Melhores e Maiores: premiação de EXAME acontece nesta segunda-feira (Flavio Santana/Exame)
Karin Salomão
Publicado em 26 de agosto de 2019 às 22h25.
Última atualização em 26 de agosto de 2019 às 23h22.
Para continuar crescendo durante os anos de crise econômica, as empresas premiadas em Melhores e Maiores precisaram se desdobrar para manter o investimento, através de um rígido controle de custos. Também apostaram em inovação para se diferenciar da concorrência. A premiação de EXAME ocorre na noite desta segunda-feira, 26, em São Paulo.
O ano de 2018, tal qual está sendo o de 2019, começou com a perspectiva de crescimento de quase 3% no PIB, para no fim das contas fechar com um avanço de 1,1% e uma taxa de desemprego de quase 12%. Ainda assim, as 500 maiores empresas do país conseguiram iniciar um processo de recuperação das receitas e, principalmente, dos lucros.
Juntas, as 500 maiores empresas do Brasil faturaram 810 bilhões de dólares no ano passado, quase 9% a mais que em 2017. O lucro, de 63 bilhões de dólares, foi 123% maior que o do ano anterior.
Investimento foram essenciais para que as empresas premiadas mantivessem o crescimento, um desafio durante a crise econômica.
A Suzano Fibria, companhia de papel e celulose que anunciou a conclusão de sua fusão em janeiro deste ano, realiza investimentos de 5,9 bilhões de reais por ano. “Nós temos uma empresa competitiva no setor e, juntas, Suzano e Fibria ficaram mais fortes”, diz Walter Schalka, presidente.
A Salobo, empresa especializada em mineração de cobre da Vale, está otimista com o desenvolvimento do Brasil e do mundo e, principalmente, no setor de cobre e níquel. Por isso, a companhia iniciou este ano seu maior projeto, a usina Salobo 3, com investimento de 1,5 bilhão de dólares.
A Cedae, Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro, prevê investir cerca de 3,5 bilhões de reais até 2022 para universalizar o acesso e tratamento de água na região da baixada fluminense. “O crescimento só será possível com redução dos custos e melhoria da eficiência”, afirma o presidente Hélio Cabral Moreira. Para ele, os anos de crise foram benéficos para a empresa, já que a obrigaram a melhorar a gestão financeira.
O ano foi repleto de lançamentos de novos produtos para a farmacêutica Aché. Em 2018, a companhia lançou 17 novos medicamentos e o plano para este ano é divulgar cerca de 36 inovações. Cerca de 10% da geração de caixa da companhia é investido em inovação. A empresa irá investir em uma nova fábrica no Pernambuco e abriu um novo centro de distribuição em São Paulo. “Investimos para suprir as necessidades e para trazer os medicamentos o mais rápido possível para quem precisa”, diz a presidente Vânia Nogueira de Alcântara Machado.
Os novos produtos também impulsionaram os resultados do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), companhia estatal de tecnologia da informação. A empresa, que detém dados como Imposto de Renda, CPF, de importação e exportação, entre outros, lançou uma nova modalidade de reconhecimento facial, que já está sendo usada por empresas como os aplicativos de transporte Uber e 99, e uma carteira digital. “Nosso foco é ser o centro do governo digital, pois a inovação é essencial para o estado ficar mais leve”, afirma Caio Paes de Andrade, presidente.
Para manter os investimentos durante os anos de crise econômica, as empresas precisaram revisar seus controles de custos.
Esse processo foi essencial para a Jacto, fabricante de máquinas agrícolas. “Já sabíamos que o ano de 2018 seria desafiador, com as eleições e Copa do Mundo, e tivemos ainda a greve dos caminhoneiros”, conta Ricardo Seiji Nishimura, presidente do conselho de administração da Jacto. “Por isso, nos preparamos para ter flexibilidade para reagir e cortar custos onde era necessário”, afirma.
No caso do grupo Gazin, de varejo e indústria de móveis, os investimentos foram planejados mesmo antes da crise econômica e possíveis graças a um controle rígido das despesas. “Não deixamos de crescer e preferimos olhar as oportunidades ao invés das dificuldades”, afirmou o presidente. “As empresas prontas para investir irão sair na frente com a retomada da economia”, diz o presidente Osmar Della Valentina.
A estrutura enxuta permitiu a sobrevivência da Berneck, indústria de materiais de construção. "Estamos há 67 anos no mercado, na terceira geração da família. Nosso resultado é fruto de uma estrutura enxuta, pois temos uma equipe que zela pelo negócio", afirmou Graça Berneck Gnoatto, diretora comercial e de marketing.
A procura por custos menores fez parte também da gestão dos clientes das empresas premiadas. A Focus, companhia do setor elétrico, garante um custo até 25% menor a seus clientes com a venda de energia livre, o que em um momento de crise pode fazer a diferença no balanço. “Tivemos foco em resultado, e isso levou a termos um faturamento de quase o dobro do ano anterior e aumento de 30% na carteira de clientes”, diz Alan Zelazo, sócio-diretor da Focus.
Os executivos destacaram a importância de uma boa equipe para manter o crescimento. Segundo Heráclito Brito, presidente da Rede D'Or, esse é o principal desafio do grupo hospitalar. Segundo ele, para conseguir expandir dos atuais 7 mil leitos para o plano de 11 mil, o desenvolvimento de profissionais é essencial. "Temos o Instituto Dor de Ensino e Pesquisa e temos o projeto de criar uma faculdade medicina", diz.
A formação de pessoas foi uma das estratégias da Calçados Beira Rio para manter o crescimento. “Temos um programa de formação de líderes para garantir qualidade dos produtos e do atendimento a clientes”, diz o presidente Roberto Argenta.
Além da equipe, para a BR Distribuidora, companhia de distribuição de combustíveis, sua força está na extensão de sua rede e de postos. Segundo Flávio Dantas, diretor de postos de combustíveis e varejo, a capacidade da companhia de chegar a diversos municípios brasileiros a coloca em vantagem contra concorrentes. A companhia passou por um processo de privatização da Petrobras.
Sem perspectivas para a retomada do crescimento econômico no curto prazo, os desafios devem se manter. No entanto, as empresas que mantiveram investimentos em inovação e cortaram custos saem da crise mais fortes e eficientes.