Unidade da Amazon em Nova Westminster, Canadá 30/04/2018 REUTERS/Ben Nelms (Ben Nelms/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de agosto de 2018 às 17h26.
Última atualização em 25 de agosto de 2018 às 17h43.
Diante da crescente concorrência do comércio online os varejistas têm sido mais rápidos ao promover reajustes de preços, de acordo com uma nova pesquisa apresentada no simpósio anual de Kansas City, neste sábado, em Jackson Hole.
Ao mesmo tempo, observa Alberto Cavallo, professor da Harvard Business School responsável pelo estudo, os varejistas têm se mostrado mais dispostos a manter o mesmo preço para diferentes regiões. Essa estratégia poderia tornar os preços do varejo mais sensíveis a choques de imposição de tarifas de importação ou aos preços do petróleo do que em período anteriores, conclui o estudo.
A imprensa tem se concentrado na força deflacionária do varejo online, o chamado "efeito Amazon", que tem levado a queda nos preços de bens de consumo. Cavallo seguiu um caminho diferente em sua pesquisa que examina o comportamento dos preços na "era Amazon". Afinal de contas, o efeito deflacionário do varejo online poderia eventualmente seguir seu curso porque a margem de lucro tem só diminuído, escreveu Cavallo.
Cavallo descobriu que a frequência de mudança de preços em multicanais de varejo - os que vendem online e em lojas físicas - tem crescido ao longo da última década.
A média de duração para uma mudança regular de preços, excluindo descontos temporários e liquidações, que estava em 6,7 meses entre 2008 e 2010, diminuiu para 3,7 meses entre 2014 a 2017. A maior frequência no reajuste de preços, além disso, é particularmente observada em setores onde os varejistas online estão concentrados, tais como eletrônicos e bens domésticos.
Cavallo também avaliou como as gigantes varejistas - Amazon, Walmart, Best Buy e Safeway - estabelecem seus preços em diferentes pontos de venda. No caso da Amazon, por sua origem exclusivamente de varejo online, os preços apresentam uma maior uniformidade.
O professor encontrou, porém, um segmento no qual os varejistas com predominância de operações físicas mantiveram preços semelhantes aos da Amazon. Negócios da área de Bebidas e Comida, descobriu Cavallo, são os que apresentam os preços mais geograficamente dispersos.
"A transparência da internet impôs uma limitação na capacidade dos varejistas com lojas físicas de estabelecer preços de acordo com a localização", afirma Cavallo no estudo.
A pesquisa sugere que os varejistas que são rápidos em ajustar preços e estão mais dispostos a cobrar o mesmo valor em todos os seus pontos de venda vão reagir mais rápido aos choques, tais como a imposição de tarifas de importação mais elevadas ou mudanças no preço do petróleo. "Os resultados também sugerem que os preços do varejo estão menos protegidos a esse tipo de choque do que no passado", disse Cavallo. Fonte: Dow Jones Newswires.