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Empresas chinesas no Brasil fazem doações contra coronavírus

Ao menos duas gigantes do setor de energia, a fabricante BYD e a geradora China Three Gorges (CTG), enviaram pacotes de doações ao país

Máscaras: empresas enviaram produtos médicos para auxiliar equipes chinesas (Stringer/Anadolu Agency/Getty Images)

Máscaras: empresas enviaram produtos médicos para auxiliar equipes chinesas (Stringer/Anadolu Agency/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 17 de fevereiro de 2020 às 17h55.

Última atualização em 17 de fevereiro de 2020 às 17h56.

São Paulo — Empresas chinesas de energia, que acumularam investimentos bilionários no Brasil e trouxeram recursos e equipamentos ao país nos últimos anos, inverteram o fluxo mais recentemente, à medida que uma epidemia de um novo coronavírus atinge a China.

Ao menos duas gigantes do setor — a fabricante de módulos de energia solar e baterias BYD e a geradora China Three Gorges (CTG) — enviaram pacotes de doações de acessórios médicos ao país oriental para ajudar no combate ao vírus.

A BYD, que possui uma fábrica em Campinas (SP), acabou com os estoques locais de máscaras e ainda deverá fazer novos envios de produtos para apoiar os chineses, disse à Reuters o gerente de Marketing e Sustentabilidade da companhia no Brasil, Adalberto Maluf.

"50 mil máscaras e 21 mil macacões foram enviados na semana passada. Outros lotes devem sair nas próximas semanas", afirmou.

A CTG Brasil, que em poucos anos no país tornou-se vice-líder em ativos de geração, se desconsideradas empresas da estatal Eletrobras, também mandou peças de proteção a seu país-sede.

"Recentemente, enviamos para a China uma doação de 35 mil macacões de proteção química e biológica", disse a empresa em nota à Reuters.

Os envios acontecem em meio a temores de que a enorme demanda no país de quase 1,4 bilhão de habitantes leve à falta de peças de proteção como as máscaras e macacões.

A China divulgou nesta segunda-feira, por meio da agência estatal de notícias Xinhua, que uma nova fábrica de máscaras de proteção será construída em apenas seis dias para atender à crescente demanda em meio ao surto do vírus.

Após a intensificação do surto, a China prolongou o feriado de Ano Novo Lunar, mas agora muitas empresas começam a retomar atividades no país, o que eleva a busca pelas máscaras e outras formas de proteção.

Viagens

Por outro lado, a disseminação do coronavírus também tem impactado as empresas de energia chinesas no Brasil em suas viagens corporativas, uma vez que muitos executivos costumam fazer visitas frequentes às matrizes.

A CTG disse que não há impacto direto sobre seus negócios no Brasil devido ao vírus, mas ressaltou que ainda assim tem seguido todas orientações preventivas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e autoridades brasileiras.

"Todas as viagens não emergenciais foram suspensas e, principalmente por conta do período de férias, qualquer colaborador que esteja retornando de uma viagem internacional está passando por avaliação médica", afirmou.

A State Grid, maior elétrica do mundo em número de funcionários e já uma das líderes do mercado brasileiro, onde controla a CPFL Energia, também disse que tomou iniciativas preventivas.

"A State Grid Brazil Holding adotou medidas seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Saúde", afirmou a companhia em nota, sem detalhar.

Empresas chinesas acumularam investimentos de 80,5 bilhões de dólares no Brasil entre 2003 e meados de 2019, o que representou cerca de 31% dos aportes confirmados de empresas estrangeiras no período, segundo boletim da Secretaria-Executiva da Câmara de Comércio Exterior, vinculada ao Ministério da Economia.

Os negócios no setor de eletricidade representaram sozinhos 45% desse total, ainda segundo a publicação.

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