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Ele morou na rua junto com um cão. Hoje, faz R$ 5 milhões com pets cujos pais voltaram ao presencial

Empresa está criando uma holding com cinco operações independentes que devem ganhar escala em 2024

Cleber Santos e Dan Batista, da Comport Pet: “Minha vida foi mudada por causa de um cachorro”, diz Santos (Grupo Comport/Divulgação)
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 8 de dezembro de 2023 às 07h00.

Última atualização em 8 de dezembro de 2023 às 10h44.

O empresário Cleber Santos tinha 14 anos quando fugiu de casa e foi morar na rua, na região da Praça da Sé, no centro de São Paulo. Nascido na Bahia, ele se mudou com a mãe para a capital paulista durante a adolescência, mas com problemas em casa, decidiu que as ruas da cidade mais populosa do país seriam seu novo lar.

Foi lá que ele encontrou Grafit, um vira-lata que se tornou seu maior companheiro. O cuidado com o animal chamou a atenção de um dono de pet shop da região, que ofereceu a Cleber um emprego como ajudante. Lá recebia 20 reais por semana e um abrigo para ele e para o cãozinho.

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Dos 20 reais por semana em 2006, Santos vai faturar agora 5 milhões de reais com o setor pet em 2023. Ele e sua sócia e esposa, Dan Batista, são donos da Comport Pet, empresa de creche, hotelaria e demais serviços para animais de estimação que anuncia, agora, a criação de uma holding chamada Grupo Comport com cinco empresas diferentes:

Com a consolidação do grupo, a meta é faturar 8 milhões de reais no ano que vem, abrindo já pelo menos 12 unidades da franquia.

No radar dos empresários, um movimento que tem ganhado força com a volta dos profissionais aos escritórios depois da onda de home office com a pandemia: o da ansiedade da separação que vários cachorros que foram adotados durante a pandemia estão tendo.

“Teve muita adoção de cão e gato durante a pandemia, e quando os tutores precisaram voltar a trabalhar presencialmente, a ansiedade da separação cresceu muito”, diz Dan Batista. “Isso acaba tendo muitos impactos. O cachorrinho pode destruir cômodos e até se automutilar. Como consequência econômica, aumentou muito a procura e a demanda por creches para animais e por empresas que cuidam dos pets”.

Um levantamento da União Internacional Protetora dos Animais (UIPA) mostra que o número de adoções de cachorros subiu 400% durante a pandemia. Hoje, estima-se que há 167,6 milhões de pets no Brasil, sendo 67,8 milhões de cães e 33,6 milhões de gatos.

Prato cheio para desenvolver o setor, do ponto de vista econômico. No ano passado, segundo o Instituto Pet Brasil (IPB), o faturamento da área chegou a 60,2 bilhões, aumento de 16,4% em relação ao ano anterior. A projeção para 2023 é de que esses negócios cresçam mais 12%, chegando a 67,4 bilhões de reais.

Desse universo inteiro, a Comport quer agora só uma mordidinha - de R$ 8 milhões.

Qual foi a jornada de Santos para criar a Comport

Dois anos depois de começar a trabalhar na pet shop ganhando 20 reais por banho dado, Santos se alistou nas Forças Armadas e lá, se especializou em adestramento de animais, especialmente cachorros. Ele usou a paixão e o conhecimento que tinha com os pets para se aproximar do canil do Exército, até ser convidado a trabalhar no setor.

Em 2010, abriu a Comport Cão, para prestar serviço de adestramento de cachorros. Trabalhou com isso por quatro anos, até conhecer Dan Batista, sua esposa e atual sócia. Ela trabalhava como paisagista e decoradora, mas também gostava de animais de estimação e foi estudar o mercado.

Juntos, eles transformaram o negócio na Comport Pet, que passou a oferecer mais serviços, como dog walker (para caminhar com os cachorros) e hotelaria para os animais.

“Quando começamos, atendíamos seis cães”, diz Santos. “Depois, fomos estudar comportamento animal, aperfeiçoamos nossa gestão e começamos a aumentar o número de cães. Fomos de seis para 15 cães, depois 30. Até que em 2016 abrimos nosso ponto físico, que cabia 100 cães por dia e começamos aumentar os serviços”.

Foi nessa época que colocaram no portfólio de produtos banho e tosa, veterinária e tratamento para os bichinhos. “Entendemos que o cliente buscava a comodidade de ter todos os serviços em um só lugar, e apostamos nisso”.

Depois, com a repercussão, passaram também a oferecer cursos e palestras profissionalizantes para profissionais e empreendedores do setor. Assim nasceu a Comport Ensino, segunda das cinco empresas que o Grupo Comport tem hoje.

Quais os planos futuros da Comport

A meta da empresa é bater 8 milhões de reais em faturamento no próximo ano. Para atingir essas receitas, já começaram a se movimentar.

Há cerca de 20 dias, inauguraram uma nova loja física que dobra a capacidade de atendimento dos animais. Dos 100 diários que tinham até então, passam a atender 200 bichinhos todos os dias. O investimento aproximado foi de 2 milhões de reais. O espaço vai ter até uma sala de cinema para cães e gatos e musicoterapia.

Além disso, uma das principais apostas é o crescimento pelo modelo de franquia. A empresa já está com duas lojas vendidas, uma em São Paulo e outra em Manaus, e quatro em negociação. A meta é ter 12 lojas contratadas até o final de 2024.

“Minha vida foi mudada por causa de um cachorro”, diz Santos. “Então os franqueados, donos de pet e com quem eu falo, costumo dizer: você precisa amar animais. Quem entra no setor pet por dinheiro, quebra. Precisa ter paixão, cuidar o máximo possível do cachorro. Queremos essas pessoas como nossos franqueados”.

“Hoje, um dos nossos diferenciais é que toda equipe entende de comportamento animal. Todos entendem, porque senão, não conseguem trabalhar conosco”, complementa Batista.

Para o primeiro semestre do ano que vem, também vão lançar o braço de tecnologia, fornecendo softwares de gestão de pet shops para empresas. Será a Comport Tech.

“Hoje, uma pet shop chega a utilizar três sistemas diferentes de gestão”, diz. “Vimos essa dor no mercado e decidimos investir na parte de tecnologia. Ter o próprio sistema focado na área pet, onde vão conseguir gerir o negócio de forma mais clara, e usar apenas um sistema”.

Quais são os números da Comport

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