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Eike já deveria ter produzido 16 milhões de barris de óleo

Queda na produção média da OGX e atrasos não ajudam o empresário a cumprir o cronograma apresentado no IPO da companhia

Eike Batista, fundador da OGX: empresa está longe do cenário imaginado há cinco anos (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de abril de 2013 às 14h21.

São Paulo – No mundo imaginado pelo empresário Eike Batista , em 2008, a OGX , sua principal empresa, encerraria 2012 com uma produção total de 16 milhões de barris de petróleo . As operações teriam começado em 2011, com 2 milhões de barris, e 2012 veria um salto para 14 milhões – tudo isso, em um único campo, na Bacia de Campos.

Este é o cronograma original das operações da OGX, apresentado no prospecto definitivo de sua abertura de capital, em 2008. O calhamaço de 568 páginas refere-se duas vezes a essas datas – nas páginas 19 e 150.

No documento, a empresa afirma que baseou o cronograma no estudo de viabilidade elaborado pela DeGolyer & MacNaughton, uma das maiores consultorias especializadas em petróleo do mundo.

No papel

Relembrar os compromissos assumidos pela OGX em seu IPO não é um exercício de sadismo. Trata-se de entender a distância entre as expectativas geradas pela própria companhia e o que efetivamente entregou – e essa distância é o que motiva o mau humor dos investidores, que castigam sem trégua as ações da petroleira na bolsa.

Para chegar a uma produção de 14 milhões de barris no ano passado, segundo a estimativa do prospecto, a companhia deveria ter extraído uma média de 38.251 barris por dia, considerando que 2012 foi um ano bissexto.

Em vez disso, a OGX encerrou o ano com uma produção média de 9,8 mil barris diários, segundo a apresentação que acompanhou a teleconferência de resultados. A produção total ficou em 3,2 milhões de barris, sustentada pelo Campo de Tubarão Azul. Desse volume, apenas 2,4 milhões de barris foram vendidos.

A produção total é apenas 22% da necessária para cumprir o cronograma original de 14 milhões de barris – ou, em outras palavras, a OGX está 78% menor do que previu em seu IPO. Não é por acaso que a as ações da empresa acumulam uma perda de 90% nos últimos 12 meses.

Problemas reais

O problema, agora, é que o desempenho efetivo da OGX também não ajuda a recuperar o otimismo dos investidores. Na noite desta terça-feira, a petroleira informou que a produção média diária caiu 10,1% em março, em relação a fevereiro, ficando em 15,1 mil barris de óleo equivalente.


A empresa atribuiu o recuo a problemas operacionais nos três poços de Tubarão Azul conectados à sua primeira plataforma, a OSX 1. Um deles sofreu problemas na bomba centrífuga submarina e ficou fechado por 15 dias. Outro sofreu com a geração de energia e ficou parado por 11 dias. O outro também foi afetado pelo fornecimento de energia e teve a produção suspensa por dois dias.

Pressa e pressão

Até agora, os analistas se preocuparam em ajustar o valor da empresa à sua produção efetiva, bem distante dos compromissos assumidos no IPO – daí, a queda dos papéis. Agora, uma outra luz amarela acendeu no seu painel: o desempenho operacional pode estar comprometido pela pressa em entregar resultados.

“A OGX sempre se orgulhou da velocidade com que conseguiu colocar Tubarão Azul em produção. Especialistas do setor, entretanto, argumentaram que a companhia pode estar deixando de realizar passos importantes, definindo o sistema de produção e equipamentos sem contar com dados suficientes sobre os reservatórios”, escrevem os analistas Paula Kovarsky e Diego Mendes, em relatório do Itaú BBA. “Parece que estes especialistas podem ter tido pelo menos um determinado grau de razão”, prosseguem.

Se a preocupação dos analistas se confirmar, ficará cada vez mais difícil para a OGX recuperar o tempo perdido e equiparar o seu desempenho real àquele prometido no prospecto do IPO. Só lembrando que, pelo cronograma original, 2013 deveria encerrar com uma produção de 18 milhões de barris – ou 49.315 barris por dia, em média. E, no mercado de capitais, mais do que em qualquer lugar, promessa é dívida.

