Estudo mostra que é possível reduzir emissões sem prejudicar a economia
Modelo matemático desenvolvido no Japão mostra que é possível investir no meio ambiente sem que haja um impacto negativo no PIB
Gabriella Sandoval
Publicado em 16 de agosto de 2021 às 15h00.
Última atualização em 17 de agosto de 2021 às 17h53.
Quando o assunto é políticas sustentáveis, grande parte da sociedade e dos governantes parece ter receio de que sua implementação desacelere o crescimento econômico de alguma forma.
Agora, um novo estudo da Universidade de Ciências de Tóquio em parceria com o banco japonês Shoko Chukin demonstra que é possível aliar o crescimento constante do PIB com a despoluição. A pesquisa foi publicada no periódico científico Journal of Cleaner Production.
Os cientistas criaram um modelo matemático capaz de simular a relação entre o PIB de um país e as medidas tomadas para diminuir a poluição produzida por fábricas conforme mais ou menos investimentos sustentáveis são realizados. Como resultado, eles descobriram que o estabelecimento de práticas de despoluição é compatível com o crescimento estável do PIB, ainda que parte dele seja investido nos cuidados com o meio ambiente.
A cada década que se passa, as preocupações com a poluição crescem cada vez mais, na medida em que fábricas e indústrias continuam a produzir gases causadores do efeito estufa.
Bons exemplos
Com a intensificação do debate acerca do meio ambiente nos últimos anos, alguns governos começaram a discutir mais políticas públicas ligadas à natureza. Entre eles estão os Estados Unidos e a União Europeia, que planejam eliminar a produção de gases de efeito estufa em seus respectivos países até 2050. Em âmbito internacional, tratados como o Acordo de Paris trazem a meta final de implementar a emissão zero entre os países signatários -- ou seja, os processos industriais seriam limpos desde o início.
Modelo matemático
Surge, assim, a questão: é possível unir sucesso econômico com preservação ambiental? De acordo com os pesquisadores japoneses, sim. Para isso, contudo, é preciso que o PIB do país já seja razoavelmente alto, e a quantidade alocada para implementar a despoluição deve ser flexível. O modelo matemático mostrou ainda que, com o tempo, a quantidade de dinheiro aplicada na limpeza da contaminação deve diminuir.
Para Hideo Noda, autor principal do estudo, trata-se de uma descoberta muito significativa. “Esse tópico é extremamente relevante para qualquer movimento das políticas públicas em direção à sustentabilidade”, afirma. “Nosso modelo deve ajudar a convencer os líderes de alguns países de que é factível reduzir as emissões de gases sem prejudicar a economia.”
Dessa forma, a pesquisa pode ser o que faltava para impulsionar a criação de medidas sustentáveis urgentes, como o enfrentamento da mudança climática e a própria despoluição. Afinal, conforme aponta o estudo, não há nada a se perder quando se opta por investir no meio ambiente.