Dólar cai mais de 1,5% e vai a R$ 5,02 com força das commodities
Real registrou o segundo melhor desempenho contra o dólar entre as principais moedas globais
Reuters
Publicado em 3 de março de 2022 às 17h47.
Última atualização em 3 de março de 2022 às 18h08.
O dólar comercial fechou em firme queda contra o real nesta quinta-feira, 3, voltando a se aproximar da linha técnica e psicológica dos 5,00 reais. A moeda brasileira, por mais um dia, se beneficiou da demanda por ativos correlacionados a commodities, movimento que beneficiou divisas de perfil semelhante e por ora blindava o mercado de ações na B3.
O dólar à vista fechou em baixa de 1,55%, a 5,0268 reais, perto da mínima do dia, de 5,0203 reais (-1,74%). Na máxima, a cotação registrou leve alta de 0,14%, a 5,1164 reais.
A moeda norte-americana, assim, apagou muito dos ganhos contabilizados no fim da semana passada, quando a guerra na Ucrânia foi iniciada. O dólar devolveu 2,51% dos 3,06% que havia ganhado na quinta e sexta-feira. Na quarta passada, fechou a 5,0033 reais, depois de operar na casa de 4,99 reais em determinado momento na sessão daquele dia.
"A taxa entre 4,95 reais e 4,89 reais é uma zona de suporte crucial. Defendê-la pode resultar em uma recuperação para 5,28 reais e talvez até para 5,38 reais", afirmaram Kenneth Broux e Tanmay G Purohit, do Société Générale.
O real teve neste pregão o segundo melhor desempenho entre as principais moedas globais, perdendo apenas para o vizinho peso colombiano, que no fim da tarde ganhava 2% ante o dólar.
O dólar acelerou a queda após as 14h30 (de Brasília), depois de dados do Banco Central revelarem que o Brasil recebeu em fevereiro a maior quantia de moeda estrangeira pelo câmbio contratado em três anos, mais de 6 bilhões de dólares.
E a balança comercial brasileira registrou superávit de 4,050 bilhões de dólares no mês passado, melhor resultado para o mês em cinco anos, informou o Ministério da Economia nesta quinta-feira, em dado que veio acima das projeções do mercado.
"A balança deve vir ainda mais forte nos próximos meses, com a exportação sazonal da soja e a elevação dos preços das commodities, incluindo o petróleo", disse Rafaela Vitoria, economista-chefe do Banco Inter.
O câmbio segue amparado pela combinação entre matérias-primas em alta (o que por tabela eleva os termos de troca, favorecendo mais fluxo para o Brasil), maior demanda por ativos "de valor" (ou seja, com potencial de alta por estarem depreciados) e pelos juros mais altos, que deixam o país mais atrativo especialmente num momento em que investidores ficam com menos opções diante do isolamento da Rússia do sistema financeiro global.
Isso tem feito o real descolar do movimento do dólar contra divisas mais fortes. Em uma medida disso, a correlação entre a taxa de câmbio dólar/real e o índice DXY (dólar ante cesta de seis moedas de países ricos) para 90 dias caiu a -0,2, nas mínimas desde novembro de 2020.
Quanto mais baixo esse número, mais opostas são as direções tomadas pelo dólar no Brasil e pelo dólar frente a seus rivais do mundo desenvolvido. O índice do dólar saltava 0,4% nesta sessão, para picos desde meados de 2020.
* Com a redação