Produção anual estimada de petróleo
Em milhões de barris de petróleo
Projeto% OGXInício estimado20112012201320142015
Campos - Projeto I1002011214182737
Fonte: Prospecto Definitivo da OGX - páginas 19 e 150

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Este é o cronograma original das operações da OGX, apresentado no prospecto definitivo de sua abertura de capital, em 2008. O calhamaço de 568 páginas refere-se duas vezes a essas datas – nas páginas 19 e 150.

No documento, a empresa afirma que baseou o cronograma no estudo de viabilidade elaborado pela DeGolyer & MacNaughton, uma das maiores consultorias especializadas em petróleo do mundo.

No papel

Relembrar os compromissos assumidos pela OGX em seu IPO não é um exercício de sadismo. Trata-se de entender a distância entre as expectativas geradas pela própria companhia e o que efetivamente entregou – e essa distância é o que motiva o mau humor dos investidores, que castigam sem trégua as ações da petroleira na bolsa.

Para chegar a uma produção de 14 milhões de barris no ano passado, segundo a estimativa do prospecto, a companhia deveria ter extraído uma média de 38.251 barris por dia, considerando que 2012 foi um ano bissexto.

Em vez disso, a OGX encerrou o ano com uma produção média de 9,8 mil barris diários, segundo a apresentação que acompanhou a teleconferência de resultados. A produção total ficou em 3,2 milhões de barris, sustentada pelo Campo de Tubarão Azul. Desse volume, apenas 2,4 milhões de barris foram vendidos.

A produção total é apenas 22% da necessária para cumprir o cronograma original de 14 milhões de barris – ou, em outras palavras, a OGX está 78% menor do que previu em seu IPO. Não é por acaso que a as ações da empresa acumulam uma perda de 90% nos últimos 12 meses.

Problemas reais

O problema, agora, é que o desempenho efetivo da OGX também não ajuda a recuperar o otimismo dos investidores. Na noite desta terça-feira, a petroleira informou que a produção média diária caiu 10,1% em março, em relação a fevereiro, ficando em 15,1 mil barris de óleo equivalente.


A empresa atribuiu o recuo a problemas operacionais nos três poços de Tubarão Azul conectados à sua primeira plataforma, a OSX 1. Um deles sofreu problemas na bomba centrífuga submarina e ficou fechado por 15 dias. Outro sofreu com a geração de energia e ficou parado por 11 dias. O outro também foi afetado pelo fornecimento de energia e teve a produção suspensa por dois dias.

Pressa e pressão

Até agora, os analistas se preocuparam em ajustar o valor da empresa à sua produção efetiva, bem distante dos compromissos assumidos no IPO – daí, a queda dos papéis. Agora, uma outra luz amarela acendeu no seu painel: o desempenho operacional pode estar comprometido pela pressa em entregar resultados.

“A OGX sempre se orgulhou da velocidade com que conseguiu colocar Tubarão Azul em produção. Especialistas do setor, entretanto, argumentaram que a companhia pode estar deixando de realizar passos importantes, definindo o sistema de produção e equipamentos sem contar com dados suficientes sobre os reservatórios”, escrevem os analistas Paula Kovarsky e Diego Mendes, em relatório do Itaú BBA. “Parece que estes especialistas podem ter tido pelo menos um determinado grau de razão”, prosseguem.

Se a preocupação dos analistas se confirmar, ficará cada vez mais difícil para a OGX recuperar o tempo perdido e equiparar o seu desempenho real àquele prometido no prospecto do IPO. Só lembrando que, pelo cronograma original, 2013 deveria encerrar com uma produção de 18 milhões de barris – ou 49.315 barris por dia, em média. E, no mercado de capitais, mais do que em qualquer lugar, promessa é dívida.

Produção anual estimada de petróleo
Em milhões de barris de petróleo
Projeto% OGXInício estimado20112012201320142015
Campos - Projeto I1002011214182737
Fonte: Prospecto Definitivo da OGX - páginas 19 e 150
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