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Energia não é abacaxi

Luiz Pinguelli Rosa, um dos pais do novo modelo energético e presidente da Eletrobrás, admite que o governo precisa do dinheiro da iniciativa privada, mas diz que o mercado precisa se subordinar a outros interesses

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

Como o senhor vê as críticas à proposta?

Como diz o ditado, quem não chora não mama. O que ouvimos nos debates com a iniciativa privada é muita choradeira. Não vou dizer que não seja legítima: em uma economia competitiva, os setores buscam vantagens. Fala-se muito do corporativismo estatal, mas existe também o cartorialismo privado. Muitos dos contratos, que não podem ser tocados, hoje são cartoriais. São presentes do Papai Noel do Estado neoliberal ao investidor privado que se colocava como uma prima-dona e não como um lutador.

É mesmo preciso mudar o modelo? Não bastava ajustar o vigente?

Não existe modelo hoje. Não quero colocar a culpa no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, meu colega de vida acadêmica a quem devo respeito, mas hoje temos uma esculhambação. Sou obrigado a recapitular: na privatização das telecomunicações, ao menos o governo sentou, pensou e fez. Na energia elétrica, não se pensou. A Escelsa (distribuidora do Espírito Santo, vendida em 1995) foi privatizada antes da criação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Por que a proposta do novo modelo suprime o mercado? O novo modelo não suprime o mercado: subordina. Há certas palavras que nos dominam. Mercado é uma delas. Mas o mercado existe para nós, e a energia elétrica não é um produto. Não é como um abacaxi -- que você troca por pêra quando o preço sobe ou quando você não encontra para comprar. Energia é um serviço, e sua falta é dramática. Basta lembrar as cenas patéticas do blecaute em Nova York.

O governo tem dinheiro para investir sozinho na expansão do setor?

O Estado teria mais dinheiro para investir se a economia não estivesse tão deprimida. Acredito numa reação na economia no próximo ano e espero que a Eletrobrás possa investir 5 bilhões ou 7 bilhões de reais. Mas não acho que o governo tenha condições de investir sozinho. Precisamos da iniciativa privada.

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Como o senhor vê as críticas à proposta?

Como diz o ditado, quem não chora não mama. O que ouvimos nos debates com a iniciativa privada é muita choradeira. Não vou dizer que não seja legítima: em uma economia competitiva, os setores buscam vantagens. Fala-se muito do corporativismo estatal, mas existe também o cartorialismo privado. Muitos dos contratos, que não podem ser tocados, hoje são cartoriais. São presentes do Papai Noel do Estado neoliberal ao investidor privado que se colocava como uma prima-dona e não como um lutador.

É mesmo preciso mudar o modelo? Não bastava ajustar o vigente?

Não existe modelo hoje. Não quero colocar a culpa no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, meu colega de vida acadêmica a quem devo respeito, mas hoje temos uma esculhambação. Sou obrigado a recapitular: na privatização das telecomunicações, ao menos o governo sentou, pensou e fez. Na energia elétrica, não se pensou. A Escelsa (distribuidora do Espírito Santo, vendida em 1995) foi privatizada antes da criação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Por que a proposta do novo modelo suprime o mercado? O novo modelo não suprime o mercado: subordina. Há certas palavras que nos dominam. Mercado é uma delas. Mas o mercado existe para nós, e a energia elétrica não é um produto. Não é como um abacaxi -- que você troca por pêra quando o preço sobe ou quando você não encontra para comprar. Energia é um serviço, e sua falta é dramática. Basta lembrar as cenas patéticas do blecaute em Nova York.

O governo tem dinheiro para investir sozinho na expansão do setor?

O Estado teria mais dinheiro para investir se a economia não estivesse tão deprimida. Acredito numa reação na economia no próximo ano e espero que a Eletrobrás possa investir 5 bilhões ou 7 bilhões de reais. Mas não acho que o governo tenha condições de investir sozinho. Precisamos da iniciativa privada.

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