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Empresas estão mal preparadas para combater fraudes em filiais

Companhias que operam em vários países enfrentam obstáculos como diferenças de legislação, afirma estudo da KPMG

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2010 às 19h33.

Com a expansão das operações em outros países, as companhias enfrentam cada vez mais o desafio de conter as fraudes internacionais - aquelas cometidas por funcionários e fornecedores das subsidiárias. Mas, apesar da preocupação com o assunto, a maior parte das empresas não está preparada para evitar ou investigar uma fraude, segundo uma pesquisa da consultoria KPMG divulgada nesta quarta-feira (23/5).

O estudo ouviu 100 executivos do alto escalão de multinacionais de 21 países, incluindo o Brasil. Do total, 92% afirmaram que o número de fraudes envolvendo subsidiárias não deve recuar no próximo ano. Apesar da preocupação, 56% admitiram que sua empresa não conta com processos adequados de investigação de irregularidades em operações em outros mercados.

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Segundo Márcia Klinke, diretora da área de investigação da KPMG, a diferença entre as expectativas e a existência de mecanismos de controle ocorre porque as empresas priorizam outras áreas em seus orçamentos, como a de vendas. Um reflexo da situação é a falta de treinamento para o pessoal dedicado ao controle de fraudes. Apenas 48% dos participantes da pesquisa informaram que a equipe de investigação de fraudes recebeu treinamento nos últimos seis meses. Outros 27% declararam que não houve treinamento no último ano.

O despreparo para inibir ou investigar más condutas em suas filiais não é o mesmo em todos os segmentos econômicos. Os bancos, de uma forma geral, estão melhor preparados para lidar com essas ocorrências, pois, além de seus próprios controles, são pressionados por uma legislação mais severa. Um exemplo é a necessidade de se adequarem à segunda versão do Acordo de Basiléia. Entre as exigências do documento, está a de que as instituições deverão estabelecer um critério para medir o risco de fraudes internas e externas. "Na indústria, a conscientização sobre o problema das fraudes é mais gradual", afirma Márcia.

Investigação

As multinacionais também enfrentam uma série de obstáculos quando precisam investigar irregularidades em suas subsidiárias. A principal delas, segundo 45% dos entrevistados, são as diferenças de legislação entre o país-sede da companhia e o lugar onde a filial está implantada. De acordo com Márcia, mesmo que a empresa adote os mesmos controles internos em todas as suas unidades, os fraudadores podem se valer das leis sobre privacidade e sigilo de dados dos países onde atuam. Em algumas nações, por exemplo, empresas do mesmo grupo são proibidas por lei de trocar determinadas informações, o que facilita a ocorrência de fraudes e dificulta o trabalho de quem as investiga.

A falta de dados ou de acesso a informações eletrônicas é citada por 32% dos entrevistados como um outro obstáculo importante para a apuração de eventuais crimes. Diferenças culturais (26%), e de idioma (24%), e a falta de recursos para investigação interna (24%) também foram destacadas pelas multinacionais.

A pesquisa da KPMG não segregou os dados referentes ao Brasil, mas Márcia afirma que o ambiente corporativo está mudando - ainda que à reboque de legislações do exterior. Um exemplo é o impacto da Sarbanes-Oxley (SoX) sobre as companhias listadas em bolsas americanas. Entre suas determinações, está a de proteção a funcionários que denunciem qualquer irregularidade à direção da companhia. "No Brasil, essa discussão começou por causa da SoX ainda está engatinhando", diz Márcia.

As fraudes representam um problema bilionário para as empresas. Somente nos Estados Unidos, a ACFE - associação que reúne os auditores que se dedicam a investigar esses golpes - estima que as empresas perdem 5% de sua receita com fraudes. Em 2006, o percentual correspondeu a 652 bilhões de dólares.

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