglês Nicholas Stern, por encomenda do governo britânico. A análise do ex-economista-chefe do Banco Mundial, com mais de 700 páginas, demonstrava que o acúmulo de gás carbônico é a principal causa do aquecimento terrestre e traçava uma correlação direta entre as mudanças climáticas e a economia global.
O texto apontava também que, se as emissões de CO2 continuassem a crescer no ritmo das últimas décadas, o planeta correria sérios riscos de sofrer tragédias ambientais de proporções bíblicas: secas, inundações, furacões e epidemias. No pior cenário traçado por Stern, até 2050 as perdas econômicas do aquecimento global poderiam custar até 20% do PIB mundial - ou 10 trilhões de dólares, num cálculo que leva em consideração os dados de 2009.
Mas nem sempre a redução das emissões teve tanta força na pauta das empresas sustentáveis. Desde que a primeira edição do GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE foi publicada, em 2000 (ainda com o nome de GUIA EXAME DE BOA CIDADANIA CORPORATIVA), as companhias brasileiras atravessaram pelo menos três estágios.
Primeiro foi a era da filantropia, com ênfase em investimentos sociais, como doações e voluntariado. Logo a conversa passou a envolver a ética e a transparência no relacionamento com as partes interessadas - os chamados stakeholders, que incluem de acionistas a consumidores. Mais recentemente, questões ambientais, que sempre foram marginais, afinal passaram a ser cada vez mais conectadas à estratégia. Hoje, o que se vê por toda parte são executivos e empresários discutindo como transformar a sustentabilidade em oportunidade de negócios.
Metodologia
A escolha de todas as empresas destacadas no GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE segue a metodologia elaborada pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces) da Fundação Getulio Vargas de São Paulo. O GVces é responsável também pelo Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa, que reúne as empresas listadas na bolsa que se destacam por seu alinhamento estratégico com questões relacionadas à sustentabilidade. A pesquisa - da qual participaram 210 companhias de grande e médio porte de todo o país - considera as principais referências de indicadores de sustentabilidade empresarial no Brasil e no mundo.
A análise teve quatro etapas. Na primeira, as empresas participantes preencheram um questionário, dividido em quatro partes. A primeira aborda questões sobre compromissos, transparência, conduta e governança corporativa. As outras três tratam de aspectos econômico-financeiro, social e ambiental.
As respostas foram analisadas estatisticamente, de modo a selecionar as empresas que tiveram bom desempenho em todas as partes do questionário. Com base nessa análise, uma lista de 32 companhias foi submetida à decisão dos seis membros do conselho deliberativo do anuário, que selecionaram as 20 empresas-modelo desta edição. Finalmente, por meio de um julgamento editorial da redação de EXAME, foi apontada a companhia de maior destaque, a Empresa Sustentável do Ano.